02: Um filme diferente

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Nos quase três meses que passaram desde o casamento de Barbara em Los Angeles, Rick cuidou sozinho de sua agenda, garantindo que a imprensa não soubesse com o que ficaria ocupado pelas próximas semanas. Não conversara com John desde do pedido de férias e ainda aguardava a resposta quanto a sua participação em "Risco Fatal".

Durante esse período, realizou os estudos referentes a seu novo papel, o que incluiu comprar uma bíblia e se dedicar à leitura das passagens selecionadas especificamente para seu personagem. Contudo, uma cena específica o preocupava: a conversão de seu personagem. Exigiria muita emoção e ele precisava lançar mão de artifícios para não fazer da cena algo caricato. Surpreendentemente, gostava desse novo hábito. Acabou se disciplinando e lia a bíblia todos os dias, começando pelos Evangelhos e o Novo Testamento.

Agora, estava no Brasil para o início das filmagens de Na Harmonia da Fé. Já estava pronto, quando parou por alguns segundos de frente ao grande espelho próximo à porta do prédio, pensando que, enfim, encontraria Diana. Era o dia da leitura do roteiro, então conheceria a equipe de produção e o elenco. Durante os últimos meses, Rick se instalou em uma cobertura próxima ao estúdio. Há dois anos não dirigia por São Paulo, então escolheu um local que atendesse a seus gostos – a cobertura alugada contava com uma mini academia – e que fosse perto.

O bairro da sua cobertura ficava na Zona Oeste. O GPS o guiou pelas ruas da cidade e em dez minutos já estava no estacionamento da Maxin Film. Ao consultar o relógio de pulso, viu que estaria na sala de Fernando Marques, no horário exato marcado. Os dois já tinham se falado anteriormente por chamada de vídeo e acertaram detalhes técnicos do contrato, concordando que a divulgação quanto a participação de Rick no filme só seria revelada para Imprensa ao final das filmagens, coincidindo com o início das divulgações de marketing. Fazia calor em São Paulo, era a sua segunda primavera no ano – há alguns meses já tinha passado a primavera nos EUA. Assim que desceu do carro, Rick se arrependeu de ter escolhido uma camisa de mangas. Dobrou-as até o cotovelo e seguiu para o interior do estúdio.

No estacionamento também estava Diana. Tinha acabado de tirar a chave da ignição, quando viu um homem de camisa vinho, com mangas dobradas até o cotovelo, caminhando próximo à entrada do prédio. Seu porte e perfil fizeram-na se lembrar de alguém familiar. Rick Sartori? Riu consigo mesma ao imaginar que pudesse ser ele e por fim, concluiu que não poderia ser. Culpou o fato de ter sonhado com ele na noite anterior. Evitou pensar em Rick e na situação do casamento durante os meses que se seguiram, até porque tinha muito trabalho para fazer. Nesse intervalo de tempo, Diana também conseguiu uma edição traduzida do seu último livro. Já fazia um mês desde que enviara o arquivo para Pamela Davis e ainda seguia sem resposta.

Todas as etapas da pré-produção do filme estavam concluídas e finalmente tinha chegado o dia da leitura do roteiro com toda a equipe, tanto de produção quanto de atores. Diana aceitou a decisão de Fernando em manter o suspense acerca do ator principal até o dia em que finalmente o conheceria.


Rick foi recepcionado por Fernando que saiu ao seu encontro assim que fora informado da sua presença. Seguiram caminhando juntos e em poucos metros já estavam na sala da diretoria.

― Vem sempre ao Brasil? ― Perguntou Fernando, enquanto guiava Rick para um sofá.

― Não tanto quanto eu gostaria ― Respondeu Rick. ― Vai ser o período mais longo que vou ficar aqui, desde que me mudei para os EUA.

― Aceita uma água? ― Fernando foi até o frigobar.

― Sim. Obrigado. ― Rick aceitou a garrafinha e observou Fernando se sentar.

Fernando Marques era grisalho, com sobrancelhas cheias também grisalhas e mais baixo que Rick.

― E como está de expectativas? É bem diferente do que você tá acostumado a fazer. Confesso que estou bem animado.

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