Anna Fitzz - Segredos não duram uma noite

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Anna Fitzz se olhava no espelho, ajustando o uniforme do último ano do ensino médio. A manhã estava tranquila, mas o peso do aniversário do desaparecimento de Sophia Miller pressionava o coração de Anna como uma pedra. Cada movimento, cada preparativo para o dia, trazia flashes da última vez que viu Sophia.

O relógio marcava quase um ano desde que Sophia desaparecera, mas para Anna, os detalhes daquela noite estavam gravados em sua mente com uma clareza dolorosa. Ela fechou os olhos, e as imagens e sons daquela noite voltaram como um filme:

— Anna, como você pode dizer isso? — Sophia estava visivelmente abalada, seus olhos brilhando com emoção sob o luar.

— Eu só estou dizendo a verdade, Soph. Todo mundo aqui está pensando isso, eu só tive coragem de falar. — A voz de Anna era firme, mas suas mãos tremiam ligeiramente.

— Você acha que eu não sei? Mas eu esperava mais de você, Anna. Você era minha melhor amiga. — Sophia tirou o colar de amizade que Anna tinha dado a ela anos atrás, segurando-o com dedos trêmulos.

— Sophia, por favor...

— Não, Anna. Chega. Se é assim que as coisas são, então... — Sophia fez uma pausa, respirou fundo e, com um movimento rápido, lançou o colar no lago. O metal brilhou brevemente ao ser engolido pelas águas escuras. — Talvez seja melhor assim. Talvez devêssemos apenas acabar com isso agora.

— Soph, eu não quis... — Anna tentou se aproximar, mas Sophia já estava se afastando.

— Guarde suas desculpas, Anna. Eu preciso pensar. — Com essas palavras, Sophia se afastou na escuridão, deixando Anna sozinha, atordoada e arrependida.

Anna abriu os olhos, as últimas palavras de Sophia ecoando em sua mente. As lembranças eram como lâminas, cada uma cortando mais fundo à medida que o dia avançava. Ela sabia que não poderia mudar o passado, mas o peso de suas últimas palavras com Sophia a assombrava, alimentando sua determinação de descobrir o que realmente aconteceu naquela noite fatídica.

Enquanto revivia as memórias daquela noite traumática, a porta de seu quarto se abriu de repente, fazendo-a saltar. Sua mãe apareceu no vão da porta, com uma expressão apressada.

— Anna, você precisa levar o Theo para a escola hoje — disse ela, sem perceber o susto que havia dado na filha.

Anna, ainda recuperando o fôlego, respondeu com um tom irritado:

— Mãe, o motorista não pode levar ele? Estou atrasada!

— Anna, sem mais. Você vai levar seu irmão e ponto final — a voz de sua mãe se elevou, cortando qualquer tentativa de argumento.

Resignada e sabendo que discussões com sua mãe eram inúteis, Anna abaixou a cabeça e concordou. Apesar de pertencer à família mais rica da cidade, momentos como esse lembravam Anna de que o dinheiro não comprava independência sob o teto de seus pais.

— Muitos diziam que minha amizade com Sophia era uma luta de quem tinha mais dinheiro. — Anna murmurou para si mesma enquanto descia as escadas, tentando injetar um tom de brincadeira em suas palavras. — Mas acho que Sophia não estaria aqui para confirmar isso, não é?

Pegando as chaves do seu Porsche Cayenne branco — o último grito da moda entre as jovens ricas — Anna chamou Theo, que já a esperava silenciosamente na porta da frente. Seu irmão mais novo, sempre um enigma, entrou no carro sem dizer uma palavra. Anna, concentrada em seus próprios pensamentos tumultuados e ainda perturbada pelo aniversário do desaparecimento de Sophia, não fez esforço para iniciar uma conversa.

O trajeto até a escola foi preenchido apenas pelo som suave da música clássica que Anna colocou para tentar acalmar seus nervos. Theo, por sua parte, olhava fixamente pela janela, perdido em seus próprios pensamentos misteriosos. Anna ocasionalmente lançava olhares em sua direção, ponderando sobre a quietude de seu irmão, mas preferia deixar o silêncio não perturbado.

A noite em que tudo mudou Onde histórias criam vida. Descubra agora