meet me in the hallway * l.s *

10

Horas mais tarde, ainda estávamos no II Cantinori, todos envolvidos numa mesma conversa sobre viagens, e eu estava amando escutar as experiências deles, que eram mais velhos e com certeza tinham vivido mais que eu.

A tal Emma chegou uma hora atrasada, vestida com roupas sociais, com seu cabelo loiro preso em um coque espichado, com grampos coloridos e nada maduros o adornando. E eu me encantei por ela assim que ela entrou, afobada, xingando o trânsito de Nova York com um sotaque que só podia ser britânico, dando um sermão em Zayn por não ter feito o que ela mandou sobre não sei o que, e carregando uma Gucci (Tote, Ophidia, se meus olhos eram tão bons quanto eu achava que eram).

Emma se sentou na minha frente, e assim que colou seus olhos em mim, seu queixo caiu, a boca aberta em choque ou sei lá.

— Meu Deus... Você é mais lindo pessoalmente! — falou, e eu escutei Louis soltando uma risada nervosa ao meu lado, enquanto olhava o menu. — Sério, a foto que Louis me mostrou e as que eu vi de você na internet não fazem jus a sua beleza!!

Eu corei, olhando para Louis com uma sobrancelha erguida, que tinha um sorrisinho cúmplice no rosto e bochechas rosadas, mas permanecia encarando o cardápio.

— Obrigado. — falei, tímido, mas Emma parecia tímida também.

— E eu devo dizer... — ela respirou fundo de uma forma dramática. — Eu amo a sua coluna, amo a sua escrita, é simplesmente... perfeito. — falou, dando ênfase na última palavra ao fechar os olhos.

Eu mordi o lábio inferior, nervoso.

— Bom, obrigado. — Mas eu perdi o emprego. Não doía tanto quanto antes.

— Você está de férias? Por que não está mais escrevendo? Te passaram para outra coluna? O que houve? Você está com bloqueio criativo? Se for isso, eu tenho uma rotina de meditação que ajuda muito nisso! — Emma falava muito rápido, parecia perder o fôlego e ficava vermelha por isso, e então fazia uma longa pausa para respirar.

Eu sequei o suor das mãos na minha calça. — Eu não estou mais trabalhando lá...

Emma fez uma cara chorosa, e eu percebi que se ela continuasse me olhando com aqueles olhos penosos, eu começaria a chorar.

— Você foi demitido? — perguntou, alto, chamando a atenção de todos na mesa e me fazendo murchar para dentro de mim mesmo. Pelo canto dos olhos, vi Louis erguer a cabeça do menu e me olhar, mas não disse nada. — Que bom!! — ela abriu um grande sorriso, e um segundo depois o desmanchou, — Quer dizer, não é muito legal, eu já passei por muitas demissões, e todas me destruíram... Mas é bom, — e sorriu de novo. — em partes. — e não sorria mais.

Eu soltei uma risada nervosa, porque ela não parecia estar fazendo aquilo por mal, e porque era uma maneira de tentar relaxar meus ombros.

— Enfim, — ela fez uma dispensa com a mão. — você ainda está desligado? — perguntou, e eu assenti com a cabeça. — Ai, meu Deus! — Ela se empolgou, se sentando mais ereta. — Eu tenho um amigo, o John, ele trabalha na BBC, e ele tá desesperado por um redator.

— Redator? — Eu perguntei, um tanto comovido, me projetando mais sobre a mesa, assim como ela. BBC? Por que de repente eu parecia estar numa sala vip onde só os verdadeiros homens de Nova York têm acesso?

Eu não tinha me formado na faculdade ainda, poderia ser um redator, mas... Não era tão simples quanto ser um colunista... Quer dizer, nada é como ser colunista porque todos os cargos são diferentes, mas eu nunca tinha tentado algo assim.

— Sim. Você não se formou ainda, né? Não se preocupe, John é muito bom de qualquer forma, ele tem milhares de contatos dentro e fora da BBC, com certeza consegue te ajudar com algo... — Emma se afastou da mesa para pegar sua bolsa, e a abriu no colo, mexendo compulsivamente lá dentro. — Onde está... Onde está... — Ela tirou um batom vermelho escuro da Gucci, o colocou sobre a mesa, depois sua carteira, também da Gucci, óculos escuros, Gucci (eu definitivamente tinha me encantado com aquela mulher), e um maço de cigarro. — Está aqui em algum lugar...