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Oh, all that i know
There's nothing here to run from
'Cos yeah, everybody here's got somebody to lean on
— Don't Panic, Coldplay. 

E as coisas não melhoraram nos dias que se seguiram, mas também não pioraram — o que era bom, de certo modo.

Eu estava decidido em não deixar de procurar por oportunidades e empregos, dia após dia, noite após noite, indo às ruas e lendo até os jornais que eu normalmente não comprava. A rotina passou a ser muito monótona, bem diferente do que eu estava acostumado. Tudo parecia se repetir, todos os dias a mesma coisa, mas tudo mudava quando Louis chegava em casa, ou quando ligava do trabalho e conseguia me fazer rir facilmente.

Eu não podia desistir, embora quisesse. Eu começava a perceber que precisava de um trabalho o quanto antes, porque não sabia viver em Nova York sem ter um trabalho, assim como ainda não sabia lidar com o fato de que eu e Louis jantávamos juntos todas as noites e dividíamos o mesmo lençol como se esse fosse o certo a se fazer.

Começava a achar que ele fazia isso por pena, e eu odiava pensar assim. Eu vivia criticando pessoas que se faziam de vítima, e lá estava eu: Sejam bem-vindos a Coitadolândia! Precisa melhorar, e rápido. E eu não sabia o que melhorar. De repente, eu não sabia mais porquê eu tinha me mudado para Nova York nem porquê estava naquela merda de curso, muito menos porquê ainda achava que eu era especial o bastante para receber um milagre ou uma proposta novinha em folha no meu e-mail.

Eu estava indo mal em ir bem, até que comecei a ir bem em ir mal. Até quinta feira, quando eu tinha acordado chorando e parado de chorar e agora começava a chorar de novo de puro ódio, em frente ao computador, ainda usando meu pijama- Meu celular começou a tocar, e eu o tirei de debaixo de mim para tacá-lo na parede, mas o nome no ecrã me chamou atenção.

— Você endoidou de vez?? — A voz tão familiar, tão reconfortante e que me fazia viajar diretamente para o meu quarto de infância soou do outro lado da linha. — Acha que só porque é independente e vive na América pode se dar o luxo de não responder sua mãe nem a sua irmã???

— Me poupe do sermão. — resmunguei para Gemma, fungando e jogando a cabeça no encosto do sofá.

— Te poupar do sermão??? — Ela estava furiosa. — Harry, ontem eu cheguei a cotar passagens para Nova York só pra poder te dar uma surra!

— Também estou com saudade. — murmurei, cobrindo o rosto com a mão e desejando tanto, tanto, tanto nunca ter crescido.

Tudo seria bem mais fácil se eu ainda fosse um adolescente de 17 anos que se preocupa em estar perdendo sua juventude, que se descabela toda vez que pensa que todos os seus amigos já namoram e ele nunca nem chegou a beijar, que quer ser alguém na vida e ao mesmo tempo quer destruir o capitalismo. Era tão mais simples...

— Harry, o que houve? Achamos que você tinha morrido na tempestade!!! A mamãe tá louca, só não foi aí porque não deixaram ela passar na alfândega porque estava "muito alterada".

Merda. Tinha magoado minha mãe também. Eu parecia estar tentando atingir um recorde de quão inútil uma pessoa pode ser.

— Eu perdi o meu emprego. — falei de uma vez, porque já vinha repetido aquilo em voz alta para mim dezenas de vezes durante o dia. — Fui demitido.

— E isso lá é razão pra você esquecer que tem família? — E eu me ergui abruptamente, de repente vendo todo aquele cenário, desde o momento que o eu cheguei em casa com Louis, se reduzir a uma caixinha pequenininha em cima de uma mesa enorme.

— Gemma!! Eu esqueci, okay? Não fiz por mal! Eu estava mal... E ainda não sei lidar com isso. Mas eu não queria ligar pra vocês e ter que falar que me demitiram porque eu não era mais necessário, nem útil, nem bom, nem possuía nada de diferente que fosse bom o suficiente para me fazer ficar. Fiquei com vergonha de ter que contar isso...

meet me in the hallway  * l.s *Onde histórias criam vida. Descubra agora