Deveres

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A trégua apareceu. 

Os Ravoks fugiram assim como o Jungkook disse. Eles correram pra Floresta Sangrenta aos berros e carregaram alguns dos corpos dos seus companheiros assassinados. 

Quando a tempestade baixou e o Jeon achou que tudo estava tranquilo, nós saímos do castelo e fomos pro meio do reino. Há corpos espalhados pelo chão, guardas ensanguentados com aqueles líquidos escuros e pegajosos e alguns homens mortos ou feridos.

—Namjoon, como estão as coisas por aqui? — pergunto assim que chegamos perto dele.

—Depois de tudo que aconteceu, eu diria que aceitável — suspira e leva as mãos até a cintura. — Achei que o estrago ia ser maior.

—Quantos guardas morreram? — Jungkook pergunta.

—Certa de seis à sete, não foram muitos, felizmente — guarda a espada e me encara. — Você se feriu?

—Não foi nada demais.

Jungkook guarda a espada na bainha e rasga um pedaço da manga da camisa que está usando. Ele caminha até mim, se ajoelha ao meu lado e enrola a minha coxa com o pano. Fecho os olhos com força e murmuro um palavrão qualquer.

—Precisamos lavar o machucado e pôr algum tecido de linho em volta da coxa dele, isso vai segurar por pouco tempo — levanta e olha ao redor. — Tem muitos guardas machucados..

—Precisamos cuidar dos feridos antes que seja tarde demais. O Rei fugiu, precisamos reunir todos em algum lugar e convocar todos os curandeiros da vila, acham que conseguem me ajudar? Podemos aproveitar pra cuidar do machucado do Taehyung — Namjoon sugere.

—Eu cuido disso, levem os feridos pro galpão ao lado da vinícola, vou chamar os curandeiros e alertar aos moradores — dou o recado e me retiro. 

Não sou de cumprir meus deveres como um Príncipe deve fazer, mas o meu pai fugiu e o reino precisa de mim agora.

—Atenção! Todos prestem atenção! — grito para todos ouvirem. Os murmúrios cessam e os moradores olham pra mim. — Todos os feridos devem ser levados pro galpão ao lado da vinícola não importa se o machucado for o menor possível! Os curandeiros devem ir pra lá imediatamente e vocês podem ajudar levando linho, algodão e sabão. Os guardas da linha de frente devem fazer uma revisão pelo reino e reunir todos os corpos para serem sepultados no fim da tarde. Agradeço a atenção e peço a ajuda de todos vocês nesse momento complicado.

Saio em direção às casas de curandeiros que conheço e as pessoas começam a se mexer pra fazer o que eu pedi. 

—Príncipe Kim, o que vamos fazer com os corpos dos Ravoks? — dois guardas me param no caminho.

—Levem-nos pra câmara de purificação e limpem qualquer resquício de sangue — digo a eles. — Façam uma vistoria no castelo e se certifiquem de que todas as empregadas estejam bem e recebam ajuda se for preciso.

—Certo, senhor — eles fazem uma reverência e saem.

Torno a caminhar em direção à casa de um dos curandeiros mais antigos do reino e bato na porta antes de entrar. Ela está apenas encostada, imagino que o neto dele tenha saído pra ajudar com os feridos.

—Senhor Roran? — passo pelo corredor conferindo os cômodos da casa.

—Príncipe Kim, é uma honra recebê-lo em minha casa — o velhinho faz uma reverência e sorri para mim. — O ataque acabou? O senhor está bem?

—Eles foram embora mas deixaram alguns guardas feridos, preciso que ajude da forma que puder no galpão principal do reino.

—Oh, certo, estou indo pra lá agora — seus olhos azuis descem até a minha coxa. — O que aconteceu?

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