Ainda não viu nada

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Camila pega o lençol que jogou no chão e se enrola

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Camila pega o lençol que jogou no chão e se enrola.

— Pai, eu posso explicar. — Camila diz, desesperada por ter sido descoberta.

— Por que está gritando? — Medson pergunta, surpresa. Camila? O que você está fazendo aqui? — Medson está surpresa, sem nem imaginar o que estava acontecendo logo à sua frente. Veio comemorar com a gente?

— Medson, me ouça, por favor... — Vinícius tenta se justificar, mas Medson não consegue entender realmente do que está falando.

— O que está acontecendo? Me explique o que?

— Como você é ingênua, irmãzinha. — Camila provoca, ignorando os olhares de desapontamento do pai.

— Cala a boca, Camila! — Caio grita, parando ao lado de Medson e tentando levá-la para fora do quarto.

— Alguém pode me dizer por que vocês estão gritando?

— Nada demais, eu estava apenas sentando gostoso no seu namorado e você interrompeu.

— O quê? — Medson sente seu corpo tremer, como se tivessem lhe dado um forte soco no estômago.— Eu... eu não acredito... — ela murmura, sentindo-se traída e decepcionada.— Por que, Vinícius... por que fez isso comigo?

— Foi só uma vez, eu juro. — Vinícius tenta se defender, mas fica claro que sua traição foi exposta.— Por favor, amor. Vamos conversar a sós.

— Só uma vez, gostoso? — Camila gargalha.— Querida ceguinha, eu venho me relacionando com o seu namorado há um ano. Você nunca se perguntou por que ele não tentava nada com você? — ela se aproxima da Medson e pega em sua mão, levando-a ao próprio pescoço.— Sente esse suor, esse cheiro viciante. Ele jamais ia querer ficar com você, tendo uma mulher como eu. Vinícius está com você por pena, somente por isso, você sempre foi digna de pena! Quem vai querer namorar uma cega inútil?

— Cala a boca! — Mauro grita, se aproximando da filha e puxando seu braço com brutalidade.

— Qual é, pai, vai ficar do lado dela? — Camila pergunta, demonstrando todo o desprezo que sente por Medson.

Mauro encara os olhos de Camila e desfere um forte tapa em seu rosto.

— Você é minha maior decepção, Camila.

— Amor, me escute... eu não quis fazer isso. Eu posso explicar o que aconteceu. Só me escute...— Vinícius fala segurando nas mãos de Medson, mas ela recusa seu toque.

— Explicar o quê? Que você estava sentado na cama e Camila e caiu pelada em cima de você? — Medson diz, sentindo a angústia aumentar.— Como pôde fazer isso comigo? Tanto que lhe pedi para não mentir ou me trair, você prometeu não fazer isso, caramba, Vinícius, era só terminar comigo.

— Ah, quer saber, eu te traio faz um tempo já, não é só com sua irmã, mas com várias das minhas alunas. Você sempre foi burra demais para perceber. Já não aguentava mais essa sua frescura de deixar para se entregar pra mim, quando encontrasse o momento certo. Esse momento nunca chegou e eu me cansei de você.

Medson sente as lágrimas rolarem sem parar, extremamente chocada com tudo que está ouvindo.

— Caio, me tire daqui... por favor. — ela implora.

— Eu sinto muito, Medson. — Caio fala, segurando seus braços e caminhando ao seu lado. Ele a senta no sofá e volta para o quarto com sangue nos olhos.

Medson ouve vários socos vindos do quarto, mesmo sabendo que o que Caio mais detesta é violência, ela sabe que ele não conseguiu se controlar. Pelos barulhos que Vinícius fazia, ela sabia que Caio estava batendo nele.

— Caio, por favor, não faça isso. — Camila grita, desesperada.

Medson aperta a almofada ao ouvir os gritos de Camila, Mauro tenta separar a briga, mas era inútil. Cada grito, cada ofensa é insuportável para seus ouvidos.

— Você é um desgraçado, Vinícius. Sempre soube que você não presta, mas jamais imaginei que seria tão canalha. — Ele fala, levantando Vinicius e segurando pelo pescoço.— Seu verme, nunca mais se aproxime dela. — Falando isso, ele solta Vinícius, que cai no chão sem ar.

— Você é maluco, cara?

— Você ainda não viu nada! Mexeu com a pessoa errada. Hoje eu não farei absolutamente nada com você por respeito à Medson, mas quando menos esperar, algo muito ruim pode acontecer com você.

Medson abaixa a cabeça, quase entre as pernas, e com as mãos cobre os ouvidos.

Caio sai, se controlando. Ele vê Medson ainda chorando. Em um instante, um toque trêmulo segura delicadamente em suas mãos.

— Carinho, estou aqui. Vamos para casa. — Caio diz, calmamente.

Medson levanta e o abraça apertado, sua voz não sai. A dor da traição é tanta que ela não consegue controlar. Apesar de querer gritar, Medson apenas baixa a cabeça e encosta no peito de Caio, chorando.

Assim que ouvem que estão indo para a sala, Medson pede para ir embora. Mauro fica lá, discutindo com Camila e Vinícius.

— Medson, você está bem?

— Sim, estou bem. Só não caiu a ficha ainda de que minha própria irmã me traiu tão covardemente.

— Sinto muito. Pode parecer que não, mas você vai ficar bem. Saiba que pode contar comigo para qualquer coisa.

— Eu sei, obrigada por isso. Você pode dormir em casa hoje? Não quero ficar sozinha.

— Claro, não pretendia ir a lugar nenhum.

Medson sorri fracamente, abre a janela do carro e encosta a cabeça no banco, ela suspira fundo de olhos fechados, sentindo o vento bater em seu rosto.

O caminho é silencioso. Caio queria dizer tantas coisas, mas ele sabia que nada que dissesse poderia apagar o que ela presenciou.

Subindo para o quarto, Medson se senta na cama, com a cabeça baixa.

— Caio, por quê ele fez isso? Ainda não consigo acreditar que a Camila estava esse tempo todo com ele... poxa, ela é minha irmã!— Ela desabafa.

— Sempre te disse que era para tomar cuidado com ele, mas nem eu imaginei que ele fosse capaz de ficar com a Camila.— Caio diz segurando nas mãos dela.— Sei que está doendo por ser ela.

— Por que a Camila fez isso... Não me entra na cabeça que ela me traiu, sei que não somos mais próximas, mas isso é demais.

— Não sei por que esse ódio todo que Camila sente por você. Eu só sei que te conheço melhor que ninguém e sei da garota incrível que é. Então a única coisa que posso concluir é que sua irmã sente inveja porque você é tão perfeita.

Caio senta ao seu lado, e Medson deita em suas pernas.

— Inveja? Só não entendo inveja de quê? Não posso dar um passo sem ter alguém por perto, tudo que faço é com medo de estar errando, vivo numa escuridão que me tortura dia após dia. Camila tem tudo, ela sempre foi uma mulher linda, me lembro dos detalhes do seu rosto, pode ter uma vida normal, sair a hora que quer, fazer tudo sem limitações. — Medson desabafa sentindo as lágrimas escorrerem pelo seu rosto.— Por que ela não pode ser o que era antes? Nossa amizade era tão linda.

— Sinto muito Med! Sei que essa dor não é pela traição do seu namorado e sim por que veio de quem você jamais imaginou.

— Exatamente isso. Estou sentindo como se tivessem me apunhalado pelas costas. Eu nunca fiz nada de errado para merecer tantas coisas ruins.

Foram horas se lamentando, até que seus olhos ficam pesados, Medson chorou até pegar no sono e dormir.

— Descansa, carinho... te amo, irmã. Nunca vou deixar você sozinha.— Caio sussurra. Ele ficou olhando ela dormir por longos minutos, imaginando como seria se ele tivesse crescido ao seu lado.— Será que um dia você me conseguiria me amar como seu verdadeiro irmão?

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