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— Essa foi a pior experiência da minha vida! - falo emburrada, limpando meu celular que havia caído na lama durante minha transformação.
— Está sendo exagerada. Não foi tão ruim. - Dafne me entrega seu sobretudo.
— Diz isso porque não foi você que teve todos os ossos do seu corpo quebrados. Na boa, por que você não me falou antes sobre essa coisa de Licantropo? Em um segundo eu descobri que esse negócio existe, no outro eu me transformei em um lobo de... O quê? Quatro metros de altura? - falo enquanto coloco a roupa, mas ela apenas me olha séria.
Falei besteira?
— Seis, na verdade. Você se transformou em um lobo de seis metros de altura. - ela suspira e se levanta do tronco, aflita.
— Você não parece muito feliz com isso...
— Isso não é normal, S/n. Os Betas chegam até 1,6 metros, as Ômegas até 2,6 e os Alfas até quase quatro metros de altura...
— Só existe uma explicação para seus olhos dourados e o tamanho do seu lobo... - um homem robusto, com cabelos grisalhos e vestindo uma roupa social com a camisa de botões aberta, diz misterioso, caminhando até o lado de Dafne.
— S/n, esse é George, meu marido. - Dafne o apresenta com um sorriso no rosto.
Uh, o lobo cinzento?... Ok, foco, S/n!
— Qual é a explicação? Se eu não sou uma Alfa, Beta ou Ômega, o que eu sou? Existe uma subespécie?
— Mais ou menos... - Dafne responde, confusa.
— Existem Licantropos escolhidos pela Deusa Selene... - George explica. — Pelo seu tamanho e pela cor dos olhos de seu lobo, suponho que você seja uma Alfa Lúpus!
— Lúpus? Tipo aquela doença que faz com que seu sistema imunológico ataque seus tecidos e órgãos?
— Não. - Dafne suspira, aparentemente procurando paciência. — Quando os Licantropos receberam as dádivas de Selene, uns surgiram mais fortes que os outros, e o mais poderoso entre eles era o Alfa Lúpus, aquele que nasceu para ser um Imperador.
— Imperador? Não sabia que indígenas tinham isso.
— E não tinham, não era esse o nome, de uns tempos para cá que... - ela suspira — Quer saber? Isso não é importante, para de me atrapalhar. - ergo as mãos em rendição e ela volta a falar, séria. — O Alfa Lúpus era o mais respeitado entre os Licantropos... Bom, isso até 100 d.C., quando eles começaram a ser temidos. Nessa época, surgiu um homem chamado Stygian; ele era um simples caçador até seu despertar, quando foi descoberto que ele era um Alfa Lúpus. Diferente do que muitos pensavam, ele não era um doce garoto ingênuo; ele era cruel e amargo, sua família havia sido morta em uma disputa por terras, fazendo o ódio dominar o coração do garoto. Assim que ele tomou o trono como Imperador, o caos começou. Ele matou diversas pessoas, homens, mulheres, idosos e crianças, culpados ou não. Quem o desafiava era morto, quem olhava torto para ele era morto, quem falava um pouco mais alto com ele era morto. Ele era impiedoso. Stygian morreu com 33 anos pelas mãos de sua própria Ômega. - ela suspira. — Quem tomou seu lugar foi o líder da revolução contra o Alfa Lúpus, e desde então existe uma votação para eleger o Imperador, porque todos os Alfas Lúpus são mortos logo após seu Despertar, quando não estão tão fortes.
— Então... Vocês vão me matar? - pergunto, apreensiva.
— Não. Nós acreditamos que isso de matar os Alfas Lúpus é cruel. Não se trata do poder em si, e sim da pessoa. Tenho certeza que a Deusa da Lua não se agrada disso. - George diz, seriamente. — Você precisa se esconder até ter sua força total, e quando isso acontecer, você irá reivindicar seu trono.
— Então, quando eu tiver minha força total, eu tenho que me tornar Imperatriz?
— Exato.
— Mas e se eu não quiser essa responsabilidade?
— Por que você não iria querer ser o ser mais poderoso entre os seres sobrenaturais? - Dafne pergunta, desacreditada.
— Porque eu quero ter uma vida normal...? - respondo, óbvia.
— A partir do momento em que você se transforma, você pode ter tudo, menos uma vida normal, principalmente sendo um Lúpus.
— Mas se eu me assumir como Alfa Lúpus, os outros vão vir atrás de mim, não é? - ela assente. — Então, tenho certeza que não vão vir brincar de amarelinha. Eu não quero morrer cedo; eu tenho muita coisa para viver.
— Você não vai conseguir esconder sua identidade por muito tempo. No máximo, por alguns anos. Seu cheiro vai te entregar para eles. - George alerta, me fazendo olhar para ele, preocupada. — Existem ervas específicas que podem esconder seu cheiro, mas depois de uns anos, ela vai começar a fazer mal para você; você vai ter que parar de usá-las ou vai morrer.
— Em que confusão eu me meti? - resmungo.
— Nós temos um amigo que pode te ajudar a se camuflar do Imperador e dos Reis.
— Ótimo, agora também tem Reis.
— Como o George estava dizendo... - Dafne ignora minha fala. — Ele mora em Miami; ele também acredita que Alfas Lúpus não precisam ser mortos.
— Miami? Eu preciso terminar o ensino médio...
— Tudo bem. Daqui a três meses, você vai para os Estados Unidos. Eu posso conseguir uma bolsa para a faculdade que você queria. - ela fala tudo de uma vez, me deixando em choque.
— Espera, a Los Angeles College of Music? - ela dá de ombros. — Tipo a LACM mesmo? Tipo de verdade? - pergunto, animada.
— Claro. Vai ficar mais fácil para você ir para Miami de Los Angeles. - solto um gritinho e me levanto para ir abraçá-la, mas paro ao lembrar que estou nua por debaixo do sobretudo. Dou um joinha, envergonhada.
— Obrigada por isso... E por terem me ajudado na minha transformação.
— De nada. - eles respondem juntos.
Estranhos...
— Acho melhor irmos para casa antes que sua amiga ache que eu te sequestrei. - olho confusa para Dafne.
— Como você...? - de repente, as coisas começam a fazer sentido. — Era você quem estava me seguindo.
— Sim. Eu queria garantir que seu despertar não iria acontecer antes do previsto; às vezes isso acontece e as coisas saem do controle. - assinto, meio desconfiada. Começamos a caminhar pelo caminho que viemos, com ela nos guiando.
— Aí, o que era aquele líquido que vocês me deram quando eu estava me transformando? - pergunto antes de sequer pegar o celular para ligar.
— Mata lobo. - Dafne responde, simples.
— Como assim? Isso não poderia, sabe, me matar...? - pergunto, desacreditada.
— Não foi em alta quantidade. - se defende. Reviro os olhos, mas ignoro.
Esse tipo de coisa deve ser normal nesse mundo.
Começo a discar o número da Melanie para contar a novidade e, em segundos, ela atende.
"Eu espero que você tenha sido sequestrada e esteja quase morta! Essa é a única justificativa para você ter me acordado às quatro e quarenta e sete da madrugada."
— Quanto amor... — resmungo.
"Fala logo, anão de jardim."
— Melanie! A culpa não é minha de você ser um poste! - ouço ela resmungar. — Bom, vamos para o que interessa, já vou avisando que você vai amar a novidade…
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Lua de Sangue (Camila Cabello/You G!P)
أدب الهواةS/n Bishop, uma Licantropo destinada a liderar, enfrenta o destino e o amor. Sob a lua cheia, ela revela sua verdadeira essência e luta para proteger Camila Cabello, sua companheira de alma, em meio a uma guerra sobrenatural que ameaça seu mundo.