Agnes Mancini Collins
Vencida pela preguiça, decidi deixar com que ele conduzisse meu carro para onde for que quisesse me levar. Uma parte de mim não confiava nem um pouco nele, mas a outra não queria impedi-lo de nada que quisesse fazer hoje.
Eu ainda não o conhecia, não sabia nada, nem seu nome. Ele era um completo estranho, que irônicamente dirigia meu carro como se tivesse intimidade para fazer isso. Era estranho ver isso, e pensar em como o "conhecia" a pouco tempo. Talvez as coisas estivessem indo rápidas de mais, mas apesar, eu não sabia como agir diante de tudo.
Minha vida sempre tinha sido uma completa confusão, uma montanha russa de emoções, uma tempestade de acontecimentos inusitados, e uma tremenda fogueira quente de novas faíscas. O único momento que tive paz e tranquilidade, foi quando decidi me mudar para casa que estava morando atualmente.Quando eu tinha meus quinze anos, foi quando meu pai desapareceu.
Depois de aguentar muita coisa calada e com medo das consequências, escutando ameças amedrontadoras, minha mãe decidiu por um fim em tudo que meu pai fazia dentro da casa que moravamos.
Era um completo inferno. Todos os dias que ele chegava do trabalho, estava irritado, então sua raiva era descontada em minha mãe na maioria das vezes. Os gritos eram tão altos que me causavam dores de cabeça. Mas sempre que eu tentava impedi-lo de fazer algo contra minha genitora, era brutalmente interrompida.
De maneira mais indesejável, os meus gritos e choros tomavam conta do ambiente, fazendo com que toda aquela alegria de antes, quando apenas mamãe e eu estávamos sozinhas em casa, apenas vivendo como mãe e filha saudáveis e normais, sumia. Eu lembrava de todas as vezes que fui feita de saco de pancadas, isso me atormentava a noite inteira, quando tentava por um fim nesses pensamentos, dormindo.Então, foi quando minha mãe resolveu fazer uma denúncia contra o meu pai. Lembrava que tinha ficado muito feliz, tanto que pulei na minha cama ao escutar a conversa que ela teve no telefone.
Mas a minha felicidade durou pouco tempo. Pois quando achei que aquele monstro que se nomeava meu pai iria ser preso, por todos os seus atos de ódio e fúria, ele fugiu.
Não tinha a menor ideia de como essa informação havia chegado em seus ouvidos, mas ainda sim, foi o bastante para o fazer sumir do mapa.Os anos foram se passando e as coisas continuavam mais tranquilas, a vida sem meu pai era leve. E eu, como nunca tinha experimentado essa sensação, fiquei encantada com a leveza dos dias sem brigas e gritos estridentes por todos os cantos da casa.
Mas então, quando completei meus dezenove anos, foi que decidi ter meu próprio lar. Terminei a escola sem repetir um ano, minhas notas não eram sempre as melhores, mas nunca ficaram abaixo da média.
Conversei com a minha mãe sobre isso e comecei a trabalhar em uma lanchonete perto de onde morávamos na época, para conseguir juntar dinheiro para comprar uma casa. Minha família não era rica, mas sempre nos mantemos com o salário da mamãe e do meu pai. Minha mãe trabalhava em uma floricultura, na mesma rua da nossa casa, então quando meu pai fugiu e não pode mais nos sustentar, não ficamos desamparadas.
Mas mesmo assim, eu não consegui fazer faculdade, o dinheiro que minha mãe ganhava não era o suficiente para me ajudar nisso. Então, o melhor que eu fiz foi me mudar e começar a trabalhar por conta própria.
Me lembrava como se fosse hoje daquele dia. Estava frio, tanto que cogitei a ideia de adirar a mudança para meu novo lar.
Mas quando vi a casa de perto, meu peito se encheu de alegria e ansiedade para morar ali, foi então que adiantei toda minha mudança para lá.Com um barulho de busina, fui tirada dos pensamentos. Olhei para o lado e o homem dirigia o carro tranquilamente. A estrada estava um pouco mais movimenta do que antes. Certamente estávamos um pouco longe do lugar que nos encontramos.
Durante o restante do caminho, fiquei observando as ruas por um bom tempo.
Era de noite, mas o céu não estava nada bonito. As nuvens combriam todas as estrelas, e a lua era a única que tinha um brilho especial naquela noite. Nem mesmo os lugares em que passavamos eram tão prazerosos de ver.
Estava tudo muito diferente de tempos atrás, quando eu ainda tinha tempo para me divertir, fora do trabalho.
Agora era tudo muito sujo, as paredes de pontos de ônibus repletas de pichações, lixos espalhados pelos chãos e casas mal cuidadas.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Evil Dreams
Детектив / ТриллерSonhos era a sua fonte de medo, onde era atormentada todas as noites quando insistia em pregar os olhos. Mas em uma madrugada, ela viu os pares de olhos mais escuros que carvão.