Apesar de ser uma secretária muito competente, com um currículo de dar inveja, tem uma coisa que Mila nunca conseguiu: o amor e a atenção de Hans, seu chefe na gravadora Mancini.
Cansada de ser desprezada, ela resolve dar uma lição em Hans, fingind...
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MILA
Nunca pensei que fosse dizer isso, mas o Guto até que é...interessante. Conversamos sobre vários assuntos que eu nem sabia que a gente tinha em comum, principalmente as séries preferidas.
Acho que, no fim das contas, essa história vai servir pra alguma coisa. Quem sabe a gente até não se torne amigos? Nem me lembro da última vez que eu fiz um amigo de verdade, desses que não tem um interesse por trás. Quem sabe o Guto não se torne essa pessoa?
Depois de me despedir dele, volto pra minha mesa na recepção e vejo que algumas correspondências tinham chegado pro Hans. Resolvo ir até a sala dele entregar. Bato à porta, mas ele não responde então resolvo abrir.
A sala estava vazia. Ele ainda não tinha voltado do almoço. O computador estava aberto na mesa, com certeza no modo stand-by, enquanto vários papéis estavam espalhados por ela.
Eu juro que a minha ideia era apenas colocar a correspondência em sua mesa, mas meu olhar bateu em um dos papéis e eles pareciam...
— Isso são Procurações?— pergunto e me aproximo, olhando com mais atenção. Sim, eram procurações no nome da dona Frida pro Hans. Além disso, os outros papéis espalhados pareciam contratos com a assinatura da dona Frida.
"Eu, Frida Mancini, no uso das minhas atribuições mentais, Autorizo meu sobrinho, Hans Mancini a atuar como meu procurador nas questões relativas à gravadora Mancini Music"
Até aí, tudo dentro da normalidade, pois mesmo que a dona Frida adore estar por dentro dos assuntos da gravadora, estar presente em tudo morando em Miami é complicado. Seria mais que justo ela deixar o Hans como procurador, já que ele se esforça mais por isso aqui que os sobrinhos dela. Mas o que veio depois me deixou com um pé atrás:
"Autorizo, ainda, que o meu sobrinho realize transações bancárias e empréstimos no meu nome."
A dona Frida nunca autorizaria uma coisa dessas. Ela não confia tão cegamente no Hans a ponto de deixá-lo fazer empréstimos no seu nome. O que será que o Hans está tramando?
Tento me aproximar pra ver se leio mais alguma coisa, mas a porta é aberta e Hans entra.
— O que você tá fazendo aqui dentro?— Hans pergunta assim que me vê, perto da sua mesa.
— Eu...vim deixar as suas correspondências. Estavam lá na recepção e, como eu ainda não tinha muito trabalho, resolvi trazer pra você.
— Nossa, voce é uma secretária muito eficiente e proativa, nao é?— ele diz, pegando as correspondências e olhando uma por uma.— Agora você já pode ir, Mila. Deve ter gente esperando pra ser atendida...ou você quer ficar aqui?— pergunta, me olhando com um sorriso malicioso.— Estava aqui por outro motivo?
— É claro que não! Eu tô namorando o Guto agora, Hans...
— E você acha que aquele garoto é melhor que eu?— pergunta, me segurando pelo braço.
— Acho! — respondo na mesma hora— E por que tá tão incomodado? Você tá com ciúmes?
— Ciúmes? Daquele garoto? É claro que não, Mila. Você só tá se divertindo com ele porque você volta pra mim quando eu quiser.
— Não mais, Hans. Eu cansei de ser humilhada por você.— digo, tentando soltar meu braço do dele.— Me solta, você tá me machucando!
— Mila, você não pode simplesmente me ignorar. Ou esqueceu que quem paga o apartamento em que você mora e o carro que você dirige sou eu?— ele pergunta— Pra onde você vai sem esse apartamento? Vai voltar pra pensão do seu papai? Pensa bem, Mila. Você precisa de mim e mais cedo ou mais tarde, vai voltar pra mim. Eu não vou precisar fazer nada.
Finalmente, me solto do seu braço, mas acabo me desequilibrando e caindo no chão.
— Ai, droga! — digo, me levantando sozinha, enquanto Hans apenas me olha.— Não vai me ajudar?
— Ah, foi só uma quedinha. Pra você ficar esperta. Na próxima não vai ser sem querer...— Ele diz e termino de me levantar, saindo da sala dele, quase chorando, mas não daria a Hans esse prazer. Volto pra minha mesa na recepção e tento enxugar as lágrimas, pra que não caiam.
Sinto um leve ardor no cotovelo e percebo que devo ter me arranhado na queda, porque está vermelho e com alguns filletes de sangue.
— Mila, mandaram esses documentos pra arquivar!— Guto diz, chegando perto de mim e então olha pro meu braço.— O que aconteceu?
— Eu...me arranhei sem querer.— digo, sem olhar pra ele.
— Sem querer?
— Sim, eu...devo ter esbarrado em alguma coisa e me cortei.
— Tem alguma coisa de primeiros socorros aqui?— ele pergunta.— Posso...ajudar você a tratar. Cotovelo é meio difícil de alcançar.
— Ah, tem...— digo e pego a caixinha de primeiros socorros que ficava na recepção. Tinha Merthiolate, gase e alguns band-aids
Guto pega as coisas e limpa o machucado com todo cuidado, colocando um band-aid no final.
— Pronto, Mila!– Guto diz.
— Obrigada, Guto...— digo dando um sorriso de agradecimento, e acabo me lembrando do que vi na sala de Hans.— Guto, você...topa me ajudar com uma coisa?
— Mais uma?— pergunta num tom sofrido e o olho brava.— No que?
— Eu quero investigar o Hans. Acho que...ele tá metido com alguma coisa ilegal. Me ajuda a descobrir se é isso mesmo?— pergunto, mais uma vez, fazendo outra proposta a Guto.
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O Guto faz ela rir, enquanto o Hans a faz chorar. Ele cuida dela enquanto o Hans a machuca, ele valoriza ela enquanto o Hans a humilha.
Mas ela JURA que o homem da vida dela é o Hans e não o Guto.
Ainda bem que játá perto dela finalmente ver o Guto como algo mais, assim como ele nela.
