Última Carta; Parágrafo

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Para: Jeongguk

"Não sei bem como dizer, mas sei que esta é minha última carta. Não posso afirmar que aproveitei minha vida ao máximo, pois ela só poderia ter sido plena com você ao meu lado. Como não esteve, vivi apenas uma fração do que poderia ter vivido. Mas não se culpe; foi minha escolha esperar pelo momento de te ver de novo, e eu não me arrependo. Tive momentos de felicidade, uma carreira, família e amigos. Minha vida não foi toda ruim; foi boa do jeito que poderia ser, sem você aqui.

Não me impedi de amar novamente, mas nunca encontrei sentido em me relacionar com alguém, pois não fui capaz de sentir nem um terço do que sentia ao seu lado. Qual o sentido de amar pela metade? Para mim, não faz. Então, não é sua culpa. Você está com a ponta do meu fio vermelho e levou meu coração quando me deixou neste plano sem você. Agora, agradeço por todos os momentos juntos, pelas risadas, pelo amor e sacrifício que enfrentamos para permanecermos unidos. Agora, finalmente, poderemos descansar. Foi uma vida e tanto. Não foi como desejamos, mas espero ter toda a eternidade para recuperar o tempo perdido, sem que ninguém nos atrapalhe novamente. Quero poder dizer que te amo todos os dias, sem falta. Não quero continuar com esse arrependimento no peito; deveria ter sido sincero. Tenho certeza de que me acolheria, mesmo que não sentisse o mesmo, estaria lá por mim, não importando a forma.

Deixo todas nossas fotos e as suas fotos que tirei, guardadas dentro desta carta, como uma mensagem positiva de tudo que vivemos juntos e de como eu viveria tudo novamente, só para estar ao seu lado mais uma vez.

Jeongguk, você foi o significado da minha vida, mesmo não podendo participar dela inteira. Você foi a melhor parte e espero ansioso por uma reprise.

Eu te amo."

Ao final da carta, guardei-a no envelope junto com nossas fotos e selei com cera. Respirei aliviado e, ao olhar para a porta, vi Jeongguk esperando com um sorriso nos lábios, sua jaqueta de couro usual, calça cargo, coturno escuro e camisa branca. Alguns fios negros caíam sobre a testa, e seu piercing brilhava sobre o lábio.

— Você chegou! — digo, sorrindo amplamente, enquanto lágrimas escorrem dos meus olhos.

— Eu sempre estive aqui, só estava te esperando. Nunca te deixaria pra trás, príncipe. — Ao ouvir sua voz sedosa, que tanto senti falta ao longo dos anos, levantei-me rapidamente e corri para seus braços, agarrando-o firmemente, com medo de que escapasse. Senti seus braços me envolverem e apertarem com força.

— Nunca mais me deixe! — digo com dificuldade entre as lágrimas, levantando minimamente o rosto para observar o dele. Ele estava tão lindo quanto da última vez que o vi, e sua aparência não mudou nada; era o mesmo Jeongguk que amei durante tantos anos.

— Nunca mais... — ele concordou minimamente com a cabeça.

— Eu te amo.

— Eu sei, eu sempre soube. Eu amo você, Taehyung. — Pela primeira vez, nossos lábios se encontraram com a intenção de sentir um ao outro, acabando com toda saudade e qualquer distância entre nós. Era doce, calmo e gentil, repleto de sentimentos que não precisavam ser expostos, pois nossos corações sabiam exatamente o que sentíamos e compartilhavam em doces sinfonias a cada batida.

Depois de um momento, ele me ofereceu sua mão.

— 'Tá pronto? — sua voz soou novamente, agora em uma calma pergunta. Respirei profundamente, sequei minhas lágrimas e olhei para trás, vendo meu corpo velho e enrugado sem vida, com a cabeça deitada sobre a carta que escrevi, um sorriso nos lábios e os olhos fechados. A paz era visível em meu rosto. Ao me olhar no espelho, me vi novamente com dezoito anos, com as mesmas roupas de quando deixei Seul: calça de alfaiataria marrom escuro, sapato social e camisa social de botão em tom bege claro, com meus cabelos loiros brilhando novamente. Voltei-me para Jeongguk, agora com um amplo sorriso.

— Há muito tempo — disse, levando minha mão até a dele. Juntos, deixamos meu antigo quarto e descemos as escadas lado a lado. — Você leu minhas cartas? — perguntei, olhando-o com atenção.

— Cada uma delas — ele deixou um beijo em minha bochecha, fazendo-me sorrir ainda mais, se isso fosse possível. — Você é muito obcecado por mim — brincou.

— Nem vem! Seu stalker fantasma — retribuí, batendo suavemente meu ombro contra o dele, enquanto sentia sua mão apertar a minha suavemente, rindo divertido.

— Senti sua falta... — ele disse, enquanto parávamos em frente à porta de entrada da casa.

— Eu também, sem mais despedidas?

— Sem mais.

Então, ele abriu a porta e uma luz ofuscante invadiu a casa. Extremamente calmos e relaxados, atravessamos a porta juntos, lado a lado e com as mãos entrelaçadas. Prontos para o nosso recomeço, pois o fim nada mais é que um parágrafo ainda não escrito, e o nosso acabava de ganhar forma.

Minha alma sempre estará contigo, Jeon Jeongguk.

Fim.

Cartas Não Entregues | TAEKOOKOnde histórias criam vida. Descubra agora