V- Riscos.

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Annabeth.

— Merda. — Percy pragueja, se afastando dela subitamente.

Pânico toma conta de cada célula do corpo de Annabeth e seu primeiro instinto é descer da mesa, ajeitando o vestido e penteando os cabelos com os dedos. O soldado se abaixa para pegar as roupas no chão e ela nota as cicatrizes espalhadas em seu tronco exposto, contrastando em meio a pele bronzeada. Cicatrizes de guerra, ela presume.

— Annabeth? — a voz do lado de fora ecoa outra vez, rompendo sua linha de pensamento.

Percy leva o dedo aos lábios para pedir silêncio quando se inclina sobre ela para pegar o cinto na mesa. Ficam a míseros centímetros de distância antes dele voltar a se afastar, se escondendo entre as prateleiras abarrotadas de livros da biblioteca.

— Estou aqui! — a princesa finalmente responde, agarrando um livro qualquer que estava sobre uma pequena pilha em cima da mesa.

A porta se abre e uma sorridente Silena entra por ela.

— Eu procurei você nesse castelo inteiro! — exclama, abrindo um pouco os braços. Seus olhos atentos esquadrinham a sala. — Onde está o seu homem? — pergunta, para o horror da princesa. — Também não o vi em lugar nenhum.

— Perseu? — quase pronuncia "Percy", mas consegue se corrigir. — Ele não está no corredor?

Silena nega com a cabeça, as sobrancelhas se franzindo.

— Me surpreende ele não estar grudado em você.

Annabeth desvia o olhar para baixo, abrindo o livro e disfarçando ao engolir em seco. Não gosta de mentir, principalmente para Silena, mas não podia deixar que sua dama de companhia ao menos suspeitasse do que estava havendo entre Percy e ela.

Digamos que Silena não era a pessoa mais discreta do mundo.

O coração da princesa gela quando nota o tecido a seus pés. O mesmo tecido que o soldado removera de seu corpo antes de enfiar seu rosto entre suas pernas. Estivera tão eufórica com a situação e o medo de serem pegos que esquecera de se vestir.

Torcendo para que Silena não percebesse, discretamente chutou a peça para debaixo da mesa.

A morena caminhou até uma das poltronas, se jogando sobre ela e esticando as pernas sobre a mesa de centro.

— Charles me pediu em casamento. — confidenciou, parecendo totalmente alegre de repente. — Dá pra acreditar?

Annabeth sabia que ela esperava que se alegrasse com a notícia, mas em vez disso a princesa apenas se espantou. É claro que imaginava que havia algo mais entre Silena e Charles, mas não que estivesse em estágios tão avançados.

— E isso significa que você não vem comigo. — a loira não se orgulha do rancor expresso em seu tom de voz. Ser deixada de lado não era algo com o qual estava acostumada, e ser deixada de lado por Silena, alguém que estivera ao seu lado a vida toda, com certeza não era fácil.

Silena não deveria estar esperando aquela reação, pois virou um rosto horrorizado na direção dela:

— Como se o príncipe de Esparta fosse me querer lá.

— Não importa o que ele quer e sim o que eu quero. — retruca a princesa.

— Você ainda vai ter Perseu. — pondera.

— Eu não suporto Perseu. — vê a si mesma dizendo. — Ele nem fala comigo. Ou dança. Só me insulta e repreende. — deixa o livro que segura sobre a mesa, percebendo as pernas trêmulas ao caminhar até a poltrona de frente para onde a dama de companhia se encontrava. — Vou morrer de tédio se for obrigada a passar o resto dos meus dias na companhia dele.

Touch It - (percabeth)Onde histórias criam vida. Descubra agora