6: Problemas No Paraíso, Lauren?

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Lauren POV

— Problemas no paraíso, Lauren? – Sorrio ao ouvir os murmúrios de Selena e os balbucios de Emma, minha garotinha favorita e preferida, em segundo plano, é claro.

Eu estava quase me preparando para ir embora quando meu celular tocou e era Devonne. Eu corri pra atendê-la, é claro. Eu precisava conversar com alguém e não havia ninguém melhor do que ela para isso agora.

— Talvez, sim, Demetria... – Respondo, virando-me para as paredes de vidro do meu amplo escritório de arquitetura em Manhattan.

Eu estava aliviada e desesperada ao mesmo tempo por conseguir falar com alguém.

Era tantos sentimentos mistos e diferentes agora, que eu não conseguia mais controlar.

Talvez, seja porque S/N e eu, não estávamos, definitivamente, 'bem' agora. Estávamos mais distantes do que o normal. E isso é uma merda. Uma grande merda!

Pensar na possibilidade que para S/N um relacionamento a dois poderia não funcionar mais, me deixava ainda mais acabada, ainda mais depois de ver como ela agiu no escritório de casa.

— Mas sim, Demi. Com certeza sim! – Digo mais uma vez, minha voz um pouco mais rouca que o normal. Havia muito mais nessa afirmação do que Demetria poderia imaginar, ou captar. E isso doía. Corroía.

— Eu já desconfiava disso, Laur. – Demi assegura com pesar. – A mídia adora fazer um show midiático em cima de vocês duas. – Relata. – Ainda mais quando estão tendo uma crise no relacionamento de vocês. – Demetria suspira, me puxando da minha divagação. Então, ouço a voz suave de Selena ao fundo de novo. – Sim, amor? Eu também te amo, amor... – A voz da minha amiga está distante do telefone, mas ainda sim ouço claramente ela. Continuo ouvindo as juras de amor sussurradas por elas. E em seguida, sons de beijos, suspiros e gritinhos de Emma. Demetria sorri alto, sendo seguido por Selena. Meu coração aquece pelo carinho flagrante entre minha amiga e a mulher da sua vida. Elas se amam de uma forma tão intensa que nem sei como explicar. Merecem estar vivendo esse amor em paz. Passaram por muitos percalços para chegar aonde estão hoje. – Desculpe, Laurghs. – Ela volta a falar comigo, sorrindo. Não há nada de arrependimento em seu tom arrogante, no entanto. – Sel quer dar um passeio com Emma pelo shopping. Estava pedindo para que me esperasse, pois passou o dia inteiro sentindo enjoos e tonturas leves. – Explica-se. Selena está grávida do segundo filho, e minha amiga, para variar, está a paparicando além da conta. Demetria sempre foi excessivamente protetora com ela.

— Eu espero que ela esteja melhor agora, Demi. E mande beijos para ela e para minha garotinha favorita, é claro. – Digo amorosamente.

— Ela está melhor, Laurghs. Já tenho alguma experiência com a gravidez da Emma, então, posso cuidar bem da minha lobinha. E pode deixar que eu digo para a Emma que você mandou um beijo gostoso para ela. – O orgulho na sua voz de Demetria é nítida ao falar da sua mulher e filha. – Sabia que estou munido a Sel de biscoitos de água e sal, barras de granola, água de coco, chás, sucos naturais, cereais? A lista é longa, Laur... – Ela sorri, não havendo uma ínfima nota de reclamação em seu tom de voz. O que eu disse? A minha amiga simplesmente beija o chão que Selena Pier Gomez pisa.

— É bom cuidar muito bem dela mesmo, Demi. – Eu rio e não resisto a uma provocação de amigas/irmãs. – Ou Selena pode acabar enjoando dessa sua cara feia também. – Demetria rosna do outro lado da linha e ouço a risada de Selena nitidamente. Demi deve ter me colocado no viva-voz.

— Para de ser boba, Lauren Jauregui! – Selena me repreende com uma risada suave e, então, acrescenta para a minha amiga: – Nunca, amore meu. Nunca vou me enjoar de um rostinho tão lindo e perfeito quanto o seu. – Mais sons de beijos, gemidos e juras de amor são ouvidas. Uh! Se continuar assim, eu vou acabar desenvolvendo diabete por telefone com tanta bajulação e melação! Grrrrr!

— Hum... Desculpe novamente, Laur. – Demetria ri, ainda mais arrogante e sapeca do que antes. – Mas, voltando ao assunto inicial da nossa ligação: como S/N se saiu com a humana? – Suspiro. Trazendo-me de volta ao meu mais novo monólogo triste de Shakespeare. Ter ou não ter, eis a questão, fazendo uma sensação ruim se instalar na figa do meu coração.

Não quero uma relação convencional que exclua S/N nisso. Fazemos tudo juntas. Então, por que ela não percebe que podemos amar e nos dedicar à mesma garota também? Sei que tem tudo para ser uma confusão sem tamanho um envolvimento com ela. Afinal, Camila é humana. Mas sei também que Camila é nossa outra companheira e não tem como fingir, ou virar as costas para isso. Afinal, eu vejo lá, abertamente, a aprovação, o interesse feminino tomando conta dos seus incríveis olhos castanhos embravecidos e enraivecidos.

— Eu sei que S/N a quer, Demi. Eu sei disso. Mas... – Embora minha companheira tenha metido os pés pelas mãos com Camila no escritório de casa mais cedo. Eu sei que essa irritação toda se dá pelo fato de eu ter a castigado. Mas, eu também entendia o lado grosseiro e petulante de Camila e estou tentando lhe dar um tempo para pensar também.

Não foi correto que o fizéssemos. Há maneiras mais certas de se descobrir se ela realmente é nossa companheira, ou não e trazer ela a forçar ali, não foi uma delas.

— Mas..., mas S/N faz tudo parecer ao contrário, Demi. E isso é uma merda. Uma grande merda! – S/N tinha acabado de sair pela porta que liga nossas salas principais a duas horas. Tinha um compromisso antes de se juntar com a sua irmã, Belinda, para o almoço. Fazia um tempo que não faziam isso e S/N queria passar um tempo com ela antes dela partir para uma expedição de estudo no Oriente Médio.

Rio ao me recordar disso.

Belinda Peregrín S/S no Oriente Médio. Espero que não arrume confusões por lá com sua língua solta e modos grosseiros e petulantes, como a irmã também.

— Sinceramente, Laur? É escandaloso, sem dúvidas, um relacionamento a três. A sociedade é hipócrita demais para aceitar numa boa... Principalmente, a sociedade humana. Eles não entendem o elo lúpus e como funciona. E infelizmente S/N criou amarras nisso. Mas isso não quer dizer que ela não quer Camila, mas sim, que está relutante em aceitar isso. – Franzo um pouco o cenho, a realização me batendo forte agora:

S/N deve ter ficado confusa, assustada, espantada. As coisas evoluíram e ficaram intensas demais no escritório de casa. A nossa entrega, a nossa interação. Houve algo muito especial lá. Eu senti isso, S/N sentiu isso. E embora esteja sendo uma idiota qualquer agora, ela está mais mexida com Camila do que possa controlar e isso está sendo difícil para ela controlar agora.

— Então seja um pouco mais gentil, Lauren. S/N está assustada. Você está assustada. Camila está assustada. Isso tudo é novo para vocês três. E cada uma vai agir de uma forma diferente quanto a isso agora. Vocês foram para cima de Camila e a sequestraram como duas malditas cadelas psicopatas, quando deveriam ter sido mais cuidadosas e gentis em sua primeira experiência de elos de almas também! – Porra! Ela tinha razão. Muita razão! Nunca me descontrolei dessa forma. Sempre fui calma e comedida, a sensata da relação. – Então dá um tempo para a S/N também, Laur. É melhor do que você a forçar aceitar Camila assim também, como fez no escritório da sua casa. S/N nunca foi o tipo de alfa que vive sobre pressão. Ela pode acabar se descontrolando e descontando isso em Camila também. – Eu fecho os olhos, concordando com ela. Demetria tinha razão. S/N odiava viver sobre pressão e a última coisa que eu não queria naquele momento, era colocar tudo o que construímos nesses dois anos a perder por isso também.

— Uma semana?

— Quanto tempo ela precisar, Laur.

Polyamory ( Camren/You G!P )Onde histórias criam vida. Descubra agora