Agnes Mancini Collins
Ainda com a cabeça nas nuvens, virei para o lado em que meu pai me chamava, ele não fazia muita questão de ser discreto, apenas trancou os dentes e bateu com força na mesa do restaurante.
— Você não presta atenção em nada que eu falo, Agnes — pisquei os olhos, tentando conter a vontade de sair correndo daquele lugar, pois algumas pessoas já tinham sua atenção voltada para nós — Enquanto os adultos falam, as crianças escutam! — rispidamente falou me encarando com uma expressão furiosa.
Eu não era uma criança, mas mesmo assim sabia que devia respeito a meu pai, o problema era que eu sempre tive todo a compreensão e mantive educação com ele, mas mesmo assim, era alvo de xingamentos.
Tinha quatorze anos de idade, era apenas uma adolescente comum do Texas, ninguém na escola olhava para mim, a não ser a minha melhor amiga Dafine.
Em casa as coisas nunca foram saudáveis ou nos padrões de família, aliás, a minha nunca se encaixou em nenhum, era totalmente problemática e desequilibrada.
Não iria incluir minha mãe como culpada para o ambiente onde vivia, mas apenas uma cúmplice por não tomar as redias em relação ao cara mais velho parado a minha frente, sentado em uma cadeira, me encarando friamente e soltando fogos pelos olhos.
Abaixei a cabeça e olhei para meu prato, um bife de carne, risoto de camarão e alguns vegetais verdes que minha mãe havia colocado para mim comer.
— Estou falando com você, oras — o mais velho repetiu sua bravura — Não se faça de surda.
Ouvi um arranhar de garganta, olhei de soslaio para meu lado e minha mãe tinha a mão posicionada em frente a sua boca, com punho fechado.
— Fale baixo, querido. As pessoas estão olhando para nossa mesa — ela alertou com uma certa tremedeira em sua voz.
Outro estrondo preencheu meus ouvidos, observei a madeira da mesa tremer e os barulhos de passos, não me atrevi a olhar para outra coisa que não fosse meu prato cheio, que ainda não tinha sido degustado nem um pouquinho por mim.
— Vamos embora, estou de saco cheio desse lugar!
Os passos foram se afastando, então me permiti olhar para cima, e ver apenas minha mãe sentada na cadeira ao meu lado, apenas nós duas naquela reserva.
Meu paí tinha ido embora.
— Não se preocupe, ele só foi pagar a conta — ela falou, parecendo ler meus pensamentos.
Alguns minutos depois o meu progenitor voltou para onde estávamos, e como minha mama havia falado, ele apenas tinha pagado pelo nosso jantar.
Voltamos para casa em um silêncio desconfortável no carro, era perceptível que meu pai não estava contente com aquela noite, e certmaente em casa as coisas seriam piores.
(...)
Sr. Mancini gritava na sala com minha mama. Estava observando tudo desde o início da gritaria, sentada em um dos degraus da escada. Mas como se não fosse suficiente, além de toda aquela briga, o meu pai decidiu olhar para onde eu estava.
Ele caminhou em minha direção com uma carranca estampada em seu rosto, arrumei minha postura e senti todos os meus músculos se tensionarem, minha mandíbula travou e minhas mãos começaram a suar pelo nervosismo.
— O que faz aqui? Sua bisbilhoteira! — me puxou pelo braço com certa força, fazendo com que meus olhos se arregalacem claramente.
Aquilo doía!
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Evil Dreams
Детектив / ТриллерSonhos era a sua fonte de medo, onde era atormentada todas as noites quando insistia em pregar os olhos. Mas em uma madrugada, ela viu os pares de olhos mais escuros que carvão.