Capítulo 1

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Draco

- Merda. Merda. Merda. Meeeeeerda. Cadê minha chave?

O relógio no corredor estreito me avisa que tenho cinquenta e dois minutos para fazer uma viagem de sessenta e oito, se quiser chegar à festa na hora.

Procuro na bolsa de novo, mas a chave não está lá. Onde mais poderia estar? Na cômoda? Não. No banheiro? Acabei de olhar. Na cozinha? Talvez...

Estou prestes a virar na direção da cozinha, quando ouço um tilintar de metal atrás de mim.

- Tá procurando isso aqui?

Sinto o desprezo dando um nó na minha garganta ao entrar na sala de estar minúscula, com os cinco móveis velhos espremidos feito sardinhas em lata — duas mesas, um sofá de dois lugares e um de três, e uma poltrona. A montanha de sebo sentada no sofá balança meu chaveiro no ar. Diante do meu suspiro de irritação, ele sorri e senta em cima da chave com a bunda coberta por uma calça de moletom.

- Vem pegar.

Frustrado, jogo o cabelo que acabei de alisar para trás da orelha e caminho a passos largos na direção do meu padrasto. 

- Me dá minha chave -  exijo.

Tom responde com um olhar lascivo. 

- Uau, tá gostoso hoje, hein? Até que você encorpou bem, Dray. A gente podia se divertir, eu e você.

Ignoro a mão inchada que desliza até sua virilha. Nunca conheci Alpha nenhum tão desesperado para se tocar. Perto dele, Homer Simpson é um cavalheiro.

- Você e eu não existimos um pro outro. Para de olhar pra mim e não me chama de Dray.

 Tom é a única pessoa que me chama assim, e odeio isso. 

- Agora me dá a chave.

- Já falei, vem pegar.

Com os dentes cerrados, enfio a mão sob a bunda dele e procuro a chave. Tom grunhe e se contorce feito o babaca repugnante que é, até que minha mão encontra o metal. Recupero a chave e viro na direção da porta.

- Qual o problema? - ele zomba para as minhas costas. 

- A gente nem é parente, não tem esse negócio de incesto.

Gasto trinta segundos do meu precioso tempo para encará- lo, estarrecido. 

- Você é meu padrasto. Você casou com o meu mama. E... - engulo a bile, -  .. e agora tá dormindo com a minha avó. Então, não, não basta a gente não ser parente. Você é a pessoa mais nojenta do mundo e devia estar preso.

Uma sombra cobre seus olhos castanhos. 

- Cuidado com a língua, mocinho, ou um dia vai acabar chegando em casa e encontrando a fechadura trocada.

Até parece.

 - Pago um terço do aluguel aqui - lembro a ele.

- Bem, talvez devesse pagar mais.

Ele volta a atenção para a televisão, e gasto outros trinta segundos valiosos imaginando como seria golpear sua cabeça com a minha bolsa. Vale a pena.

Na cozinha, vovó está sentada à mesa, fumando um cigarro e lendo um exemplar da revista People. - Viu isso? - exclama.

- Kim Kardashian apareceu pelada de novo.

- Que bom pra ela.

 Pego meu casaco do encosto da cadeira e sigo para a porta da cozinha. Descobri que é mais seguro sair de casa pelos fundos. Aqui nesta parte da zona sul de Boston, que pode ser chamada de qualquer coisa menos de rica, sempre tem uns trombadinhas nos degraus da frente das casas geminadas. Além do mais, nossa garagem fica atrás da casa.

A Conquista - Adaptação/ MPREGOnde histórias criam vida. Descubra agora