Cloe

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Cloe é uma pequena cadela dourada, cujo pelo agora tem vários fios brancos. Seu rosto congelou no tempo, sempre parecendo um filhote, tal qual como seu tamanho entregando que era menor que o gato da família. Adotada tão jovem, através da necessidade, passou todos seus anos de vida com suas donas. Sua dona mais velha, a "mãe", e a mais jovem, a "irmã". Segundo a "irmã", a comida era dada pela mãe, mas quem alimentava Cloe e o gato era a humana mais jovem.

Tinha a mãe da "mãe" também, a "vó". A "vó" às vezes era doce e outras batia o pano de prato no chão e gritava com ela sem motivo. Mas não era tão ruim assim, na verdade, quem ela via recebendo mais gritos e recebendo tapas era sua "irmã", e ela costumava se trancar no quarto por horas e saía apenas para alimentar aos animais e limpar a casa. Teve uma época onde ela parou de limpar, recebendo mais reclamações da "vó", mas não fazendo nada a respeito.

Era aí que, muitas vezes, ela conseguia entrar no quarto, ou a jovem humana estava na laje e na garagem tentando se acalmar e chorando sem parar. Era aí que se aproximava, lambia seu rosto e recebia carinhos e abraços enquanto as lágrimas caíam em seu pelo. Ao que sabia, sua "mãe" estava muito ocupada trabalhando e estudando para conseguir fazer algo a respeito do que acontecia dentro de casa. Talvez nem sequer soubesse do que ocorria, e mesmo quando estava em casa a "vó" roubava toda a atenção pra ela.

De vez em quando, podia dormir na cama com a sua jovem humana ao invés de sua cama. Acidentalmente a acordava durante a madrugada, e nem sequer recebia reclamações. Algumas vezes, de surpresa e sem entender, ela vinha, a abraçava e beijava e dizia "obrigada por estar aqui".

"Humanos são estranhos", dizia o gato. Ele era só dois ou três anos mais jovem, e depois de passar dias longe dela, ele começou a ficar na casa mais ao invés de fugir. Explicou que sua cabeça foi machucada de forma quase fatal, e ambos viram a "irmã" esquecendo de seus problemas por alguns momentos por dia para cuidar dele. Cloe fingiu que não sentiu falta dele e de seus miados.

Agora, aos nove anos, mais velha e manhosa do que já foi por toda sua vida, acordava às sete da manhã para se esticar, comer e beber água. Deitava-se ao chão da garagem e olhava para a rua por debaixo do portão. Nesse ano fará dez anos, ainda pulando no colo de sua jovem dona quando ela deixava. Ainda a via chorar, mas era tão raro comparado a anos atrás, que se sentia orgulhosa. É uma boa senhorinha, sim, ela é.

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Texto rejeitado por um concurso que participei, envolvendo minha cadelinha, Cloe.

Uma foto da minha pequena. Ela adora a janela.

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⏰ Última atualização: May 10 ⏰

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