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08 || Unhas e Dentes

"O que te preocupa, te escraviza"

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"O que te preocupa, te escraviza"

John Locke

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Agatha não foi uma criança difícil, permitia que a mãe escolhesse suas roupas e decidisse como o seu cabelo deveria ser preparado, depois se sentaria no banco do carro e iria para onde o pai decidisse. Nunca discutiu, nem mesmo os questionou sobre como as coisas iriam ser- iriam em chás, em almoços e jantares caros, para festas de aniversários luxuosas ou para eventos beneficentes, então, poderia ir a algum evento na faculdade que o pai dava aulas. Sempre foi obediente e quieta, brincando com seus próprios dedos quando tudo estava irritante e se encostando em alguma parede enquanto os outros tinham seus momentos de destaque... sempre, era isso o que preferia.

Até mesmo quando os pais brigavam aos berros, quando Frances tampava-lhe os ouvidos e a levava para o quarto dela e, logo em seguida, as puxava para a cama e se escondiam embaixo da coberta com o leve cantarolar da irmã mais velha- Agatha não falava nada, apenas aceitava ser conduzida e embalada pela calmante voz de sua bela irmã mais velha. Na escola sentava-se no meio da sala, em locais estratégicos para fugir de questionamentos irritantes de professores ou, então, de amizades reais demais para sua personalidade.

Quando o pai cansou-se de Maude, a mãe, e da vida que levavam e finalmente pediu o divórcio... o mundo pareceu mudar um pouco. Maude arrastou ambas as filhas para uma busca de egos na América do Sul, atrás de sítios arqueológicos que pudessem lhe dar algum prestígio. Frances aprendeu espanhol quando ainda estavam na Colômbia, mas Agatha passou os próximos anos seguintes andando com um dicionário e se escondendo dos hotéis ou apartamentos alugados pela mãe.

Frances voltou para a Inglaterra, foi brilhar sob a perspectiva da Alta Sociedade e de seu belo sorriso.

E daquele dia em diante, Agatha se contentou em se esconder nos quartos e continuar a se afundar em seu universo favorito.

Era disso o que gostava... nem mesmo quando voltaram para Inglaterra desejou permanecer com a avó e a mãe, fugiu no primeiro momento que pode e se escondeu embaixo das asas de seu pai.

Agatha era acostumada a se deixar ser levada pelas mares leves e, principalmente, fugir de qualquer coisa maior do que isso... fugiu da casa do pai quando as coisas começaram a crescer demais e se escondeu, tal como um rato, em um apartamento minúsculo depois disso.

Gostaria de estar fugindo agora, gostaria de estar bem longe de toda aquela confusão. No entanto, seu medo era maior.

Ainda não entendia o que estava acontecendo. Ainda se beliscava todas as manhãs ao acordar e todas as noites ao dormir. Ainda esperava acordar em sua cama com a velha coberta dos Simpsons. Ainda acreditava que abriria os olhos e encaria o teto branco e a parede tomada por quadros, os livros para serem arrumados e as roupas lavadas para guardar... ainda esperava se ver livre daquela confusão.

LINHA TÊNUE || DAEMON TARGARYENOnde histórias criam vida. Descubra agora