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Não quero esquecer quem eu sou...

Não quero esquecer quem eu sou

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GUTO

O que eu disse mesmo sobre conquistar a Lupita e me livrar da dona Lizandra não ser um preço tão alto a pagar por aceitar essa história de namoro falso com a Dona Mila?

Porque, eu juro, que se soubesse que eu teria que acordar cedo num sábado pra ficar a manhã inteira andando atrás dela no shopping, pra "renovar meu guarda roupa", eu não teria aceitado.

— Oh, dona Mila, porque eu não posso ficar com as minhas roupas mesmo? — pergunto depois de entrarmos na quinta loja de roupas masculinas, pra escolher roupas novas. Só ali ela já tinha gostado mais do que um ano da minha bolsa de estágio e tinha mais roupas do que eu já usei a vida inteira.— Esse relacionamento é pra durar só dois meses. Aqui tem roupas pra minha vida inteira e para as próximas três gerações.

— Porque é claro que depois de todo o trabalho que eu vou ter pra te deixar apresentável, você não vai voltar a parecer um pobre lascado que não tem onde cair morto, mesmo que seja um!— ela diz, com aquele seu jeito sem paciência que já lhe era característico.— E, vai por mim, depois de ver seu novo visual, você nunca mais vai querer voltar a ser...— E me olha de cima pra baixo.— assim.

— E o que eu faço com as minhas roupas?

— Ah, garoto, sei lá! Doa pra alguma instituição de caridade, queima...só não use mais essas roupas.— Ela diz— Alem do mais, essa é a última loja que a gente vai entrar...

— Graças a Deus!— digo.

— ...depois a gente vai passar na barbearia e na ótica, porque vou mandar fazerem lentes de contato pra você.

— Ah, não...— digo quase chorando.

— E sem choro! Tô te fazendo um favor.

— Favor...eu sei que a senhora não quer é passar vergonha pela minha aparência...— resmungo.

— Disse alguma coisa?

— Nada não, dona Mila.— digo e sigo ela até a loja, fazendo aquele mesmo processo de escolher várias peças de roupa e ir experimentar todas elas, pra dona Mila avaliar minuciosamente até escolher algumas (todas iguais, diga-se se passagem) pra eu levar.

— Ai, não sei...tá faltando alguma coisa.— diz, me olhando com o último conjunto que ela pediu que eu experimentasse.

— Dona Mila, esse é exatamente igual a todos os outros que a senhora me pediu pra experimentar!— argumento— Só...escolhe e vamos embora logo  por favor.

— Quando foi que você ficou tão...insubordinado? Esqueceu que eu sou sua chefe?

— Lá na gravadora. Fora dela não.— argumento.

— E sua namorada, pelos próximos dois meses. — ela lembra — E você não deve saber, porque não é algo com o que tenha experiência, mas...num relacionamento, a namorada manda e o namorado obedece. Sendo assim...você vai voltar lá pro provador e eu mesma vou escolher uma roupa e levar pra você. Estamos entendidos?

— S-sim, dona Mila!— digo e volto pro provador me perguntando como ela consegue me aterrorizar tanto, começando a tirar a camisa. Assim que termino de tirá-la completamente, dona Mila surge no provador e me cubro.

— Toma! Tenta esse.— empurra uma camisa social e uma calça pra mim. Me atrapalho todo pra pegar e acabo deixando a outra que segurava cair no chão. Consigo perceber a boa olhada que a dona Mila me dá.

— A senhora devia ter avisado que estava vindo!— digo me cobrindo novamente.

— Ah, Guto! Até parece que eu vou querer te ver sem roupa!— diz, mas percebo que ela demora pra desviar o olhar e sai do provador. Troco de roupa e volto pra onde ela estava e faço aquela cena ridícula de dar uma voltinha na frente dela.— É, acho que já tá bom. Vamos pagar e ir pra barbearia.

E depois de pagar, ela me dá mais sacolas pra carregar e me leva até a barbearia.

— Cláudio, oi!— Dona Mila diz para o barbeiro, que sorri pra ela.— Trouxe um...cliente novo pra você.

— Uau...— O tal de Claudio diz, me analisando.— O que tem em mente pra ele, Mila?

— Algo que...tire essa cara de pobre coitado.— Dona Mila diz e ele me olha de novo.

— Vou ver o que eu posso fazer!— ele diz, me levando para a parte de cortar o cabelo, sentando-me em uma cadeira, colocando um daqueles aventais em mim, começando a cortar e arrumar meu cabelo. Quando termina e me olho no espelho, devo admitir que...gosto do que vejo.

— Nossa, eu tô diferente!— digo, me vendo de uma maneira que nunca tinha visto.

— Que nada, querido. É só um corte que te valoriza!— Ele diz, mas continuo me olhando, até que dona Mila aparece me olhando também.

— Olha, Claudio, você fez um ótimo trabalho!— ela diz pra ele e os dois saem conversando de perto de mim.

Dona Mila paga e vamos embora dali e, depois, ainda passamos na ótica, pra comprar "lentes de contato." Depois de um longo dia, sentamos juntos em uma mesa na praça de alimentação.

— Gostou do novo visual?— Dona Mila pergunta, ao me ver me olhando na tela do celular.

— É...eu tô diferente.— digo.

— A mudança externa é só o começo.— Ela diz.— Em breve, você também vai começar a mudar internamente.

— Não sei se eu quero mudar tanto assim. Não quero...esquecer quem eu sou.

— Às vezes é pra melhor. Eu mudei pra melhor.— Ela diz.— Enfim, trouxe o que eu pedi?

— Ah, sim. Informações sobre mim.— digo, lhe entregando um amontoado de folhas e ela me entrega outro, com as coisas que tenho que saber sobre ela, pra tornarmos isso mais convincente, caso nos perguntassem coisas sobre nós dois.

— Então, é isso, Guto. Segunda feira, nossa farsa terá início. Esteja pronto. — Dona Mila diz, estendendo a mão pra mim e a aperto, sabendo que agora eu não teria mais nem como voltar atrás.

 — Dona Mila diz, estendendo a mão pra mim e a aperto, sabendo que agora eu não teria mais nem como voltar atrás

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A farsa vai começar Aaaaaaaaaaa

Treat you better | GumilaOnde histórias criam vida. Descubra agora