Chapter 31

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Fazia cerca de duas horas desde que Jeff saiu por aquela porta. Ele já nos havia mandado uma mensagem, há cerca de uma hora, a avisar que chegara ao suposto esconderijo de Desmond e que ele tem um plano para entrar no tal local. Aquele estúpido. Quando ele chegar a casa ele vai ver o que eu lhe vou fazer.

- Já faz muito tempo.. Se calhar ele está em apuros, devíamos ir procurá-lo..

- Aonde? - Carl chamou-me à razão. É verdade, nós não sabemos aonde ele está, só sabemos que está a menos de uma hora de caminho. Pois, é normal que Desmond se instale perto, ele tinha de vigiar-me a mim e ao Jeff vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana, para conseguir ter-me de volta. Dá-me arrepios pensar nele.

- Eu não sei, Carl.. Tenho medo que lhe aconteça alguma coisa quer dizer, o que que ele sabe sobre armas? - Dizia com uma voz triste e preocupada enquanto encarava Carl nos olhos. Ele parecia confuso e amedrontado, tal como eu.

- Eu também não sei, mas acredita que não há maneira de o ajudarmos se não fazemos ideia de onde ele está, tens de respirar fundo, eu conheço-o, ele vai desistir à última da hora e vai vir a correr para casa.. Vais ver. -Carl falava. E enquanto estas palavras eram pronunciadas, ele içou-se do sofá somente para vir ao meu encontro envolver-me nos seus braços. Ele apertou-me contra o seu peito.

- Tu não viste os olhos dele como eu vi. Ele estava determinado, eu acho que ele vai mesmo tentar. -Murmurei contra o seu peito assim que já me encontrava deitada no mesmo. Não sabia bem o que havia de pensar de Jefferson, só convivo com ele há pouco mais de alguns míseros meses e metade desse tempo, ele esteve obcecado com encontrar Desmond e matá-lo. Acho que o posso julgar alguém muito preocupado, apaixonado e determinado.

- Se ele tentar... Não sei... Não sei se haverá algo que possamos fazer para ajudá-lo depois de ele ter cometido um... -Carl fez uma pausa. Parecia não querer dizer a palavra do crime que um dos seus melhores amigos estava prestes a cometer naquela precisa altura em que estávamos a falar.

- Homicidio. - Sussurrei quando me apercebi de tal hesitação.

- Sim. Se ele o fizer e se houver alguma maneira possível de nós o ajudarmos, podes ter a certeza de que o iremos fazer, está bem? -Assenti. Honestamente, ele estava a sair-se bem nesta cena toda de 'conforto'. Não sei bem o que eu gostava de ouvir sobre aquele assunto mas o que ele me dizia ajudava. Mesmo.

- Está bem. - Concordei num tom baixo e monótono.

- O que achas Will? - Carl elevou a questão para o homem sentado no sofá, de cotovelos apoiados nos joelhos e encarando o nada, que ainda não havia dito uma única palavra desde que a mensagem fora recebida.

- Acho que podemos tentar localizá-lo. -Will concluiu após uma longa pausa e virou a face para nós ainda com a mesma expressão séria e monótona. - O telefone dele está ligado e também temos o número dele, não será muito dificil com todos aqueles programas de rastreio que ele tem instalados no computador. -Ele encolheu os ombros enquanto refletia em alto a sua ideia.

- Porque que não pensaste nisso antes, puto? - Carl chamou-lhe a atenção e afastou-se de mim correndo até o portátil do meu namorado e abrindo-o em cima da mesa. Uma password era necessária. - Mel, sabes a passe? - O rapaz virou-se para mim esperançoso mas eu nada podia dizer. Não sabia.

- Eu ham.. Não sei. - Murmurei calmamente encarando os rapazes. Eles pareciam incrédulos com a minha falta de conhecimento sobre a palavra-passe do computador do meu namorado.

- Como assim, não sabes? - Will parecia mais incrédulo a cada segundo que passava. Suspirei e baixei ligeiramente o olhar, envergonhada com tal acontecimento.

- Desculpem, não sei a palavra-passe dele.. Mal sei mexer aí propriamente.. -Suspirei. Era uma ótima ideia rastrear o telefone dele através do seu computador mas, graças a mim, já não será capaz realizarmos tal plano.

- Sabes de algo que seja importante para ele? - Will voltou a perguntar, insistindo.

Acenei na negativa ainda de cabeça baixa e murmurei um pequeno 'desculpa' de seguida. Sentia-me culpada da ponta do cabelo até ao mindinho do pé.

- Não te preocupes Mel, vamos descobri-la. -Carl reconfortou-me começando a teclar no computador a um ritmo alucinante.

Eu sentia-me completamente inútil nesta altura. Precisava de ajudar os rapazes a encontrarem o meu namorado, o rapaz que está atualmente a arriscar a sua vida para me deixar feliz, e eu não era capaz de saber uma simples password!

Levantei-me do sofá e caminhei até a janela, olhei em volta pensando insistentemente em diversas coisas que pudessem ser importantes para o meu namorado. Pizza era importante para ele.

- Tenta pizza. -Virei a face sobre o ombro encarando Carl pelo canto do meu campo de visão. Ele teclou. Negou.

Suspirei suavemente.

- Tenta sexo. -Murmurei ainda mais baixo encarando agora o chão, esperando ouvir as teclas e o som de negação irritante feito pelo computador quando a palavra-passe estava errada. E foi o que aconteceu.

Mais um silêncio constrangedor se instalou. O silêncio era tanto que era possível ouvir os corações dos presentes a baterem forte e rapidamente no peito de cada um de nós.

- Tenta Melody. -Will concluiu. Carl teclou. O som irritante soou levando o meu coração a esvaziar-se. Eu não era a coisa mais importante para ele como eu pensava.

- Deixa-me tentar uma.. -Murmurei e caminhei rapidamente até ao computador, empurrei Carl para o lado e teclei, lentamente. Entrou. Voltei a sentir-me feliz e concretizada. Escrevi por extenso, tal como Jeff gosta.

- O que puseste? -Carl questionou enquanto se apoderava do computador em questão de segundos.

- O dia em que começamos a namorar, por extenso. - Sorri largamente com o resultado e brinquei com os meus dedos. Ou algo muito bom, para além do nosso relacionamento, tinha acontecido naquele dia ou ele realmente valorizava a nossa data.

Carl riu-se de leve e Will limitou-se a sorrir. Estavam contentes e começaram ambos a trabalhar para descobrirem como funcionava o aparelho e Jeff. Ele era uma verdadeira bagunça! Não tinha nada no lugar nem nada organizado, estava tudo simplesmente estampado no ambiente de trabalho e nós é que tínhamos de procurar o que quer que fosse naquela lixeira.

Voltei-me para trás, sentei no sofá, cruzei os braços sobre o meu peito e esperei pacientemente para que eles descodificassem o que necessitavam de descodificar para encontrarem o meu namorado insano.

Bateram à porta.

- É ele! -Exclamei sorridente e corri até a porta abrindo-a escancarada para a casa inteira ver o meu.. Raptor. Não era Jefferson na porta, era Desmond, o que me levou a perguntar imediatamente o que poderia ter acontecido com Jefferson quando este foi ter com o demônio.

- Olá querida, sentiste saudades minhas? -Ele sorriu de forma pretensiosa e começou a avançar na minha direção. O desespero era tanto que eu mal conseguia me lembrar de como era suposto eu respirar. É desta que eu morro.

«Tortura»Onde histórias criam vida. Descubra agora