Floresta Amaldiçoada

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Essa semana está diferente pra todo mundo do reino, o clima em Arnhil está estranho. Eu já não estou mais ferido, o machucado sumiu graças ao Jeon. Ele fez os curativos certinho e agora não está pegando pesado nos treinos.

Outra mudança foi o fato de ele praticamente me obrigar a comer todo dia. Café da manhã, almoço, lanche e janta, ele sempre me acompanha e faz questão de encher o meu saco até eu comer tudo. Segundo ele, é pra eu não ficar fraco nos treinos, mas sei muito bem que tem a ver com o que aconteceu naquele dia.

Gosto da preocupação dele mas sei que está fazendo apenas a sua obrigação. Como guarda real, é dever dele me manter saudável e protegido, então não me apego ao sentimento confortante sempre que ele demonstra qualquer preocupação.

-Ei, você está no mundo da lua hoje - sento no chão da sala de treinamento,

-Desculpa, senhor. Ficarei mais atento - Jungkook guardas as espadas no suporte e senta ao meu lado, respirando fundo.

Encolho minhas pernas e abraço os meus joelhos, encarando a sua feição serena.

-Quantas vezes vou ter que dizer pra não me chamar assim?

-O senhor é o príncipe, já disse que não posso faltar com respeito.

-Você dormiu abraçado comigo, não somos mais tão informais.

Minha diversão é ficar relembrando isso o tempo todo. Ele fica tenso sempre que menciono o que aconteceu, é o único momento que sinto alguma verdade vinda dos seus olhos e não aquela capa que ele e os outros guardas usam.

-Não fique relembrando isso, o Rei pode aparecer ou- - ele foi interrompido pelo barulho da porta. Meu pai apareceu junto com os dois guardas reais dele. Meu coração disparou.

-Terminaram de treinar? - sua voz está amarga como sempre.

Jungkook rapidamente se põe de pé e eu faço o mesmo.

-Sim, pai - respondo.

-Vá pro seu quarto. Jeon, acompanhe ele e depois vá até a minha sala, quero conversar com você - ordena e sai junto com os dois brutamontes fedorentos.

-Foi bom trabalhar com o senhor - ele suspira e dá um sorrisinho trêmulo.

-Foi? - sorrio.

-Senhor Kim, vamos subir logo - ele está cansado das minhas provocações, sei disso, mas me divirto sempre que vejo o quanto ele fica sem graça.

-Só quando você não me chamar de senhor - cruzo os braços e me encosto na parede.

-Kim, vamos subir.

Sorrio satisfeito e saio na frente. Ele me acompanha até o meu quarto.

-Se ele brigar ou falar algo, me avisa que eu resolvo, entendeu? - olhos nos seus olhos.

-Tudo bem, obrigado - sorri pequeno.

-Boa sorte - entro no quarto e fecho a porta.

Não sei o que o meu pai falou pra ele mas sei que foi algo tão ruim quanto esperávamos. Jeon bateu na porta do meu quarto dez minutos depois de descer pra sala do meu pai e sua feição estava estranha, ele já não usava mais aquela máscara dos guardas, estava tão chateado que não conseguia disfarçar.

-O que ele queria? - pergunto.

-Como eu disse, foi um prazer trabalhar pro senhor - ele encosta o corpo na porta fechada, resistindo à vontade de suspirar de frustração pra não parecer inadequado. Faça isso.

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