"O clima pende para grandes momentos de chuva na nossa região, alcançando um número maior do que o do ano passado. Semana sem lua no céu; podemos observar apenas as estrelas aparecendo para nós esta semana. Para a capital metropolitana de São Paulo..."
Me afasto da televisão, meu padrasto, Paulo, continua comendo seu bom e recheado cuscuz, enquanto um copo de café descansa no chão ao lado do seu pé direito. Seus olhos quase não piscam enquanto ele assiste e ouve ao jornal.
Vou para a cozinha, onde vejo minha mãe ajudando a Breno a se limpar. Ele olha para mim e ri, enquanto minha mãe pede brincalhona para ele parar de "formiga na bunda". Enquanto ela tira até mesmo resto de janta de cima da sobrancelha do guri ali.
- Mãe, um colega me chamou agora para dar um pulinho na casa dele. Tem algum problema? - questiono, arrumando a minha roupa.
Eu a vejo olhar o relógio da parede, talvez para calcular a hora para que eu chegue em casa, já que esta semana está sendo um pouco puxada para ela e Paulo.
- Não tem filho, contanto que você volte antes das dez. - ela arqueia as sobrancelhas enquanto me olha com carão.
- Tá certo, senhora. - respondo simples.
- Mas se não for entrar muito na sua vida. - ela ri, e eu também porque sei qual é a pergunta a seguir. - Quem é esse seu novo amig-
- Colega. - corrijo ela com um dedo levantado.
- Está bem, quem é esse seu 'colega', que quase toda noite você está indo na casa dele? - ela sorri com duplo sentido para mim.
Minha mãe sabe minha orientação; ela me abraçou quando contei a ela que talvez "também preferisse bananas do que somente morangos" - foi exatamente assim que contei a ela. Me acolheu e até mesmo brincou, disse que independente do que eu gostasse ou não, isso não mudaria o fato de que sou seu filho, e ela me ama exatamente do jeitinho que sou.
- Já que faz tanta questão, comandante - brinco - o nome dele é Gabriel - dou de ombros e vou me afastando em direção à porta do meu quarto.
- Gabriel de que? - ouço ela falar de longe.
- De alguma coisa aí mãe - disfarço, - apenas saiba que o meu c-o-l-e-g-a - sibilo a ela. - se chama Gabriel. - Ponto final, penso mentalmente.
Mexo na maçaneta da porta do meu quarto e a abro, mas logo tomo um susto. Havia um morcego dentro do meu quarto. Eu me assustei e ele se assustou comigo. Passou pela minha janela aberta e foi embora.
Minha mãe e Paulo, assustados com meu susto, me perguntam o que houve. Digo que era apenas um morcego, entro no meu quarto e fecho a janela, pegando a minha mochila que eu já havia arrumado desde cedo. Sinto ela pesada mais que o normal, mas tinha um motivo para isso.
Passo pela porta do meu quarto e a fecho logo em seguida. Olho para a minha mãe, que depois de calma se senta ao lado de Paulo no sofá.
- Então, eu tô indo família! - digo, caminhando até a porta de saída de nossa casa.
Quando estava para terminar de passar, ouço um "tchau" em uníssono e pedidos de cuidado no caminho.
Fecho a porta, respiro e começo a dar meus primeiros passos.
A vista estava agradável: pessoas voltando do trabalho, crianças sendo banhadas pelos últimos raios do sol nessa tarde, assim como eu. Tem o Renan que está vindo em minha direção; o céu está em confusão entre continuar azul e rosa ou deixar a penumbra escura recair aos céus e...
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Meu encosto é um vampiro
VampireLucas Martins é um jovem de 20 anos que não é muito de se envolver em farras e bebedeiras. Porém, seu grupo agitado de amigos o convence a ir para uma noitada em uma velha cabana no meio da montanha, na cidade do interior do nordeste onde moravam. A...