Parte 3

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______________ [08 e ??] ______________

“Suas coisas já estão arrumadas?” A mãe de Pran perguntou, enquanto a família jantava.

“Sim.”

“Pegou as meias?”

“Sim.”

“Cuecas?”

“Sim.”

“Sua escova de dente?”

“Sim. Peguei tudo que é importante, mãe!” Ele se esforçou para não revirar os olhos porque sempre respondia ao mesmo questionário antes de todas as viagens que a família fazia.

Ao entrar no quarto depois de escovar os dentes, por precaução, ele conferiu se tudo estava realmente dentro da sua mochila, principalmente a foto de Pat, que estava guardada no bolso com zíper do lado de fora. Ele tinha receio de que a foto amassasse, por isso a tinha colocado entre duas plaquinhas de papelão mais firmes.

Um lado da foto já estava um pouco desgastado e Pran sentiu seu coração apertar com receio de que ela estragasse.

“O que você está fazendo?” Sua irmã entrou no quarto e sentou ao lado dele na cama.

“Conferindo se guardei tudo.” Ele falou e tentou esconder seu segredo rapidamente.

“O que é isso?” Ela quis puxar a fotografia da mão dele, mas Nanon a bloqueou com o corpo.

“É meu! Não mexe!”

“Deixa eu ver ou eu vou contar para a mamãe!”

Pran não sabia o que fazer: se brigasse com ela ou negasse, ela iria chorar e sua mãe viria ver o que tinha acontecido e ele não queria que ninguém mais soubesse disso. A foto era dele e de Pat. Só deles.

“Você pode ver na minha mão! Não é para encostar nela!”

“Tá bom!” Ela sorriu.

Ele colocou a foto na palma da mão e, com cuidado, estendeu o braço em direção a irmã, que, no mesmo minuto, esticou os dedos, querendo pegá-la. Na pressa de desviar dela, ele sentiu que fechou um pouco a mão e se desesperou. Ele virou de costas para a irmã e conferiu se tinha algum dano na fotografia e respirou aliviado ao perceber que estava tudo bem.

“Eu falei que é pra ver na MINHA mão!” Ele a repreendeu e esperou que ela colocasse os braços para trás das costas antes de mostrar novamente. Mesmo com esse cuidado, desta vez, ele não chegou tão perto dela.

“Quem é?” Ela apertou um pouco os olhos para conseguir enxergar.

“Meu amigo.”

“Ele tá sujo.” Ela apontou para a boca de Pat e franziu o nariz, um pouco enojada.

“Ele é atrapalhado.”

Ela deu de ombros e levantou, afinal era só uma foto e nem era tão divertido assim.

Pran beijou o rosto da irmã, deu boa noite e ela saiu. Sozinho no quarto, ele lembrou de como Pat era atrapalhado e tinha muita energia e isso cansava Pran. Ele sorriu, pensar no amigo sempre o fazia sorrir e ele estava ansioso por encontrá-lo novamente. Sua vontade era dormir com a foto ao lado do travesseiro, mas o receio de danificar ou esquecê-la o fez desistir da ideia e a colocar de volta, com cuidado, na mochila.

Na manhã seguinte, Pran observava, pela janela do carro, o caminho que o pai fazia, tentando lembrar se ainda faltava muito tempo para chegarem no hotel em que a família se hospedava todos os anos. Ele alternava entre vigiar o caminho e olhar para a foto. No início da viagem, ele tinha preferido deixar a foto guardada, mas depois de um tempo ele a pegou e a manteve no colo.

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