~ Capítulo 32 ~

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Após alguns minutos de atraso, Rye entrou na sala como se nada tivesse acontecido, me encarou por alguns poucos segundos e voltou a me ignorar. Parecia que algo havia acontecido, eu só não sabia o que.

– Bom dia, crianças – cumprimentou o professor ao entrar na sala – Espero que tenham estudado bastante, não facilitei a prova dessa vez.

Prova? Como assim uma prova? Eu não havia estudado, estava completamente ferrado. O que eu iria fazer agora?

Olhei ao redor e o resto da turma parecia tranquila sobre isso, então com certeza não era uma prova surpresa. Eu não vinha prestando muita atenção nas aulas, isso desde que Rye parou de falar comigo.

– Prestem atenção nas questões – começou o professor – São sete questões, mas vocês irão escolher apenas cinco para responder. Boa sorte a todos.

E dizendo assim, o professor entregou a prova e nos deu a permissão para começar a responder. A primeira questão já era complicada para mim, eu não tinha ideia de como responder.

Comecei a me sentir nervoso, nunca havia me sentido dessa forma fazendo uma prova, eu sempre soube o que responder. Mas dessa vez eu não sabia.

Olhei para o lado e vi Rye concentrado em sua prova, mordendo sua caneta pelo nervosismo, assim como sempre fazia.

– Fowler, a prova é individual – disse o professor e eu voltei a olhar para minha prova. Não podia zerá-la por nada.

10 minutos haviam se passado e eu me sentia tonto, as letras da prova pareciam estar todas embaralhadas e sem sentido para mim. Minha cabeça doía muito.

Comecei a forçar minha cabeça pela dor, parecia que havia um enorme sino de igreja na minha cabeça, se movendo bem rápido e fazendo um barulho horrível. Eu quero chorar e gritar bem alto.

E de repente eu não vi mais nada... De novo.

Acordei em uma sala pequena, em cima de uma maca. Não parecia tanto com um hospital, talvez fosse a enfermaria do colégio.

– Você acordou – disse uma moça com um jaleco. Acho que nunca a vi por aqui – Me chamo Sarah, sou enfermeira do colégio.

– O que aconteceu comigo? – perguntei, mesmo já tendo uma ideia.

– Você desmaiou, querido – respondeu Sarah – Você comeu alguma coisa hoje de manhã?

– Não.

– Se sentiu tonto na hora da prova? – perguntou ela outra vez, me trazendo um copo de água com alguma coisa.

– Um pouco.

– Beba isso, você vai se sentir melhor – disse ela sorrindo – É água com açúcar.

Tomei o copo em um só gole e o entreguei para a enfermeira que me olhava de forma paciente. Ela parecia ser uma mulher legal.

– Vou deixar você aqui por alguns minutos – disse Sarah – Tem um garoto querendo falar com você. Posso deixar ele entrar?

– Que garoto? – talvez fosse Brooklyn, mas como ele saberia sobre o que aconteceu tão rápido?

– Ele disse que se chama Ryan – respondeu ela – Posso deixar ele entrar?

– Pode sim – respondi, mesmo estando receoso sobre o que ele queria comigo.

A enfermeira Sarah saiu e logo após Rye entrou, com uma cara tão triste e preocupada que parecia que tinha visto um fantasma. Ele correu em minha direção e colocou a mão em minha testa.

– Não está com febre – ele suspirou aliviado – Você me deu um baita susto, Fovvs.

Fiquei calado, olhando para ele de uma forma bastante confusa. Eu não estava entendendo nada.

– A enfermeira me disse que você não comeu nada – ele começou – Você está querendo morrer, Andy?

– O que deu em você?

– Eu não posso mais ficar preocupado com você? – perguntou ele, com aquele olhar de cachorrinho sem dono que ele faz melhor do que ninguém.

– Ryan, já fazem mais de dias que você está me ignorando – disse – O que você esperava que eu fizesse?

Ele ficou um tempo calado, parecia estar pensando no que dizer, ou apenas estivesse com medo de que eu fugisse ou o desse um soco na cara.

– Me desculpa, Andy – ele começou – Eu errei, eu sei disso.

Não conseguia entender o porquê dele fazer isso de repente e acho que isso ficou bastante claro para ele.

– Eu só queria um tempo para pensar – Rye abriu sua mochila e pegou algo de dentro dela – Agora eu te entendo melhor.

– Do que você está falando, Rye? – pergunto tentando demonstrar o quão confuso eu estava naquele momento.

– Jack me deu isto – ele diz me mostrando uma carta. Pela letra, eu sabia que era minha. Provavelmente a mesma que eu havia escrito para ele.

Por que Jack faria uma coisa dessas? Ele sabe melhor do que ninguém o verdadeiro significado de "privacidade". Por que ele entregou a carta para Rye? Eu estava furioso, mas não queria demonstrar isso na frente dele.

– Me desculpa, Andy, eu fui um completo idiota com você – ele dizia com um olhar tão triste que parecia que iria começar a chorar a qualquer momento – Eu não ouvi você, não deixei com que você se explicasse e estraguei tudo.

– Rye...

– Por favor, me deixe terminar – fiquei em silêncio, apenas esperando que ele dissesse mais alguma coisa – Eu fiquei com medo, Andy. Medo de perder você para outra pessoa, por isso eu surtei tanto ao saber da notícia, mas eu não tinha o direito de te fazer sofrer por causa disso. Eu fui um completo idiota, eu deveria ter ficado ao seu lado e não te deixar de lado.

Continuei em silêncio, não sabia realmente o que dizer, mas não queria que ele se sentisse um idiota, ele não tem culpa de eu sentir as coisas dessa forma. Eu nunca, nunca mesmo, colocaria a culpa nele de qualquer coisa relacionada a mim.

– Eu preciso te contar antes que você saiba por outra pessoa – Rye suspirou fundo, parecia cansado – Eu vou me mudar de cidade. Não irei para tão longe, mas também não é tão perto.

– Rye, eu realmente não acho que isso vai mudar algo entre nós – falei calmamente – Eu ainda iria querer você mesmo que você fosse morar no Alasca. Você ainda não percebeu isso?

Ele não disse nada, apenas se aproximou de mim e me deu um abraço apertado, como se não me visse a anos. E nossa, só Deus sabe o quanto eu senti falta desse abraço.

– Por favor, Andy, me perdoa – ele voltou a falar – Eu prometo que vou te esperar, não importa quanto tempo passe.

– Eu não pretendo fazer você esperar, Rye – disse eu, sorrindo – Eu quero poder vir em todas as férias possíveis. Não quero ficar distante dos meninos... E nem de você.

Ele sorria de uma maneira fofa, seus olhos vermelhos denunciaram suas lágrimas anteriores, e talvez todas as outras também.

A enfermeira entrou de volta, avisando que eu já poderia voltar para minha sala, mas disse também que se eu quisesse voltar para casa, ela avisaria ao professor. Decidi voltar para a aula, pois pretendia conversar um pouco mais com Rye no final dela.

Eu estava torcendo para que as coisas dessem certo dessa vez.

– Conversamos no final da aula? – ele disse, olhando para mim e sorrindo.

– Com certeza – eu não consiga parar de sorrir.

Essa era minha grande chance, eu não podia e não queria desperdiçar.

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O Melhor Amigo do Meu IrmãoOnde histórias criam vida. Descubra agora