Castelo de areia

Parte 6

______________ [12 e 14] ______________

O garoto chato do ano passado estava na área das cadeiras da piscina com outros meninos. Pran notou que, por mais que tivesse crescido alguns centímetros, ele ainda era menor do que todos daquele grupo.

“Baixinho!” Drake o viu e acenou “Vem aqui!”

Pran coçou atrás da cabeça e tentou pensar em uma desculpa para não ir, mas nada vinha à sua mente; se ele virasse e corresse, esse garoto chato, com essa sobrancelha estranha, o perturbaria todos os dias das férias. Seus passos eram lentos apesar do seu coração estar acelerado.

Pran reconheceu o irmão de Pat entre os garotos do grupo e se assustou por ele estar tão alto, talvez até mais alto do que Pat. O pouco que ele tinha crescido não fazia a menor diferença em comparação a esses meninos. Pran olhou para trás e teve vontade de fugir.

“Está procurando seu namoradinho?” Drake falou e todos riram, exceto o irmão de Pat.

“Eu não tenho namorado.” Pran parou de andar e sentiu as bochechas ficarem vermelhas.

“Eu sei, Baixinho, estou brincando!”

Drake caminhou na direção dele, com os braços abertos e um sorriso grotesco no rosto. Pran sentiu repulsa ao vê-lo se aproximar, mas antes que ele o tocasse, Pat apareceu.

“Por que você é sempre tão imbecil, Drake?” Pat empurrou o garoto e parou ao lado de Pran.

Para que seus olhos se encontrasse, Pat precisava olhar para baixo. Ele estava tão acostumado a ver a foto antiga deles, que acreditava que Pat sempre teria a mancha de sorvete no canto da boca.

“Pronto, seu namorado…” Drake fingiu ter confundido as palavras e se corrigiu “Amigo! O seu amigo chegou e você pode fazer uma cara melhor, Baixinho!” Ele falou e se virou para um outro garoto que estava ali perto “É sério, cara, ele tem covinhas! É muito fofinho.” Ele virou para Pran novamente e fez um coraçãozinho com o indicador e o polegar “Se você fosse uma garota, eu daria em cima de você.”

As risadas eram altas e exageradas. Pran sentia repulsa ao ouvi-las e checou se Pat também ria, mas ele tinha os olhos ferozes no rosto e Pran se sentiu aliviado.

Um grupo de garotas passou, incluindo sua irmã, e atenção delas estava voltada para as fotos que viam no celular da garota mais velha. Elas suspiravam e davam gritinhos empolgados e apaixonados. Os meninos acompanharam os passos das garotas e um deles as cumprimentou.

Elas se entreolharam, riram e seguiram para as cadeiras debaixo do guarda sol.

“Olha! Aquela lá tem covinhas iguais às suas!” Drake esticou o dedo na direção da irmã de Pran “Nunca tive um desejo realizado tão rápido assim!” Ele bateu palmas e sorriu para o grupo das garotas, que já estava de costas para eles.

“Ela é minha irmã.” Pran falou baixo, com os punhos fechados.

“Eu vou lá falar com ela.” Drake, que não tinha ouvido o que Pran disse, piscou para ele.

“Não!” Pran nunca deixaria esse cara se aproximar dela.

“O que você disse, Baixinho!” Drake se levantou e veio na direção de Pran, mas foi parado por Pat, que bateu a mão no seu peito e o empurrou para trás mais uma vez.

“Drake, se você chegar perto da irmã dele, eu quebro sua cara!” Pat não gritou nem falou alto, sua voz era um rosnado furioso e Drake se afastou.

“Calma, eu estava brincando!” Drake se armou com aquele sorriso de zombaria “Eu achava que você gostava do Baixinho, mas pelo visto você está pegando a irmãzinha!”