Capítulo 01 "Nothing to lose."

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Viena

"Nada a perder."
Cinco meses antes do assalto.

Quando não se tem nada a perder se torna uma pessoa que faz qualquer coisa, afinal, não existe ninguém para decepcionar, não tem pessoas amadas para perder ou bens para ver queimar. Foi por isso que eu acabei envolvida no maior assalto da história. Quando o professor me encontrou e ofereceu 2,4 milhões de euros, foi fácil aceitar, se der errado eu não perco nada, mas se der certo eu viro uma madame com o bolso cheio de grana.

Minha mãe era uma prostituta drogada que nunca soube quem era meu pai, assim que eu completei idade o bastante para andar e comer sozinha, ela me lavou até a praça mais longe que encontrou e me deixou lá sem olhar para trás. Eu não era idiota, sabia o que estava acontecendo e sabia que ela não voltaria, e no fundo, eu desejava que realmente não voltasse.

Comecei a pedir comida nas ruas e até uma certa idade as pessoas ainda tinham pena, davam comida e até dinheiro, mas quando eu comecei a crescer percebi que não tinha mais a compaixão dos outros ao meu lado, então comecei a roubar. Uma fruta aqui e uma bolacha ali, até que a fome falou mais alto e eu fui até o bairro rico da cidade para roubar as bolsas das madames, elas não sentiriam falta, mas eu precisava daquilo ou não iria sobreviver, aos poucos, roubar era natural, era fácil e até mesmo divertido.

Eu sempre soube que, quem quer que seja a pessoa que mora lá em cima, não gostava muito de mim e me reservou um futuro ruim, assim como o passado e o presente. Quem nasce no inferno não tem chances de encontrar a paz do paraíso.

O professor me levou até uma casa distante da cidada, onde me apresentou o resto do grupo, pessoas que, assim como eu, não tinham nada a perder.

- Sejam todos bem-vindos! E obrigado por aceitarem essa oferta de trabalho.

A risada estranha e muito engraçada me fez olhar para o lado e ver garoto sentado ali, ele é a personificação de gostoso, o seu físico compensava a risada estranha com certeza. Sorri, sentindo a vontade de rir junto com ele, mas quando percebi a expressão séria do professor me segurei e vi o garoto fazer o mesmo.

- Viveremos aqui, isolados do resto do mundo por cinco meses estudando como vamos dar o golpe.

- Como assim cinco meses? Você está louco?

Não era algo para reclamar, já que eu vivia invadindo quartos de hotéis e fugindo antes que alguém me descobrisse. Pelo menos terei cinco meses de moradia garantida. O professor explicou o motivo de precisarmos de cinco meses antes de aplicar o golpe.

- No momento vocês não se conhecem, quero que continuem assim. Teremos três regras, nada de nomes, sem perguntas pessoais e claro, nada de relacionamentos pessoais. - Minha expressão murchou, vendo meus planos de ir para cama com o gostoso ao meu lado indo embora. - Quero que escolham nomes, algo simples para nos identificarmos.

- Pode ser números, tipo, senhor 17 e a senhorita 23.

- Eu não lembro nem o número do meu celular.

- Eu sei, por isso, brinquei com isso.

- Que tal planetas? Eu posso ser marte e ele urano.

- Urano e não vou ser, pode esquecer.

- Por que não?

- Urano rima com ânus - uma risada me escapou e o outro garoto atrás de mim riu junto comigo.

- Vamos usar cidades - o professor decidiu.

E foi assim que eu comecei a me chamar Viena e o desconhecido gostoso ao meu lado, ficou conhecido como Denver. Depois que todos escolheram seus novos nomes, o professor começou a explicar mais sobre o plano e principalmente, o que iremos roubar e merda, vamos roubar a porra da casa da moeda.

A cama não era como a dos hotéis que eu invadia, com toda certeza, mas eu não estava acordada por isso e sim pela ansiedade me corroendo, decidi me levantar e procurei pelo relógio vendo o horário indicar 3:30, suspirei irritada e peguei a carteir...

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A cama não era como a dos hotéis que eu invadia, com toda certeza, mas eu não estava acordada por isso e sim pela ansiedade me corroendo, decidi me levantar e procurei pelo relógio vendo o horário indicar 3:30, suspirei irritada e peguei a carteira de cigarro com o isqueiro, sai do quarto e fui para a cozinha acendendo o cigarro ali mesmo, sabendo que se o Berlin ver isso vai dar um show. Com o cigarro entre os lábios, comecei a preparar um sanduiche para mim.

Sentir a fumaça entrar em meus pulmões é tranquilizante, assim como o calor da fumaça batendo em meu rosto, soltar a fumaça, tudo isso é como cinco segundos de silêncio dentro da minha cabeça.

- Essa é realmente uma visão impecável - a voz me fez virar para a entrada da cozinha e encontrar Denver sem camisa e um shorts de moletom, uma visão muito tentadora para a minha imaginação. Não disfarcei o meu olhar, já que ele não se importou de fazer o mesmo, eu usava um shorts de pijama curto e solto, o que mostrava mais do que deveria, a parte de cima era uma blusa que cobria toda a minha barriga, mas meus ombros e colo estavam a mostra.

Ele me olhava com o olhar faminto, brilhando em desejo, me deixando desconcertada.

- Quer um também? - Perguntei soltando a fumaça e pegando o cigarro entre os dedos, para servir um copo de suco. - Eu fiz dois.

- Eu vou aceitar - ele sorriu ao pegar o sanduiche e serviu para si um copo de suco.

Apaguei o cigarro na pia molhada e o joguei fora para me sentar em cima do balcão e começar a comer, Denver se encostou ao meu lado e de pé começou a comer.

- Você tem namorado? - A pergunta veio tão de repente que eu me engasguei com uma risada, ele me olhou - isso é um sim.

- Não.

A risada cessou, mas ainda tinha um sorriso em meus lábios e ele tinha um sorriso parecido com o meu.

- Bom.

- Bom?

- Sim, bom! - Deu mais uma mordida em seu sanduiche e eu olhei em suas íris verdes que tinham um brilho divertido.

Desci do balcão, lavei as coisas que sujei e peguei outro cigarro, ele lavou suas coisas também e se virou para mim.

- Vai dividir isso comigo também?

- Não sei, o cigarro de uma pessoa é algo pessoal - brinquei e sai para fora, vendo ele me seguir, acendi meu cigarro e entreguei um a ele, mas quando ele foi pegar o isqueiro, afastei a minha mão e acendi a chama, entendendo o que eu queria, ele colocou o cigarro entre os lábios e eu me distrai por alguns segundos, com a chama acesa aproximei o isqueiro do seu rosto, vendo os olhos verdes brilharem com a chama, assim como a pele que se iluminou. Acendi o cigarro dele, mas não me afastei por alguns segundos, quando percebi estar hipnotizada pelo brilho em seus olhos, soltei a fumaça em seu rosto e quebrei o transe que nós dois estávamos me afastando.

Aquela foi a primeira interação entre nós, foi estranha e divertida, mas foi ali que começamos, eu apenas não sabia disso ainda.

Forever Love ~ Denver Onde histórias criam vida. Descubra agora