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O caminho por Jackson até a casa onde vocês dividiam foi estranho. As pessoas evitavam olhar para Joel, como sempre fizeram, porém ultimamente isso havia enfraquecido um pouco. Os outros moradores haviam passado a temer menos o homem de expressão fechada e poucas palavras. Desde que você entrou na vida dele isso vinha mudando gradualmente. Sua eterna carranca havia diminuído, e ela praticamente desaparecia quando vocês caminhavam de mãos dadas, pois ele estava distraído demais admirando você. Os resmungos haviam sido substituídos por palavras de verdade na maioria das vezes, ele ainda não era o mais falador, mas conseguia ser amigável.
Você consegue ver todo esse avanço desaparecer diante dos seus olhos como pó. Joel nem se quer olha para você. Ele caminhava duro, os olhos focados no que tinha diante dele e sua expressão era tão fria quanto a primeira vez que você o viu caminhando pela cidade depois de chegar da patrulha.
— Reconhece algo? – Tommy pergunta, vocês já estavam chegando.
— Não – Ele grunhi.
Vocês três param em frente a casa. Ela é lilas, você escolheu a cor e Joel quem pintou. Ele gostou, disse que era a cor favorita de Sarah. A casa é uma das mais bonitas de Jackson, pois Joel fez questão de usar suas próprias mãos para reformar cada pedaço dela, tornando-a o lar de vocês dois.
Seu coração se quebra em mais uma dezena de pedaços quando você percebe que ele não faz idéia disso e nem mesmo se importa. O medo de que ele nunca se lembre se torna uma sombra opressora.
— É aqui – Foi sua vez de falar. – Você pode ir na frente.
Ele hesita, pensando se talvez não fosse melhor não fazer isso. Ele olhou para a casa, algo que o fez sentir seu estômago revirar, ele teria vomitado se pudesse. A casa lilás com cerca de madeira, era exatamente a cor e a cerca que ele planejava em sua casa antes do surto. Sarah amava aquela cor.
Respirou fundo e decidiu fazer logo isso, seria melhor entrar do que continuar do lado de fora com todos os olhos nele. Subiu lentamente os degraus de madeira e alcançou a porta da frente, empurrando devagar. Seu interior estava escuro, ele deu um passo para dentro e foi envolvido por um cheiro que fez sua boca salivar. Era algo que ele não sentia há muito tempo. Comida de verdade. Não aquele grude que serviam no QZ. Nada enlatado, nada em conserva. Era comida.
De repente as luzes se acenderam.
— Desculpe, pode estar um pouco desorganizado – Você murmurou nervosa enquanto passava por ele e escolhia o casaco e as botas que você havia deixado caídos quando chegou do refeitório mais cedo. – Ellie chegou correndo e eu sai com tanta pressa...
— Que cheiro é esse? – Ele perguntou.
— Oh, eu... estava preparando o jantar – Você disse se lembrando de que ele sempre chega com muita fome da patrulha. – Seu preferido.
— Impossível – Ele zombou.
— Não, irmão – Tommy sorriu orgulhoso. – Produzimos muita coisa aqui em Jackson. Nós também caçamos uma boa carne. A propósito, o cheiro está ótimo, querida.
