Três mentes incuráveis

Capítulo 3 - Bebedeira e brincadeira

Haviam-se se passado três dias desde o encontro no escritório de Fyodor. Sigma e Gogol continuaram a manter contato, enquanto o russo? Podemos dizer que era sorte caso conseguisse falar com ele no dia a dia. Com o trabalho pesado e desgaste emocional, os outros dois utilizavam de seu tempo livre para desabafarem por mensagens, sempre mantendo contato ao reclamar de suas vidas como CLT por exemplo. Sem querer deixar o amigo de fora, Nikolai comparecia a igreja todas as manhãs para conversar com Fyodor e até mesmo se confessar sobre certo "pecados" que o albino acabava por inventar para ter assuntos dos quais conversar com o russo.

Após um longo dia de trabalho puxado, Gogol e Sigma decidiram se encontrar no Lupin's Bar para poderem jogar conversa fora e beberem, esquecendo todo o estresse diário de seus trabalhos. Chegando ao local, ambos os rapazes pegaram uma mesa próxima à janela do bar, pedindo petiscos e coquetéis tais como margarida e sweet mimosa.

— Francamente, eu não suporto mais o meu chefe, acredita que ele ainda me chama de fresco pelo ocorrido com a trituradora? — Exclama Sigma, indignado e frustrado com a falta de preocupação de seu superior.

— Bom, nisso eu não tenho com o que reclamar dos meus superiores! Ao mesmo tempo que eles parecem se preocupar comigo, eles só ignoram o incidente do meu trabalho de meio período, como se nunca tivesse ocorrido. — Fala Nikolai com uma voz fraca e amena.

Soltando um longo suspiro, ambos os rapazes deram um gole em suas bebidas juntos, começando a comer seus petiscos enquanto olhavam o movimento na rua.

— Você tem falado com Fyodor?

— Ele não é o tipo de pessoa atenta ao celular, geralmente eu vou a igreja de manhã para poder vê-lo. Fyodor é um bom amigo, apesar de seus ideais preocupantes. — Reclama o albino, pensativo sobre o russo de qual estava interessado.

— Bom, pessoas bonitas tem que ter defeitos certo? Seu defeito é ser muito tímido, meu defeito é ser estressado até demais e o defeito de Fyodor... Bom, nós já sabemos! — O bicolor esboça um sorriso irritado.

— Pretende continuar conversando com ele?

Pensativo, Sigma apoiou seu queixo contra a palma da mão enquanto olhava ao redor do bar, pensando em uma resposta concreta e direta para dar ao albino.

— Quero ver onde isso vai dar. — Respondeu o bicolor.

— Como assim!?

— Fyodor me é estranho, sabe? Mesmo ele tendo ideias tão ultrapassadas como sua homofobia, ao mesmo tempo ele é um homem muito moderno, e algo nele me diz que está mentindo para nós. — Explica Sigma.

— Você também sente isso!? Sempre que o vejo sinto algo de errado com ele, como se não quisesse aceitar quem realmente é! — Nikolai fala agitado enquanto comia, fazendo o outro soltar um baixo riso ao perceber sua empolgação.

— Você gosta dele, não é? — Pergunta o bicolor sorridente.

— Uhm... Eu nem mesmo percebi quando comecei a me interessar por ele. Meus pais me matariam se eu falasse que estou apaixonado por um padre. — Os olhos de Gogol brilhava ao pensar no moreno.

— Meus pais me internariam e me acusariam de blasfêmia, os conhecendo do jeito que são... — Sigma solta um longo suspiro decepcionado.

Em seguida de mais um longo suspiro, ambos novamente tomaram um gole de suas bebidas... Observando a janela do bar, Sigma se alertou ao pensar em uma ideia brilhante, deixando Nikolai confuso ao ver seu rosto iluminado de uma hora para a outra.

— Gogol, que tal testarmos o Fyodor? — O bicolor perguntava com um sorriso ladino.

— Como assim "testarmos", o que você propõe? — Receoso, mas curioso com a ideia do bicolor, Nikolai o questiona de volta.

— Que tal o mandarmos fotos? Não as normais, mas algo mais provocante! — Sigma estava confiante de si com aquilo.

— O quê!? — Exclama Nikolai, com um tom de voz alto, fazendo com que pessoas presentes no bar o encarassem. — Me desculpe...

— É uma ideia boa, não? Veja bem... Nós estamos bebendo agora; amanhã é feriado, ou seja, não trabalhamos! Nós podemos beber o bastante para perdermos nossa vergonha, minha casa tem uma cama extra caso você queira dormir lá. — Propõe confiante de que o outro aceitaria a ideia.

— Sigma... Isso é patético!— Responde Nikolai soltando um suspiro decepcionado, vendo Sigma cruzar seus braços e desviar seu olhar chateado. — Mas nós podemos testar... Não custa nada.

Com a aceitação de Gogol, o outro abriu um grande sorriso, satisfeito com a resposta do albino. Após longas horas de bebedeira, ambos os rapazes se dirigiram até o apartamento do bicolor, chegando no local, decidiram se sentar na sala para beber latas de cerveja enquanto pensavam sobre o que fariam.

— Então como vai ser? — Pergunta Nikolai enquanto pegava seu celular

— Não tem mundo segredo, basta o enviar uma foto comprometedora, não?

Ainda aflito sobre o assunto, após virar uma latinha de cerveja, Nikolai tomou coragem em cumprir tal proposta. O albino de levantou do sofá, começando a tirar suas roupas em frente a Sigma não o olhava surpreso e com suas bochechas rosadas "Ele irá fazer isso na minha frente!?", perguntava o bicolor em choque. Com suas roupas já no chão, Nikolai estava vestido somente em sua cueca azul.

— Você pode tirar a foto? Quero que pelo menos ela fique boa! — Gogol pede sem graça enquanto entregava seu celular para o bicolor.

Ainda sem reação, Sigma pegou seu celular das mãos dele, abrindo a câmera enquanto via Gogol pensar em alguma pose. Sem avisar, ele se deitou sobre o tapete de Sigma. De bruços, o albino empinou seu traseiro enquanto cobria seu rosto envergonhado.

— Tire essa foto logo! — Nikolai fala envergonhado.

Engolindo seco, Sigma se aproximou de Nikolai, se ajoelhando ao lado do albino e começando a tirar suas fotos. Com três fotos salvas no celular, Gogol se sentou no tapete, abraçando uma almofada contra seu corpo enquanto Sigma escolhia a melhor foto para mandar a Fyodor.

— Pronto... A foto foi enviada, vi que ele está online, com certeza era ver daqui alguns segundos. — Sigma diz com um pequeno sorriso no rosto que logo é substituído por uma expressão surpresa.

Por conta de todo o álcool consumido em uma só noite, Gogol logo caiu no sono, deitando sua cabeça contra o colo de Sigma. Sem falar nada, o bicolor se levantou com o albino em seus braços, colocando-o deitado no sofá cama.

"Seu corpo é tão macio e pálido..." Olhando fixamente para Nikolai, Sigma soltou um longo suspiro, cobrindo o Gogol e logo indo para seu quarto, deitando-se contra sua cama e caindo no sono momentos depois por toda a exaustão que havia passado durante o dia.