Te perdi ou nunca te tive?
.A noite já ia alta quando o som do meu celular cortou o silêncio do apartamento. Era Lee, e a urgência em sua voz era palpável.
- Temari, é o Shikamaru. Ele está aqui no bar... não está nada bem. - A preocupação de Lee era quase tangível.
Eu mal tive tempo de responder, já estava a caminho. O ar da noite era fresco, mas a preocupação queimava em meu peito. O que teria acontecido para deixar Shikamaru assim?
Chegando ao bar, o encontrei com a cabeça baixa, os olhos perdidos em algum ponto distante. Lee me olhou com preocupação.
- Ele só pediu uma bebida atrás da outra. Não sei o que se passa, mas ele mencionou algo sobre a festa da Ino... - Lee disse, passando a mão pelos cabelos.
Eu assenti, lembrando da tensão que havia sentido entre Shikamaru e Sai naquela noite. Sem perder tempo, chamei um Uber e ajudei Shikamaru a entrar no carro.
- Onde você mora agora, Shikamaru? Preciso saber para te levar para casa. - perguntei, tentando manter sua atenção.
- Não importa... - ele murmurou, e eu pude ver o cansaço em seu rosto. - Só me leva com você.
A viagem foi silenciosa, exceto pelo som da respiração de Shikamaru, que lutava contra o sono. Quando chegamos, o ajudei a se acomodar no sofá, cobrindo-o com uma manta. Ele parecia tão frágil ali, tão diferente do estrategista confiante que eu conhecia.
- O que aconteceu com você? - sussurrei, mais para mim mesma.
Foi então que ele abriu os olhos, e por um minuto, a sobriedade retornou ao seu olhar e colocou um cacho meu atrás da orelha.
- Temari... - ele começou, sua voz rouca. - Te perdi ou nunca te tive?
Aquelas palavras me atingiram como um raio. Antes que eu pudesse formular uma resposta, ele já havia caído no sono novamente. Fiquei ali, parada, com o coração pesado e a mente cheia de perguntas.
Deixei Shikamaru no sofá e fui para o meu quarto, mas o sono não veio. As palavras dele ecoavam em minha mente, e eu me perguntava o que significavam. Será que havia algo entre nós que eu não havia percebido? Ou era apenas o efeito do álcool falando?
A noite passou devagar, cada tic-tac do relógio me lembrando da confusão de sentimentos que eu tentava ignorar. E quando o amanhecer finalmente chegou, eu sabia que nada seria como antes.
Na manhã seguinte, o sol invadiu o apartamento, lançando raios de luz sobre o sofá onde Shikamaru ainda dormia. Eu o observei por um momento, a luz do sol destacando os contornos de seu rosto sereno.
- Shikamaru? - joguei uma almofada em sua cabeça, aproximando-me.
Ele murmurou algo ininteligível e virou-se, protegendo os olhos da luz.
- Acorda, temos que falar sobre ontem à noite. - insisti, sentando-me na beirada do sofá.
Ele abriu os olhos lentamente, piscando contra a luz.
- Temari? O que... - ele começou, confuso.
- Você não se lembra de nada? - perguntei, cruzando os braços.
- Lembro... lembro que estava no bar, e depois... - ele parou, olhando para mim como se tentasse juntar as peças de um quebra-cabeça.
- E depois você me ligou bêbado, e eu tive que ir buscar você. - completei, não conseguindo esconder a irritação na minha voz.