14: Saudade | Parte 1

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Rick seguiu a semana lidando com o que estava sentindo. Não sabia o que o esperar quando Diana retornasse e teria pouco dias até o seu retorno para os Estados Unidos.

Sonhou com ela na madrugada de terça. Acordou inquieto. Já no estúdio, ouviu Malu comentar que Diana voltaria apenas no sábado. O que era uma boa notícia, já que ele e seus primos combinaram de fazer um almoço no domingo e o plano, era convidar Diana, apresentá-la a parte da família e dizer o que sentia em relação a ela. A ordem dos eventos não importava, contanto que todos acontecessem. À medida que pensava em como falaria com ela mais inquieto ficava. Nunca tinha feito isso antes, nunca tinha se sentido dessa forma. Era como se estivesse à beira de um despenhadeiro.

Ainda na terça, participou do encontro na casa de Michel, que agora contava com o dobro de pessoas. Teve dificuldades para se concentrar no ensino, era levado de volta para o sonho. Comportamento esse que não passou despercebido por Michel. Rick aceitou quando ele pediu para conversar no final do encontro, depois que todos fossem embora.

― Então ― Disse Michel quando os dois estavam a sós na garagem, ambos sentados em cadeiras plásticas. ― O que te perturba?

― Diana. ― Rick equilibrava sua Bíblia em uma das pernas. ― Eu sonhei com ela essa noite. Depois que a conheci em Los Angeles, eu achei que estava... quebrado. Eu não consegui me relacionar com mais nenhuma outra mulher. Achei que se eu a conquistasse, superaria em seguida. Bom, nenhuma das duas coisas aconteceram.

― Sim. ― Respondeu Michel.

― Eu sonhei. Sonhei com nós dois juntos. A boa notícia é que eu não estou quebrado. A ruim, é que eu não estou sabendo lidar com isso.

― Achou que não sentiria mais desejo?

― Achei que seria mais fácil.

― Lembra de quando eu te contei sobre como eu e a Malu nos comportávamos antes de casar? ― Michel viu Rick fazer sim com a cabeça e continuou. ― Desejo não tem um interruptor de liga e desliga, é uma reação fisiológica e normal. O ponto é como você vai escolher agir apesar disso.

― Esse é de longe o maior período que passo sem me envolver com ninguém. Domingo passado eu quase..., o pai dela estava a metros de distância, e mesmo assim eu queria... entende?

  ― Esse "quase" faz toda a diferença, meu amigo. Mesmo querendo, você escolheu agir certo. Sofrer tentações faz parte do pacote e não é sinônimo de fraqueza. Significa que agora Satanás te odeia e quer fazer com que você se afaste de Deus. E quais são as nossas armas?

Rick olhou para a Bíblia em sua perna e disse: ― A Palavra e oração.

― Isso aí. Peça a socorro a Deus. Peça domínio próprio que é um fruto do Espírito Santo. Deus provém escapes mediante às tentações, uma forma de fuga. Eu vou te passar um estudo sobre isso. ― Michel completou. ― Eu acredito deve ser difícil para Diana também.

― Não tenho tanta certeza.

― Por que? ― Indagou Michel.

― Porque eu não faço ideia do que ela acha ou sente em relação a mim.

― Alguma coisa ela sente. Se não, você não estaria almoçando com a família dela em dois domingos seguidos. ― Michel parou por instantes e prosseguiu ― O que quer com a Diana, Rick? Um caso, um namoro, alguém para dividir os seus dias, seus momentos...? Ou alguém que valha a pena entregar a vida?

Rick tentou reorganizar os pensamentos.

― Ela. É só o que eu quero. Eu quero ouvir tudo o que ela tem a dizer. Quero aquele sorriso radiante. Quero poder sentir o olhar dela em mim todos os dias. Quero ser alguém que ela mereça e quero ser digno de merecê-la. Ontem... eu quis sacudi-la e lhe perguntar se ainda não tinha percebido que eu... ― Rick parou.

Caminho de Redenção | RomanceOnde histórias criam vida. Descubra agora