Reencontros - Castiel Amor doce +18

Lágrimas sobre os pés

Castiel

Seus olhos sobre os meus eram curiosos e frágeis, nada que ela pudesse me dizer descreveria melhor seu descontentamento quanto o cenho amargo que me fitava naquele momento.

Dake havia me feito uma proposta tão atraente e conveniente às circunstâncias, que quase cometi o erro de aceitá-la. A multa da nossa possível quebra de contrato seria diminuída em até 30% do valor, se eu aceitasse tocar na cafeteria de Kate para que ele pudesse se redimir pelos seus inúmeros erros, como se isso de alguma forma fizesse dele um marido melhor, mas e eu seria o cúmplice de sua redenção fajuta e manipuladora.

Mas mesmo depois de tudo, eu não aceitei a proposta, apenas concordei em participar do plano para ajudar Kate com a cafeteria. E por quê? Por que não consigo dizer não? Por que sou fraco? Por que estou arrumando pretextos para me manter perto dela a todo custo? Não. Porque tenho compaixão por tudo que seja relacionado a ela, quero ajudá-la independentemente de qualquer situação que tenha nos afastado, porque sei que se eu não o fizesse, de qualquer forma me sentiria culpado

Ainda assim, enquanto entrava pela porta de vidro da sua cafeteria, e nossos olhares se encontraram, seus lábios cediam para baixo e suas sobrancelhas se juntaram em um franzido indiscreto, completamente insatisfeita e raivosa ao me ver entrar por aquela porta. Engoli em seco enquanto Kate se aproximava, jogando pelos cantos tudo que carregava consigo: o avental, a touca de renda em sua cabeça e até mesmo o bloco de notas que ela levava em suas mãos. Dake me lançou um olhar temeroso, e eu retribuí da mesma forma.

Kate se aproximou e nos empurrou para fora da cafeteria sem cerimônias. Resmungamos em uníssono, mas ela parecia não se importar em nos constranger.

— O que está acontecendo? Por que ele está aqui? — Furiosa, ela pergunta apontando para minha direção. Penso em respondê-la a altura, mas sou interrompido por Dakota que repousa sua mão sobre meu ombro.

— Isso é alguma brincadeira de mau gosto? O que são essas tralhas que vocês trouxeram?

— Olha... Eu não quero atrapalhar, se você quiser que eu vá embora... — Digo, mas sou cortado por Dake, que me impede de prosseguir qualquer frase planejada.

— Amor, não é nada do que você está pensando, viemos ajudar você. Castiel está nos acompanhando para fazer um show particular no seu café. Trouxemos uma placa de "obrigatório consumo". Quem quiser entrar para vê-lo cantar, terá que consumir os seus docinhos deliciosos. Divulgamos no Twitter também e... — Dake tentou explicar, acariciando o braço de Kate para acalmá-la, mas ela se esquivou de seu toque. Quase sorri naquele momento, mas contive meus pensamentos.

— Não preciso da ajuda de vocês, esse é o café da Katherinne, não do Castiel —Kate se vira parcialmente para se direcionar a entrada do café, e percebo que estar aqui, talvez tenha sido uma das maiores burradas que já cometi em toda minha vida — Vão para casa! — Ela vocifera e gesticula com as mãos.

— Kate, deixe-nos ajudar, preciso fazer isso, por nós dois — Dake questiona, e Kate se vira de volta, deixando escapar de seus lábios um riso debochado. Observo toda a cena envergonhado, pois percebo que de dentro do café, algumas fãs nos olhavam curiosas, querendo se aproximar.

— Por favor, Dake, você está tentando enganar a si mesmo achando que pode consertar tudo. Você nem gostava dessa ideia de café.

— Mas eu quero me redimir, sei que errei muito, mas quero que você veja que eu posso mudar. Que posso apoiar você — Dake confessa com a voz embargada e não contenho minhas expressões de nojo ao presenciar seu teatro.

Os olhos de Kate se encontram com os meus, carregados de tristeza e angústia. Seu coração parecia dividido entre a coisa certa a fazer por si mesma, e a coisa certa a fazer pela sua vida. Lanço sobre ela um olhar de ternura, como se eu pudesse dizer de alguma forma, que eu a apoiava independente do que ela diria dali em diante. Queria naquele momento, poder desfazer seu punho cerrado e segurar sua mão com acalento, queria que ela soubesse que eu estava ali para ajudá-la, mesmo que ela se recusasse a aceitar-me.