Um acto de cortesia

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— Oi, Andy!

— Caroline, oi! — disse Andrea, um pouco surpresa, enquanto tirava seus óculos de leitura.

— É, a Clara me deixou entrar; ela disse que não estava ocupada.

— Para você, nunca estou. Como está? Sente-se, por favor!

— Ótima. Na verdade, eu vim só para me despedir. Hoje foi meu último dia aqui e... — por alguns segundos, Caroline não se lembrava do motivo de ter ido à sala de Andrea — na verdade, eu acho que nunca tinha te visto com óculos de leitura; eles são bem legais.

— Eles me acrescentam uns dez anos de idade, você quer dizer.

— Oh, não. Eles te deixam... — a Pristley afinou os olhos e fez um bico, como quem estava analisando e pensando numa maneira de suavizar sua resposta — eles realçam a harmonia dos traços do seu rosto. — Os risos de Andy tomaram a sala.

— Tenho medo de perguntar o que isso significa, mas estou feliz que tenha vindo. Assim como fiquei quando soube que você queria trabalhar este período aqui conosco. É uma honra, senhorita Priestly. Espero que tenha gostado da experiência e que isso, de fato, seja útil para a sua carreira.

— Com certeza será. — Antes de pensar em algo mais para dizer, um silêncio constrangedor a fez arrepender-se de ter ido até ali. Após toda a hesitação...

— Me dá um abraço? — Quando Caroline virou, Andrea estava bem ao seu lado, de braços abertos.

Antes do abraço, o perfume invadiu seus pulmões e seu coração quase errava as batidas. Aquele abraço, aquele perfume, junto com seu sorriso, era o que ela realmente queria; tinha valido a pena ir até ali.

— Sentirei muito a sua falta. — disse Andrea no meio do abraço, que durou mais de cinco segundos. Caroline contou, e quando terminou, ela tentava lembrar o que significava um abraço de oito segundos e nada vinha à mente, apenas a sensação de que tinha sido um abraço bom e talvez mais do que isso. — Manda um beijo para sua irmã. — terminou a jornalista.

Caroline recordava-se desse momento que tinha ocorrido há uma semana, enquanto aguardava seu voo no aeroporto de Nova York. Estava sentada em um dos sofás da cafeteria com sua mãe, observando sua irmã a uma certa distância, abraçada à sua nova futura e talvez já namorada, Kate. As duas se abraçavam, trocavam carinhos e riam de alguma coisa que Caroline não podia ouvir.

— ... o lançamento do documentário. Bobbsey! — Miranda chamou a filha.

— Sim, disse alguma coisa? — perguntou, voltando a si.

— Estava sorrindo. Está namorando alguém?

— Eu não, mãe. Sou como a senhora; eu sempre estrago tudo. — brincou a filha, sorrindo de lado em provocação.

— O melhor que você herdou de mim foi o seu bom humor, Bobbsey. Nunca se apegue ao que disse agora; eu ainda posso te surpreender.

— A senhora acabou de sorrir? — os olhos da gêmea estavam exageradamente abertos, como se nunca tivesse visto sua mãe sorrir. — Acho que vêm boas notícias por aí; só espero que não seja o francês, com todo respeito.

Por dentro, havia uma dor da qual Caroline não podia se distanciar. "E se for Andrea?", isso tornava sua memória maravilhosa em quase incestuosa, e isso dava uma agonia que ela não desejava mais sentir. Lembrou-se imediatamente do motivo pelo qual desejava tanto voltar a New Hampshire.

— Eu estava dizendo que a sua volta coincidirá com o lançamento do documentário. Por favor, não inventem nada, nem viagens nem festas; vocês precisam estar lá.

A Priestly ErradaOnde histórias criam vida. Descubra agora