⋆. PRÓLOGO

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A visão que ela tinha era turva, em meio a tons distintos de azul, em meio ao frio que lhe envolvia. Ela sentia o próprio corpo flutuar, e aquilo poderia ser uma sensação boa, ela sempre quisera flutuar, se ela não precisasse manter a boca fechada, a respiração presa.

Buscava por algo. 

Alguém.

Os fios loiros compridos dançavam ao redor de seu corpo, que submergia na água fria a cada segundo que passava, sem sequer fazer qualquer esforço de voltar para a superfície. Ela não podia voltar. Não ainda. 

Precisava encontrar o que buscava. Quem ela buscava. Necessitava daquilo naquele momento tanto quanto de ar para respirar. E ela realmente precisava muito de ar para respirar.

Seu coração pulsava em desespero, tão forte, alto, que ela tinha quase certeza que conseguia ouvi-lo bater, mesmo com o zumbido em seus ouvidos. 

Queria gritar, queria chorar. Seguia apenas girando a cabeça de um lado para o outro, tentando ver, em meio ao mundo embaçado, algo. 

Alguém

Tentou girar o corpo, a água fazendo com que seus movimentos se tornassem ainda mais lentos, a agonia tomando conta do seu peito, o ar começando a ser necessário. 

Deveria desistir, voltar à superfície, encher os seus pulmões de ar, manter-se viva. 

Mas como poderia manter-se viva se lhe faltava algo? 

E, então, ela viu. Abaixo dela.

Ainda havia esperança.

Bolhas saíram de suas narinas pelo pequeno alívio que sentira. O ar se foi ainda mais. Seu peito pesou, doeu. 

Mas ainda havia esperança. 

A mulher puxou o espaço ao seu redor, impulsionando o corpo naquela direção. Ainda não conseguia alcançá-la. 

Tentou mover as pernas, chutar a água, puxá-la. E nada.

Lembrou-se, tarde demais, que não sabia nadar.

Ela precisava nadar. 

Sentia os olhos doloridos, tudo em sua puxando-a para mais fundo, o mundo em tons de azul. 

Azul. Azul. Azul. 

Ela só conseguia ver azul. 

Mais uma vez, tentou. Lutou contra a água. Foi fundo o suficiente para que ela conseguisse alcançar a mão de quem ela buscava. Fundo o suficiente para que ela sentisse o frio diminuir com o calor do abraço de alguém envolvendo o seu corpo. 

Por fim, se permitiu fechar os olhos. 

Não tinha mais forças para lutar, não tinha mais forças para voltar à superfície. 

Mas agora tinha o que precisava. 

Não era mais necessário lutar. 

Ainda assim, desejava que aquele abraço fosse mais forte, desejava sentir aquele calor familiar que tanto amava ainda mais perto, mesmo que não fosse possível. 

Imaginou que não tivesse forças para mais nada, nem sequer se mexer, mas ainda tinha forças para fazer uma promessa silenciosa à quem lhe abraçava naquele instante, antes de entregar-se ao breu. 

──⭒─⭑─⭒──

Hey, Wolves! (Acostumem-se com o apelido. Vou chamar vocês assim sem motivo algum aparente)

Talvez vocês estejam confusos em como esse prólogo se encaixa no conteúdo da sinopse, mas eu prometo que vai fazer sentido depois. Espero que tenham apreciado a leitura ;)

WRONG PERSON ⋆. wenclairOnde histórias criam vida. Descubra agora