Raposas Negras

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Sombras de Ébano: A Lenda das Raposas Negras

A noite caíra sobre o vilarejo de Nocturnia, e as crianças estavam reunidas ao redor de uma fogueira crepitante, ansiosas pela chegada do Velho Narrador. Ele surgiu das sombras, seu manto esfarrapado balançando suavemente com a brisa noturna. Os olhos das crianças brilharam de excitação e um pouco de medo, sabendo que estavam prestes a ouvir mais uma de suas histórias assustadoras.

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Com um gesto lento e deliberado, o Velho Narrador se acomodou junto à fogueira e olhou para as crianças. “Hoje,” começou ele, sua voz grave e ressonante, “vou lhes contar sobre as misteriosas Raposas Negras.”

As crianças se inclinaram para frente, seus olhares fixos no Velho Narrador, que continuou:

“As Raposas Negras são criaturas astutas e sinistras que habitam as florestas mais sombrias e antigas. Dizem que são espíritos antigos, capazes de mudar de forma e manipular as sombras ao seu redor. Elas possuem pelagens negras como a noite e olhos brilhantes, tão vermelhos quanto o fogo do inferno.”

Ele fez uma pausa para deixar que as palavras penetrassem nas mentes jovens e impressionáveis.

“Há muitos anos,” prosseguiu, “havia um vilarejo muito parecido com o nosso, cercado por uma floresta densa e misteriosa. Nesse vilarejo, vivia um jovem chamado Elias, conhecido por sua curiosidade insaciável e seu desejo de desvendar os segredos da floresta.”

“Certa noite, Elias decidiu explorar mais fundo na floresta do que jamais havia ousado antes. Com uma tocha em mãos, ele se aventurou entre as árvores altas e sombrias. Os galhos pareciam se fechar ao seu redor, e o som de seus passos ecoava de forma sinistra. Ele caminhou por horas, até que encontrou uma clareira iluminada por uma luz sobrenatural.”

As crianças estavam agora totalmente imersas na história, seus olhos arregalados e cheios de expectativa.

“No centro da clareira,” continuou o Velho Narrador, “Elias viu uma raposa de pelagem negra como carvão, seus olhos vermelhos brilhando intensamente. Ele tentou se aproximar, mas a raposa desapareceu nas sombras, como se nunca tivesse estado lá.”

“Determinando a seguir a criatura, Elias continuou sua jornada, guiado pelos ocasionais vislumbres de olhos vermelhos na escuridão. Ele sabia que estava se aproximando de algo importante, algo que poderia mudar sua vida para sempre. Finalmente, a raposa o levou até uma caverna oculta por trepadeiras e musgos.”

O Velho Narrador fez uma pausa dramática, observando as reações das crianças antes de prosseguir.

“Dentro da caverna, Elias encontrou um antigo altar, coberto de símbolos estranhos e pedras brilhantes. Sentado no altar, havia um livro antigo, suas páginas amareladas e desgastadas pelo tempo. Ele começou a ler, descobrindo que aquele era um grimório, um livro de feitiços e segredos das Raposas Negras.”

“Enquanto lia, Elias sentiu uma presença ao seu redor. Ele levantou os olhos e viu a raposa negra novamente, agora acompanhada por outras, todas observando-o atentamente. Ele soube então que havia descoberto algo proibido, algo que os espíritos da floresta protegiam ferozmente. As raposas se transformaram em sombras e começaram a se aproximar dele.”

As crianças prenderam a respiração, suas mentes pintando a cena com cores vívidas de medo e mistério.

“Elias tentou fugir,” continuou o Velho Narrador, “mas as sombras eram rápidas e implacáveis. Elas o cercaram, e a última coisa que ele viu foram aqueles olhos vermelhos brilhando na escuridão. Ele nunca mais foi visto.”

“As pessoas do vilarejo, preocupadas com seu desaparecimento, formaram grupos de busca, mas tudo o que encontraram foram pegadas que desapareciam nas sombras da floresta. Desde então, as Raposas Negras se tornaram uma lenda, um aviso para aqueles que ousam se aventurar nas profundezas da floresta.”

“Elas são guardiãs de segredos antigos, e quem tentar descobrir esses segredos paga um preço alto. Suas sombras ainda espreitam entre as árvores, e seus olhos vermelhos ainda observam, esperando por mais um curioso que se atreva a cruzar seu caminho.”

O Velho Narrador se levantou lentamente, seu olhar fixo nas crianças, que estavam em silêncio, hipnotizadas e aterrorizadas. “Lembrem-se,” disse ele suavemente, “não se aventurem na floresta à noite, e não tentem desvendar os segredos que as Raposas Negras guardam. Pois aqueles que o fazem, raramente voltam para contar a história.”

Ele se virou e começou a se afastar, desaparecendo na escuridão, deixando as crianças com os olhos arregalados e corações batendo rápido. As chamas da fogueira lançavam sombras dançantes ao redor, e na mente de cada criança, as imagens das Raposas Negras permaneceriam por muito tempo, um lembrete de que nas sombras de Ébano, o perigo nunca está longe.

E enquanto o Velho Narrador desaparecia na noite, um sorriso sombrio cruzou seu rosto. Ele sabia que essas histórias não eram apenas para assustar, mas para preparar. E cada alma que ele encontrava era mais um passo em sua jornada eterna, alimentada pelo medo e pelos pesadelos que ele tão habilmente tecia.

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Assim, a lenda das Raposas Negras e do Velho Narrador se entrelaçava com a vida das crianças de Sombra Fria, perpetuando o ciclo de medo e mistério nas sombras de ébano.

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Sombras de ÉbanoOnde histórias criam vida. Descubra agora