compreensão

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   Ouço algo bater em algum vidro, as folhas das árvores próximas, eu acho. Ouço algo arranhar as madeiras. Não são sons que estou acostumado a ouvir. Tento abrir meus olhos, mas os sinto pesados, bem pesados.

Tento me sentar, mas uma pontada aparece atrás da minha cabeça, e com ela choques de lembranças de antes me vêm. Mesmo com a pontada, me arrasto igual camarão fora da água, meio trêmulo consigo me sentar.

Tento abrir meus olhos mas eles continuam pesados; levo um de meus braços a esfregá-los para assim facilitar alguma coisa; finalmente consigo abri-los, pouco mas consegui.

— Onde... onde eu estou? — pergunto mais a mim mesmo, já que não vejo ninguém — que lugar é esse?

Olho em volta, mas não parece nada igual ao lugar que eu estava ontem; era um quarto, aparentemente de solteiro. Estava limpo, organizado e bem moderno para uma casa completamente feita de madeira. Está limpo e cheiroso. Havia pôsteres de alguma banda, provavelmente de rock ou metal, algo assim; não entendo muito desses estilos.

— Não, acho que não acordei ainda — pondero — deve ser um sonho, é deve ser mais um sonho.

— Não, não acho que seja um sonho — me assusto ao ouvir outra voz, arrastada parecia ter um sotaque na fala —  e fico feliz que FINALMENTE acordou, olá!

Sou pego de surpresa por uma... Pessoa? E por que ela está de cabeça para baixo, e que dentes são esses??

Vamos lá Lucas, sua mãe não te ensinou assim; seja educado; abro minha boca, mas não saiu o que eu estava planejando:

— AAAAAAAAAAAAAAAA!!! — grito.

— AAAAAAAAAAAAAAAA!!! — ele grita.

— AAAAAAAAAAAAAAAA!!! — eu grito.

— AAAAAAAAAAAAAAAA!!! — ele grita. — Por que estamos gritando? — ele questiona.

Eu o olho tentando entender que coisa é essa à minha frente; meu peito subia e descia árduo e rápido; meu coração parecia que sairia pela minha garganta; senti meu estômago revirar de novo; logo ponho minha mão novamente em minha boca; acho que irei vomitar de novo.

— AH NÃO, NÃO E NÃO! — o vejo se agitar. — Espere um pouco. - o vejo sair flutuando do quarto.

"Meu Deus, eu tô morto? Se eu tô morto por que eu tô com um capeta estranho que voa??? Eu não fui um bom rapaz???" Eu já sentia o vômito ao meio da minha garganta.

— Aqui, aqui, aqui! — ele me trouxe um balde velho de alumínio e meio amassado.

Curvei minha cabeça dentro do balde e soltei; senti ele ir para meu lado e dar leves tapinhas nas minhas costas.

— Isso... Solta tudo o que tem que soltar, deixa sair... —  estou com a cabeça abaixada, mas posso jurar que ele fazia caretas ao falar isso.

Sinto ele parar de bater nas minhas costas e surgir em minha frente de novo flutuando, planando sei lá o que infernos ele está fazendo. Com isso, levanto a minha cabeça e o olho desde seus pés erguidos flutuantes até seu rosto e olhos vermelhos.

— E-eu morri? — pergunto sentindo algo escorrer no canto da minha boca.

— Éééé...t-tem um pouquinho aqui oh —  ele gesticula em si mesmo no local em mim onde senti escorrer alguma coisa.

— Eu perguntei se eu morri — fungo meu nariz, e sinto minha garganta arranhar levemente por causa do vômito.

— Não sei, você se sente morto? —  o vejo me perguntar.

Meu encosto é um vampiroOnde histórias criam vida. Descubra agora