Parte 2

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______________ [07 e ??] ______________

“Kid Pran!”

Fazia um ano desde a última vez que ele tinha sido chamado por esse nome e, por causa disso, Pran tinha esquecido desse garoto. No entanto, assim que viu seus olhos pretos, cheios de alegria e sorriso acolhedor, as memórias das férias passadas retornaram nítidas.

“Pat Pateta!” Ele sorriu.

“Você tem covinhas mesmo!” Ele cutucou a bochecha de Pran, que deu um passo para trás “Eu achei que tinha imaginado isso.”

Ele o olhava e sorria.

“Você ainda tem cara de pateta, Pat!”

Por mais que sua intenção fosse insultá-lo, Pat pareceu não se importar, deu risada e o abraçou. Pran prendeu a respiração, assustado com essa ação inesperada e, apesar de tudo ter acontecido muito rápido, ele percebeu que Pat tinha cheiro de chocolate. Quando se afastaram, Pran notou uma mancha de doce na curva do  pescoço dele.

“Quer jogar futebol?” Ele correu até onde tinha deixado cair a bola e voltou trazendo-a debaixo do braço.

Pran concordou e os dois ficaram chutando a bola de um lado para o outro por boa parte da manhã até a hora em que sua mãe o chamou para almoçar. Ela não lembrava de Pat, tampouco da sua família, mas por estarem dentro do mesmo resort, ela não se importou muito com a “nova” amizade de Pran.

Aquela tarde estava muito quente e, por mais que ele quisesse sair e procurar pelo amigo, o sono o atacou com mais força do que sua vontade de brincar e Pran dormiu após o almoço.

À noite, sua família tinha decidido aproveitar que o tempo estava mais fresco e foram para o parque de diversões que tinha na cidade. Pran e a irmã falavam de tudo o que fariam e dos brinquedos em que iriam e seus pais riam dentro do carro.

Ao chegar, Pran ficou muito feliz ao ver que Pat estava na bilheteria junto com os pais dele e acenou para o amigo. Pran o observava puxar a manga da blusa da mãe enquanto falava e apontava para Pran, mas sua mãe negou, balançando a cabeça. Mesmo assim, Pat persistia e insistia, implorando com as mãos juntas como se estivesse em oração.

Pran tinha ficado contente pelos dois estarem ali juntos, porém as coisas não pareciam boas para o amigo e ele tentou dar um sorriso de incentivo. Mesmo estando longe, era possível ver que o amigo estava chateado e Pran tinha certeza de que era porque a mãe de Pat o tinha proibido de brincar com ele.

Se ele fosse até Pat, a mãe dele deixaria os dois ficarem juntos? Ele avaliou a mulher e ela parecia brava.

Segurando a mão da irmã, Pran andou meio cabisbaixo e chutando algumas pedrinhas que encontrava  no chão.

“Mães são chatas!” Ele falou alto e sua irmã o olhou.

“O quê?”

“Eu não falei nada.” Ele se calou.

“A mamãe não é chata.” Sua irmã o recriminou e deu um apertão na sua mão.

Pran nem se importou porque a mão dela era pequena e fofinha e seus dedos estavam sempre gelados.

Ela tinha razão, sua mãe não era chata, não muito. Ela era um pouco, às vezes. Ela era boa. Ele amava sua mãe e não sabia porque tinha dito isso. Uma súbita vontade de chorar cresceu no seu peito, um nó se formou na sua garganta e seus olhos se encheram de lágrimas por ter tido esse pensamento ruim. Sua mãe era legal, sim!

Ele acelerou o passo e sua irmã correu para acompanhá-lo, que não ouvia os pedidos da menina para andar mais devagar. Assim que encontrou seus pais, Pran se prendeu na cintura da mãe, enterrando o rosto na barriga dela. Ele não devia ter pensado aquilo; esse pensamento era coisa de meninos maus.

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