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Ret 🃏

Pô, a Olivia tá como? Toda bonita como sempre. Nem tem como não olhar pra ela, parece um anjo esculpido.

Credo, só essa mina pra me fazer pensar essas coisa.

Sidoka me mandou uma mensagem falando pra nois ir lá na sala da casa, disse que tem um bagulho pra me falar, e tenho certeza que é sobre ela.

Levanto e vou até lá, logo vejo ele vir atrás de mim.

— Fala tu, Sidoka, qual a fita. — Ele senta na bancada e bebe a cerveja.

— Falei com a doutora. — Arrumo minha postura e fico sério.

— Eae, o que tu disse?

— Expliquei pra ela do porque tu sumiu, mas ela não gostou não, já tô avisando. Falou dos bagulho que não vai correr atrás, então...— Ele faz uma cara de deboche. — Tu é quem vai.

— Isso aí fodasse, quero saber se ela me quer ou não carai.

— Calma chefinho, tá muito estressado. — Ele desce da bancada. — Falei que se tu botar ela no teu nome, ela vai ter que ter peito pra aquentar. A mina é do asfalto Ret, nois vai te que explicar muita coisa pra ela, é tudo novo. Se tu continuar desse teu jeito, nunca vai ter a mina. Eu já percebo tua mudança, mas isso só não é o suficiente. Chega nela, conversa e resolve. Na paz.

Respiro fundo e penso sobre o que ele disse.

Pô, é verdade. Ela mal sabe como funciona o mundo aqui no morro, e se ela estiver disposta a saber, vou ser o cara mais feliz desse mundo. Mas isso só ela pode me dizer.

— Pô Sidoka, nem sei como te agradecer, por todos os bagulho. — Ele fica todo feliz. — E se eu tiver que correr atrás dela no fim do mundo, eu vou.

— Nossa Alemão, agora tu ficou broxante. — Dou um tapa na cabeça dele e nois dois começamos a rir. — Mas ela merece mais que isso, e não só o mínimo. Acho bom tu não vacilar.

— Tá louco tio? Nunca nessa vida. — Faço um toque com ele.

A gente foca para olhar em quem entra na cozinha e adivinhem...

— Falando no diabo. — Sidoka cochicha. — Até mais, lindos. — Ele pisca pra ela e sai quase correndo.

— Estava falando de mim, Ret? — Porra, essa voz dela...que saudade.

— Quer mesmo saber? — Me aproximo dela.

— Não sei se quero nem olhar na sua cara. — Ela se aproxima, diaba.

— Será mesmo? — Pego forte na cintura dela, colando nossos corpos e sentido ela arrepiar. — Cuidado com o que tu deseja. — Ela solta um sorriso de lado.

— Então me dá um bom motivo para não desejar isso. — Ela pega nas minhas mãos e me afasta.

— Aqui não. — Puxo ela para subir as escadas da casa do Grego. Entro no quarto de hóspedes.

Ela observa eu fechar a porta e senta na mesinha. Me encarando até a alma.

O tanto que eu comeria ela agora é brincadeira.

— Vai Ret, desembucha. — Ela cruza os braços. Eu sei que ela tá brava.

— Já falei que não é Ret, é Filipe.

— Tanto faz, começa a falar ou eu vou embora. — Respiro fundo começando a ficar bravo.

— Nem sei por onde começar, mas vou falar o que tá na minha mente, valeu? — Ela assentiu. — Sumi mermo. Desculpa. Mas essas coisa é nova pra mim, bom, — Coço a garganta. — depois de muito tempo, é.

Ela se levanta e pega no meu rosto, me fazendo olhar pra ela, já que eu tava evitando isso.

— Olha no meu olho, Filipe. — Meu coração disparou quando ela me chamou pelo nome, que droga que ela é?

— Tá...— Ela me soltou e continuo me encarando. — Ah cara, fodasse, vou falar mermo. Minha cabeça fica a milhão de pensar que eu nunca seria o suficiente pra tu, que essa vida que eu levo não é vida pra tu levar...Eu sou mo desconcertado, não sei ser romântico, fofo ou sei lá o que. — Respiro fundo. —Eu sou eu, e acho que não te mereço, Olívia. — Meus olhos encheu de lágrimas depois que eu percebi que falei pela primeira vez tudo que eu tava sentindo de verdade, e quando eu vi que ela tava em lágrimas também.

Ela abria a boca várias vezes, mas sem dizer nada.

Livi me olhou e passou o dedo na minha bochecha, secando uma lágrima. Sinto ela se aproximar.

— Filipe...— Ela respira fundo. — Eu não quero outro alguém, não quero que você seja quem você não é. Eu quero você, Ret, você como você é. Eu me apaixonei pelo Filipe, e eu não mudaria uma vírgula em você. — Ela respira tão profundamente que parece que saiu um peso dela. — O que eu vivi nesses meses, e dessa vida que eu comecei a experimentar...— Ela sorri. — É imensamente maior e surpreendente melhor que tudo que eu sonhei...Eu levo a vida que for, aprendo a ser bandida se for pra ficar com você. Tempo diz muita coisa sim, mas pra mim, conexão é coisa de outro mundo. — Ela cruza os braços no meu pescoço. — Desde do dia que você apareceu na minha casa, todo acabado, eu percebi que não ia dar bom...— Ela olha pro lado e volta a me olhar. — Ou na verdade, daria muito bom.

Fiquei sem palavras.

Essa é a primeira vez que sinto um nó na garganta, vontade de chorar...

Abraço ela tão forte, como se aquele momento tivesse congelado para sempre.

Ela afunda a cabeça no meu pescoço e chora como eu...pô, coração amoleceu legal agora.

Fodasse, eu quero ela mais que tudo nesse mundo.

Me afasto e seguro no seu rosto.

— Tu amoleceu o coração do Alemão, tu é boa mermo, hein. — Ela dá risada. — Eu te quero do lado, quero acordar todo dia e olhar pra tu, tá ligada? Eu vou te fazer a mulher mais feliz desse mundo, do meu jeito...mas eu vou tentar, por ti.

— Espero que suas palavras sejam condizentes com suas ações, Filipe. Eu nunca senti isso por alguém. Pode não parecer mas eu tenho medo...medo de me entregar e me machucar.

— Vai ser. Eu vou mudar por tu, escuta o que eu tô te falando. Mas tu tem que entender a vida que eu levo.

— Eu entendo ela, um pouco, pelo menos. A gente vai aprender um do outro com o tempo, tá? — Ela junta nossas testas.

— Eu não vou deixar que nada te aconteça, morena. — Ela sorri e me beija.

Nosso beijo...que saudade do nosso beijo. Da boca dela, do cheiro, de tudo.

Ela me olha e sorri, me puxando pelo braço e entrelaçando nossas mãos.

Saímos do quarto e descemos para a cozinha.

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Audaz / Filipe RetOnde histórias criam vida. Descubra agora