Prólogo

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Uma triste visão: um jovem belo, de cabelos e olhos castanhos, nariz levemente arrebitado, lábios finos e rosados, estava sentado encarando os pequenos patos em um lago que ficava próximo a sua antiga casa.
A casa tinha um estilo britânico clássico, com uma construção simétrica de tijolos alaranjados e janelas brancas. Logo à frente, havia um jardim encantador, onde se encontrava o pequeno lago e seus moradores de penas claras. Era uma 𝘥𝘦𝘵𝘢𝘤𝘩𝘦𝘥 𝘩𝘰𝘶𝘴𝘦¹, ficava um pouco afastada da cidade grande, por isso ela dispunha de uma paz inigualável ao seu redor, tudo o que o jovem mais gostava. Ele se recordava de cada pequeno detalhe de sua vida com pesar - já que a mesma, infelizmente, não havia durado muito.

  Jungkook faleceu há seis anos atrás, ele era um jovem adulto de vinte e dois anos, quando o acidente aconteceu...

03 𝘥𝘦 𝘴𝘦𝘵𝘦𝘮𝘣𝘳𝘰 𝘥𝘦 1994

Jungkook era um pianista em ascensão, tocar era tudo para ele, o piano era tanto o seu bem mais precioso, como o seu melhor amigo. Toda vez que ele tocava ele sentia a mágica, aquela sensação gostosa que vinha ao tocar as teclas delicadas e o som suave que vinha delas. Aquilo era perfeito. Quando Jungkook tocava, ele sentia o significado do que era viver na ponta de seus dedos. Ele havia estudado música desde que se entendia por gente, desde os três anos para ser mais exato, sempre que seus professores tocavam em classe, ele observava tudo com brilho nos olhos.

Aos vinte e dois anos ele já tocava profissionalmente, em festas, concertos, alguns concursos... E nesse dia em específico ele iria fazer a apresentação de sua vida. Ele havia sido convidado a tocar na festa da senhorita Lily, que era filha de uma das maiores influências da música clássica, Damian Elliot, um senhor de cinquenta e poucos anos que atuava como professor de música clássica. Se ele declarasse Jungkook bom o suficiente, com certeza ele chegaria no topo.

Eram aproximadamente dezoito horas, estava começando a escurecer, Jungkook saiu às pressas de sua casa enquanto falava ao telefone com seu melhor amigo Namjoon:

-𝘌𝘯𝘵𝘢̃𝘰, 𝘵𝘦 𝘦𝘯𝘤𝘰𝘯𝘵𝘳𝘰 𝘯𝘢 𝘦𝘯𝘵𝘳𝘢𝘥𝘢? - disse com aquela sua voz mansa de sempre.

-Acho melhor não me esperar, logo quando eu chegar já terei que me apresentar.

-𝘌𝘴𝘲𝘶𝘦𝘤𝘪 𝘲𝘶𝘦 𝘰 𝘴𝘦𝘯𝘩𝘰𝘳 𝘢𝘥𝘰𝘳𝘢 𝘤𝘩𝘦𝘨𝘢𝘳 𝘱𝘰𝘳 𝘶́𝘭𝘵𝘪𝘮𝘰 𝘱𝘢𝘳𝘢 𝘴𝘦𝘳 𝘢 𝘢𝘵𝘳𝘢𝘤̧𝘢̃𝘰 𝘥𝘢 𝘧𝘦𝘴𝘵𝘢, 𝘵𝘴𝘤.

- Claro meu caro amigo, eu sou a atração da festa. E outra, estou atrasado por outros motivos. Com um rostinho lindo desses, você acha que eu precisaria chegar fora do horário para chamar a atenção? - diz com um sorriso convencido, como se seu amigo pudesse ver o mesmo.

- 𝘚𝘰́ 𝘢𝘱𝘢𝘳𝘦𝘤̧𝘢 𝘭𝘰𝘨𝘰. - disse tentando parecer duro, mas Jungkook pôde escutar a pequena risadinha que ele deixou escapar por acidente. Namjoon era um coração mole quando se tratava do melhor amigo.

-Certo, estou saindo.

Após encerrar a ligação, o jovem adentrou em seu carro. Um Mercedes, mais uma de suas conquistas adquiridas pelos prêmios em dinheiro que recebia por seu talento nato. Se sentou no banco do motorista às pressas, colocou o cinto de segurança, rodeou a chave na ignição, segurou firme no volante, fechou os olhos e respirou fundo: estava chegando o seu momento.

Enquanto dirigia, ele sentia todos os tipos de sentimentos e emoções possíveis: ansiedade, medo, alegria, orgulho... Suas mãos suavam enquanto tateavam o volante, que parecia querer escapar de suas mãos. Mas mesmo que estivesse nervoso, estava confiante.
Aquela era a sua área, sua paixão, algo que ele dominava completamente, assim como tudo em sua vida - ao menos, era o que o jovem acreditava. Ele se lembrava de todos os momentos que havia passado para chegar até ali. O abandono de seu pai, a ausência constante de sua mãe em sua criação, as dificuldades de se enturmar por ser "diferente"...

1994Onde histórias criam vida. Descubra agora