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Louis encerrou o beijo com um selinho demorado, se deitando ao meu lado em seguida. Seus cabelos estavam bagunçados, as bochechas meio vermelhas na penumbra, algo em seu campo magnético pulsando como uma caixa de som estupidamente alta.

Eu sorri e deitei minha cabeça mais próxima da sua, o suficiente para colar nossas testas, sentindo sua mão correr pelas minhas costas enquanto eu murmurava:

— Lindo. — baixinho, só pra ele porque ele era o único que eu queria que escutasse. Eu abaixei um pouco minha cabeça, até que minha testa estivesse encostada na ponta de seu nariz. — Gosto tanto de você, Louis. — sussurrei, passando o dedo indicador por cima da sua boca. — Detesto dizer isso, mas sou grato pela tempestade. Se não fosse por ela, acho que nunca teríamos a oportunidade disso. Quer dizer, não do sexo, mas... Enfim, isso. — Eu ergui meus olhos para ele, e minhas bochechas coraram quando o vi me olhando também.

Louis depositou um beijo na minha testa.

— Que bom que o sentimento é mútuo. — disse, manso, a voz ainda rouca, e abraçou minha cintura, chegando mais perto. Eu deitei minha cabeça em seu peito, escutando seu coração batendo. — Você vai falar com o John?

— Sim. Não custa nada tentar. Por que? Você conhece ele?

— Não... Só sei onde ele trabalha, posso te levar lá se quiser. Acredito que seja realmente aquilo que Emma falou, Liam conhece ele e detesta o cara, diz que ele é irritante e fala demais. Então acredito que ele realmente tenha contatos e seja bom no que faz, porque se já é difícil ser notado por Liam, imagina irritá-lo. O cara é bom.

Eu ri um pouco. — Estou contando com isso, vou ligar pra ele na segunda...

— Vai dar certo, Harry, você vai achar algo, eu tenho certeza. — Louis disse de forma reconfortante, e eu ergui a cabeça para beijar sua boca em agradecimento.

— Posso me vestir agora? — perguntei em tom de brincadeira, me erguendo sobre os cotovelos.

— Só se você quiser. — Louis apoiou o rosto em uma mão, os olhos brilhando sob as luzinhas amarelas. — Não faço questão...

Eu sorri, sentindo minhas bochechas doerem de tanto que sorri em um curto período de tempo. Mesmo adorando a ideia de dormir ali, completamente nu, com Louis, estava frio, e mais tarde ficaria mais frio ainda.

Fui para o banheiro e finalmente peguei a roupa que ele tinha colocado na pia tempos atrás. Antes que eu pudesse começar a me vestir, escutei um barulho estranho, um baque seguido de um grunhido; estiquei a cabeça para fora do banheiro:

— Louis? Que barulho foi esse?

— Nada. — Sua voz chegou a mim antes que ele chegasse no banheiro, vestindo sua boxer, meio pálido, mas eu acho que era a luz.

Vesti o seu suéter azul, entrando em uma nuvem com o seu cheiro, nervoso porque Louis me observava da porta. Vesti sua cueca, e deixei a calça para amanhã. O olhei, piscando, e ele me olhava de volta. Louis mancou até mim, o lábio preso entre os dentes, e se sentou na privada, fazendo sinal para eu apoiar o pé entre suas pernas de novo. Exatamente como fizemos antes, como se voltássemos àquele momento.

— Eu disse que eu não me esqueceria.  — Louis falou, e eu estranhei sua voz ainda estar rouca, mas não disse nada, apenas observei enquanto ele espalhava óleo pelas mãos antes de as correr pela perna que ele não tinha passado da primeira vez.

Sorri, o peito quente. Ele terminou, nós dois em silêncio, e nós voltamos para o quarto, apagando as luzes do banheiro e da cozinha, ficando apenas com o mar de luzes acima de nossas cabeças.

Na cama, de novo, debaixo do edredom, com as mãos de Louis dedilhando minhas costas enquanto as minhas acariciavam seu rosto, eu me senti em casa. Nossos olhos estavam abertos e focados um no outro, eu quase conseguia ver o verde dos meus refletido no azul dos dele.

— Boa noite, Louis. — eu falei, me sentindo envolto, protegido, dentro de uma bolha feita de Louis.

— Boa noite, Harry. — Louis se aproximou ainda mais, até que nossos narizes se encostassem, e eu finalmente fechei meus olhos.

***

Algum tempo depois, eu acordei sentindo o vazio do outro lado da cama, pensei que já era dia, e me desesperei quando percebi que tudo ainda era breu.

— Louis? — Me levantei de súbito, tateando a cama.

Ouvi um barulho, e uma das luzes da cozinha acendeu. Louis tinha uma mão escorada na parede, a cabeça baixa e a postura... estranha.

— Louis? — chamei, me levantando e indo até ele, os olhos queimando de sono. — O que houve?

— Nada. — ele falou, de costas para mim, a voz extremamente falha.

Eu olhei para o seu pé e notei que ele não estava apoiado no chão, e sim suspenso no ar, meio encolhido.

— Você está bem? — perguntei, me aproximando e passando por debaixo de seu braço para analisar seu rosto.

— Estou. Eu só... vim beber água.

Eu tentei encontrar seus olhos, mas não consegui. Louis deu alguns saltinhos até a pia, o pé com a bota ainda para cima, longe do chão. Ele se escorava nas coisas para andar.

— Tem certeza? Por que está andando assim? Você está com dor?

Louis deu uma golada em um copo d'água. — Só estava com sede, estou bem.

Mas ele não se afastou da pia, ficou ali parado, encarando o nado, sem encostar o pé no chão, apoiando todo o peso do corpo na mão apoiada no balcão. Eu vi seu corpo balançar, pra frente e para trás levemente, como um bambu no vento, e Louis fechou os olhos, agarrando a pia com força.

— Louis. — caminhei apressadamente até ele, colocando uma mão em suas costas, de repente perdendo todo o sono de minutos atrás.

Louis fechou os olhos com mais força, a respiração entrecortada.

— O que você tá sentindo? — perguntei, prestando atenção em cada micro cantinho de seu rosto.

Ele demorou a responder, mas o fez, a voz quase não saindo quando murmurou:

— Dor. — Antes de cair em cima de mim.

MUITO OBRIGADA pelos +1k de views, muito muito muito mesmo. fico extremamente feliz com esse retorno❤️‍🩹

meet me in the hallway  * l.s *Onde histórias criam vida. Descubra agora