~ Capítulo 31 ~

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– Andy, por favor, desce logo – era Jack.

Uma semana havia se passado, mas não se preocupem por nada dessa semana ser dita aqui, foi uma semana horrível. Eu engordei quatro quilos, a compulsão alimentar tomou conta de mim essa semana. Papai e Rosie estão preocupados comigo.

Jack não para de me chamar de dentro do meu quarto enquanto eu tomava banho, pois hoje as aulas voltam e já estávamos atrasados. Eu não queria ir, é óbvio, mas também era bem óbvio que eu não estava muito bem para assistir aula. Eu estava péssimo. Totalmente acabado.

Era nossa última semana de aula do ano, eu queria terminar tudo logo para não precisar lidar com Rye por um tempo. Não porque eu não quero vê-lo, mas porque não quero ver seu desprezo por mim. Isso me machuca.

– Vamos, Andy – Jack continua chamando – Não podemos nos atrasar justo na última semana de aula.

– Eu já entendi, Jack. Estou aqui – disse assim que saí do banheiro e o encontrei com Brook me esperando.

– Jack, você já deveria ter se acostumado com isso – comentou Brook – O Andy sempre se atrasa, é impressionante.

Revirei os olhos para meu irmão e o ignorei, não estava afim de entrar em suas brincadeiras naquela dia. Na verdade, nenhuma brincadeira no mundo poderia me animar agora. Talvez, quem saiba, apenas um milagre.

Chegando no colégio eu fui direto para minha sala. Não vi Rye em lugar algum, mas também não queria me preocupar com isso, já que minha próxima aula seria com ele e os dois meninos, Harvey e Mikey. Meninos esses que eu não via já havia algum tempo.

A primeira aula em si foi tranquila, embora eu não tenha prestado muita atenção no que a professora dizia, só ouvia ruídos e mais ruídos, e também as vozes de minha cabeça que diziam que nada iria melhorar.

A próxima aula começou, mas nada de Rye. Somente Harvey e Mikey que entraram na sala e se sentaram a mesa que ficava atrás de mim. Eles pareciam felizes.

– Bom dia, Andy – disse Mikey – Fiquei sabendo sobre o seu desmaio. Como você está?

– Eu estou bem, obrigado por perguntar – sorri fraco para eles. Talvez eles não soubessem o que havia acontecido.

– Rye nos contou o que aconteceu no hospital – começou Harvey e eu fiquei calado – Eu sinto muito, Andy.

– Tá tudo bem – sorri fraco novamente. Era óbvio que eu não estava nada bem.

De repente vi Rye entrando na sala. Ele estava diferente, seu cabelo estava despenteado e sua camisa amarrotada, parecia que ele havia acabado de sair de um filme de guerra. Ele aparentava estar triste, me partia o coração ver ele daquela forma.

– Eu sei o que você está pensando – disse Harvey – E sim, ele também está muito abalado com o término.

– Eu tentei falar com ele ontem, mas foi o pai dele que atendeu. Parece que o Rye não tem comido direito e parou de fazer aula de espanhol online.

Parecia realmente que sua vida tinha virado de cabeça para baixo, assim como a minha, mas foi ele que escolheu terminar comigo e fingir que eu não existo. Foi tudo uma escolha que ele fez sozinho.

– Eu não sei o que fazer – falei e virei para frente, pois o professor já havia começado a aula.

Rye parecia não prestar atenção em parte alguma da aula. Ele rabiscava seu caderno, embora não estivesse nada escrito no quadro. Ele estava deprimido, era óbvio.

O sinal do intervalo tocou e nós saímos da sala para comer. Eu queria encher a minha boca com mil croissants de chocolate até ficar feliz outra vez. Parecia que meu mundo estava acabando, e talvez realmente estivesse.

– Eu trouxe pra você, Andy – era Brook com dois pedaços de bolo na mão – É de chocolate. Achei que você iria querer.

– Eu trouxe suco de laranja – disse Jack.

– Obrigado, gente – sorri fraco – Vocês são incríveis.

– Incrível sou eu – disse Mikey sentando em nossa mesa. Harvey se sentou ao seu lado – Não chorem, meninos.

– Muito engraçado, Mikey – disse Brook, debochando do moreno.

– Por que vocês não estão com o Rye? – perguntou Jack, curioso. Eu também estava, pois não vi Rye sair da sala.

– Ele não quer falar com a gente – comentou Harvey, um pouco triste – Eu não sei mais o que fazer com esse garoto.

Vi Rye sentado sozinho em uma das mesas. Por que ele está agindo dessa maneira? O que aconteceu que parece que de repente ele quer afastar todos dele? Eu me recuso a acreditar que isso é só por conta do término.

Eu queria falar com ele, não vou negar, mas eu não posso continuar sofrendo por alguém que não sabe o que quer, porque com certeza esse afastamento todo não é só culpa minha. Eu queria tanto saber o que está acontecendo com ele.

– A gente tentou conversar com ele, Andy – disse Mikey – Aparentemente o pai dele perdeu o emprego e a única coisa que eles podem fazer é se mudar para a casa da avó do Rye.

– A casa dela é em outra cidade – complementou seu namorado, se virando para mim – Ele acha que iríamos deixar ele de lado, assim como ele fez com você.

– Por isso ele se afastou de nós.

– Ele também não fala mais comigo – disse Brook – Eu não sabia sobre isso, ele não me contou.

– Eu preciso conversar com ele – disse baixo, mas sabia que meus amigos e meu irmão haviam ouvido.

– Você acha que ele vai ouvir você?

– Eu não sei, mas não custa nada tentar.

Olhei novamente para Rye sentado sozinho. Como sempre, ele lia um livro, mas eu não consegui identificar qual era pela distância. Ele parecia triste, estava quieto e em silêncio. Aquele não era o meu Rye.

– Eu não tentei falar com ele – disse Jack, depois de um tempo em silêncio – Posso tentar fazer isso e ver se ele me conta.

– Não sei se é uma boa ideia – disse, enfim mordendo meu pedaço de bolo – Ele vai achar que eu mandei você fazer isso.

– Você que sabe – disse ele, sorrindo fraco.

O sinal de fim do intervalo tocou e nos despedimos brevemente para voltarmos para nossas salas. Essa aula eu também teria com Rye, mas não sei se isso é algo bom ou ruim.

– Não vai para sala, Jack? – ouvi Brook falando com seu namorado.

– Eu só vou ao banheiro, volto logo – e dizendo isso Jack saiu, me fazendo virar de costas novamente e caminhar até minha sala.

Entrei na sala, mas Rye não estava lá. Provavelmente estava fugindo de mim, já que nessa aula eu não teria a dupla Marvey para conversar comigo. Seria uma aula chata, como foram todas as outras naquele meu dia caótico. Por que Rye não decide simplesmente voltar a falar comigo?

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O Melhor Amigo do Meu IrmãoOnde histórias criam vida. Descubra agora