Proteger-te

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Estou começando a me preocupar. São duas da tarde e o Príncipe ainda não saiu do quarto. Não tenho certeza se ele ainda está dormindo, mas sei que se a hora do treino chegar e ele não sair, o Rei vai ficar emputecido com nós dois.

Não sei devo bater na porta ou não. A dama de companhia chegou mais cedo pra chamar o Kim mas ela foi expulsa do quarto. A opção mais sensata é não fazer nada e, caso o rei questione, basta eu alegar que ele não compareceu e eu vou sair ileso. Mas quem eu quero enganar? Em circunstâncias normais eu não hesitaria em seguir esse plano, afinal, esse é o meu trabalho. No entanto, algo está me impedindo de fazer isso.

O Kim enfrentou uma briga com o Rei pra me dar o direito de descansar, não dedurar ele é o minímo que posso fazer. Também lembrei do que o Rei disse ontem sobre a reunião importante com o Nobre e o Duque, por isso tomei a minha decisão menos sensata pro momento.

—Sr.Kim? — bato na porta do quarto e não ouço uma resposta. — Desculpe por atrapalhar e ser inconveniente, mas faltam poucos minutos pro nosso treino.

Não obtive resposta. E foi aí que eu percebi que não devia ter feito isso. Me afasto da porta e volto à minha postura profissional. Tentei ajudar, mas se não deu certo, não posso fazer mais nada.

 

O dia passou e chegou às 18h. Por sorte o Rei ainda não apareceu, eu agradeço aos deuses silenciosamente por isso mas não posso negar que estou começando a me preocupar. Ele não deu nenhum sinal de vida, não saiu pra comer nem pra beber água, na verdade ele nem sequer fez qualquer barulho dentro do quarto.

Eu preferi seguir com o meu trabalho, não posso me arriscar a perder esse emprego porque no momento ele é tudo que eu tenho. Estou distraído quando ouço passos na escada e me deparo com a silhueta do Rei e dos seus dois guardas reais.

—Jeon, onde está o Taehyung? — ele foi direto até a porta e segurou a maçaneta, mas eu o impedi de entrar.

—Ele está se vestindo, senhor — engulo em seco e faço uma reverência. — Aconteceram alguns emprevistos e ele se atrasou, mas já está se preparando pro nosso treino.

Por que fiz isso? Por que apenas não cumpri o meu trabalho e disse a verdade? A chance de mentir pro Rei e acabar sendo esfolado é incalculável. Onde eu estou com a cabeça?

—Hum — ele larga a maçaneta e vira de frente pra mim. — Por que ele não compareceu às aulas?

—Nós estávamos andando pelo jardim externo do castelo quando uma Donzela pediu ajuda ao Príncipe com um livro em latim — digo a primeira mentira que me vem à mente. — Isso ocupou o tempo dele.

—Ele demonstrou algum interesse pela garota? — arqueia uma sobrancelha.

—Não sei lhe informar, senhor, mas suponho que ele tenha sentido algo a mais por conta do elogio que fez ao seu vestido.

—Interessante — ele exibe um sorriso curto, quase escondido pela barba. — Capriche no treino. Quero ver ele preparado pra enfrentar qualquer obstáculo que essa guerra vá proporcionar.

—Às suas ordens, majestade — faço outra reverência.

—Você é um excelente profissional, Jeon.

A meia-noite chegou, o horário do curativo, mas ele não apareceu. Não sei se devo entrar no quarto como em outras ocasiões, talvez ele só queira um tempo sozinho. O fato de ele não ter comido e nem bebido nada o dia todo me fez questionar se essa é a decisão mais sensata. Respiro fundo e me sento na cadeira pra dormir. Eu definitivamente estou sem paz.

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