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09 || Na Casa do Inimigo

"A palavra é meu domínio sobre o mundo"

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"A palavra é meu domínio sobre o mundo"

Clarice Lispector

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Agatha Van Doren ganhou "Guerra dos Tronos" de seu pai e aquele foi o primeiro presente que ela realmente teve apreço- foi pouco tempo antes de roubar outro dos hábitos de seu pai, o vício em cigarros. Lembrava-se de ler e reler os livros enquanto a mãe passava semanas em algum sítio arqueológico, atrás de informações e possíveis descobertas para suas pesquisas- durante a ausência da mãe, Agatha possuía uma rotina quase certa: ia para a escola, voltava para o hotel e lia por toda a tarde, depois iria pedir alguma coisa na recepção e tentaria dormir. Não era raro pular as aulas quando não tinha disposição, principalmente por seu espanhol precário e sua contrariedade em socializar com pessoas que não veria mais depois de três meses- era quando sentia inveja de Frances e sua estável estadia na Inglaterra, onde continuava a brilhar e conquistar seus invisíveis prêmios.

E agora, ela era obrigada a ver os mesmos rostos, escutar os mesmos falatórios, passar pelos mesmos corredores, comer as mesmas comidas... haviam os dias que simplesmente pensava em como seria se jogar da janela de seu "quarto", no entanto, sabia que nunca teria tanta coragem para tal- seu ato mais imprudente nos últimos anos foi sair de casa em um dia chuvoso e, logo depois, tentar alcançar seu celular caído em uma ponte.

Obviamente, essa infeliz ideia trouxe consequências que a jovem ainda lutava contra...

Dormia após se beliscar.

Acordava e logo afundava os dedos na pele do braço.

Via os hematomas que causou em seu próprio corpo, aqueles que representam a busca por sua antiga vida, por sua cama confortável e coberto dos Simpsons, os livros amontoados e bagunçados, o notebook repleto de trabalhos para acabar... os seus cigarros também.

Era por isso que encarava, insistentemente, a sálvia deixada em sua xícara para o chá que recusou durante sua primeira refeição do dia- estava cansada desses infinitos chás, desejava mais do que tudo algum refrigerante cheio de açúcar, conservante e gás, um que poderia deixá-la diabética em seu futuro. Foi quando olhou aquelas folhinhas e se lembrou de Sam, o garoto de armações grossas e coloridas que conheceu na primeira semana de faculdade, que a via como uma espécie de amiga e esporadicamente a seguiu por um ano inteiro... Sam julgava o seu vício por "cigarros industriais e repletos de venenos" enquanto colecionava uma vasta coleção de ervas em sua janela, aquelas que ele usava para fumar- Sam gostava de sálvia e em muitas ocasiões tentou convencer Agatha de acompanhá-lo, no entanto, ela nunca teve grandes interesses em malditas ervinhas e seus possíveis efeitos calmantes. Ela gostava do gosto da fumaça cancerígena tomando conta de seu pulmão e, obviamente, roubando anos de sua vida...

LINHA TÊNUE || DAEMON TARGARYENOnde histórias criam vida. Descubra agora