Capítulo 1 - A princesa

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Em um reino distante..

- Amara? Querida? Por favor, se continuar desta forma, não serei mais compreensivo.

Este é meu pai, fala apressado pois hoje é mais um daqueles dias onde tenho que receber visita de um homem que não conheço, e escutar ele falar toda riqueza e fortuna que tem a me oferecer.

- Pai, por favor, me deixe ficar no quarto, só hoje! Já te pedi algo a mais que isso? - Digo, na esperança de ser compreendida.

- Amara, nós já conversamos.

- Conversamos, eu sei. E em todas as nossas conversas, eu não quis sair do quarto.

Ouço ele bufar, e então dar a última palavra.

- Saia. - O tom não parecia mais compreensivo, então soube que ele estava sério.

Não tive mais opções, a não ser, sair do meu quarto. Não estava com uma cara boa, porém, estava com a porta aberta..

- Minha menina está linda! - Os olhos de meu pai brilham ao me ver.

- Sua menina queria dormir um pouco.

- Você terá a noite toda, querida. - Meu pai segura em minha mão, e vai me guiando até longe do quarto. - E a senhorita sabe que já está marcada a séculos esta visita.

- Sei bem. - Respondo sem muita alegria.

- O vestido que mandei fazer, é esplêndido, não é? Apesar de não saber de nada sobre vestidos, ao menos quis te agradar um pouco. - Ele me fez rir.

- Obrigada, pai.

Meu pai é um bom homem, me criou muito bem, e cuidou de mim como se fosse uma pedra preciosa. São tantos cuidados, que sou limitada a alguns lugares, desde que minha mãe se foi.. ou pelo menos, acho que se foi. O caso de minha mãe não é comentado há anos aqui no castelo, ninguém viu, ninguém ouviu, ninguém sabe de nada, mas eu não sei ficar calada com tantas perguntas em minha mente.

Depois do desaparecimento dela, meu pai se tornou um homem mais reservado, eles de fato se amavam muito, o amor interrompido ainda deve doer. Porém, meu pai sempre quis se mostrar um homem resolvido, mesmo também não aceitando o sumiço dela, ele a lembra como sua mais linda memória. Uma noite, antes de mamãe nunca mais voltar, ouvi eles no salão, a música era apenas a base de um piano, e meu pai dizia as palavras mais lindas a minha mãe, tão lindas que nunca mais as esqueci.

"Meu amor.. no meu peito, bate uma coisa que é sua, somente sua. Lhe dei meu coração, porque encontrei o pedaço que faltava, em você.. eu sou as veias, e você é o sangue que circula em mim. Sem você.. oh minha amada, sem você.. não sei do que será de mim, minha doce Adhara."

Meu pai colocou o nome do reino, em homenagem a ela.

- Sua mãe ficaria orgulhosa de ver você crescendo e ficando uma moça linda, mais do que sempre foi. - Ele acaricia minha mão, enquanto continuamos andando até a sala do trono.

- Ficaria mesmo.. Mas ainda não acredito que ela está morta.

- Sabe que não gosto desse assunto.

- Me desculpe, mas estou falando a verdade! Não aceito que mamãe leve esse título de defunta, mesmo não sabendo se ela está morta.

Eu não devia tocar no assunto, mas não consigo, e em resposta, recebo o silêncio de meu pai.

- Me desculpe, papai.. - Não o olho, mas o sinto relaxar.

- Tudo bem. Agora esqueça isso, está bem?

- Sim papai.

Chegamos ao sala do trono, e Frederico, braço direito de meu pai, já estava à nossa espera.

Em um reino distante..Onde histórias criam vida. Descubra agora