Sacrifício

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O dia amanheceu.

Tive uma noite de sono maravilhosa, finalmente sinto que estou descansado e recuperado da confusão de ontem. Vesti uma calça folgada pra não atrapalhar o curativo e uma blusa pouco formal. Temos uma reunião daqui a alguns minutos. Os Reis Jorah e Magnus já chegaram, o Príncipe Eric também veio, ele é filho do Rei Jorah.

—Está preparado? — Jungkook me pergunta assim que saio do quarto.

—Sim — respiro fundo. — Dormiu bem?

—Maravilhosamente — sorri de lado.

—Preparado pra me acompanhar numa reunião tão importante quanto essa?

—Pode apostar que sim — olha de soslaio pra mim. — Duvida da minha formalidade, Príncipe?

—Até meio segundo atrás, não. Mas como você acabou de me chamar de Príncipe, estou repensando minha opinião — desço as escadas um pouco mais a frente dele.

—Acha que não tenho formalidade por que lhe chamo de Príncipe? É o que você é, é a forma correta, inclusive.

—Prefiro quando me trata como um ser humano qualquer.

—Mas você é um ser humano qualquer — passa por mim e para na minha frente, mostrando seu sorriso sacana. — A diferença é que tem um posto de Príncipe de Arnhil.

—Você adora encher o meu saco, não é? — paro de andar antes de esbarrar nele.

—Lhe conheço há pouco tempo pra afirmar que adoro encher o seu saco. Eu diria que é mais uma forma de distração do que um hobbie.

—Por que não fica caladinho, hum? É sempre uma boa opção — reviro os olhos e passo por ele. Ouço sua risada soprada.

—Prefiro continuar lhe perturbando.

—Olha só — me viro pra ele e aponto o dedo na sua cara —, você me levou pra aquela Floresta cheia de monstros e um dia depois eles atacaram o nosso reino. Ninguém naquela sala vai saber o que nós fizemos, eles vão continuar achando que é escassez, mas nós dois sabemos que aborrecemos o deus Rayh.

Estive pensando nisso desde que pousei a minha cabeça no travesseiro ontem a noite. Nós não deveríamos ter entrado lá, nós provocamos essa chacina e agora tem mais de vinte homens mortos em Osyra.

O sorriso dele cessa aos poucos e ele cruza os braços. Desvia o olhar e força um sorrisinho torto.

—Você realmente acha que foi culpa minha — raspa a língua no canto da boca.

Não é justo eu sair como egoísta agora, eu só dei minha opinião. Nós não deveríamos ter entrado lá e eu estou admitindo isso, só falta ele concordar comigo.

—Não estou dizendo que a culpa foi sua, não ponha palavras na minha boca. Nós entramos na Floresta, nós provocamos.

—Não foi isso que causou a invasão, Kim — me encara, dessa vez mais sério.

—Como pode ter tanta certeza?

—Eu já disse, eu apenas sei.

—Mas adivinha? Isso não é um motivo coerente pra mim.

Porra, custa explicar?

—Jungkook, eu sei que você sabe mais sobre os deuses, a Floresta, as tradições, os acontecimentos ou seja lá o que. E é por isso mesmo que estou dizendo isso, porque quero entender — ouço passos e abaixo o tom de voz. — Fui privado de aprender sobre essas coisas a minha vida toda e eu sinceramente nunca me importei, mas o reino está entrando em guerra, os deuses estão se enfurecendo e eu preciso agir como um Príncipe agora. Me diga o que sabe, eu preciso saber de tudo se quiser proteger Arnhil.

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