No Alvo - Norenmin

0.8

Renjun deu três batidas na porta antes de colocar a cabeça para dentro, para pedir a permissão da professora de geografia para que pudesse entrar, essa que apenas lhe olhou com desdém e gesticulou para que entrasse logo.

Adentrou a sala em silêncio, indo até a carteira que havia sentado no seu primeiro dia, a última mesa da parede direita. Não teve muito tempo para tirar seus materiais da bolsa e logo pode ser ouvido o sinal indicando que aquela aula tinha acabado. Renjun bufou irritado, por mais que não fosse reprovar, não queria agir como se as aulas não fossem importantes.

Foi puxado de seus devaneios ao ouvir uma voz tão próxima de si, fazendo-o se assustar e da um soco em quem quer que fosse.

— Me desculpa. — Pediu exasperado ao perceber que por pouco não tinha dado um soco em cheio no rosto de Haechan. Tinha o conhecido em seu primeiro dia, o coreano era o tipo de gente que fazia o Huang querer evitar a qualquer custo, ele era animado demais para alguém acordado as 7:20 da manhã.

— Tudo bem, eu que te assustei. — Respondeu abrindo um sorriso caloroso para o Chinês, esse que retribuiu de forma tímida. — Esses são Jeno e Mark. — Falou depois de puxar uma cadeira para se sentar perto do mais velho, apontando para os citados. Fazendo Renjun acompanhar com o olhar. — Eles são do time de basquete, e tavam em uma competição em busan. E ganharam! — O Lee falava de forma orgulhosa, sorrindo a todo momento, mas Renjun já não o acompanhava mais nisso, seu sorriso sumiu tão rápido quando a sua vontade de querer continuar ali.

— Legal. — Respondeu de forma curta, não conseguindo evitar o tom de desgosto, por sorte não sendo notado por nenhum deles.

— E então? Você que é o Renjun não é?! Ouvi falar de você, a estrela do Arco e Flecha né? — Jeno perguntou num tom informal, puxando uma cadeira para se sentar, assim como Haechan. — Fiquei sabendo que vamos ter que dividir a quadra por três semanas, legal né? — Perguntou de forma retórica, ainda no mesmo tom, fazendo o Chinês lhe direcionar um olhar de repreensão.

— Não, não é nem um pouco legal, não é como se fôssemos amigos, então venha a me tratar de forma informal. — Disse num tom sério enquanto olhava diretamente para o Lee, esse que tinha um sorriso presunçoso no rosto, apenas para disfarçar o leve incômodo que havia sentido ao ser confrontado daquela forma. — Agora se me derem licença, tenho mas o que fazer do que ficar conversando com um jogadorzinho. — E saiu da sala sem nem sequer olhar para trás.

— Por que você tem que ser tão insuportável assim em? — Perguntou Jaemin dando um tapa na nuca do namorado assim que Renjun saiu da sala.

— E oque foi que eu fiz agora? — Rebateu com bico nos lábios, massageando o local onde levou o tapa. — Ele que é muito sensível, eu não fiz literalmente nada.

— Você foi desrespeitoso seu idiota. — Respondeu Haechan, deixando outro tapa na nuca do Lee. — Se antes ele não gostava da gente, agora tenho certeza de que odeia. — Falou com um bico emburrado e com os braços cruzados, olhando de forma ameaçadora para o amigo.

— E por que ele não gostava de vocês? — Mark finalmente perguntou, parecendo interessado no assunto.

— Por minha culpa ele se machucou e acabou se atrasando pra buscar o filho dele. — O Na respondeu voltando para o seu lugar, na fileira ao lado de Renjun.

— Ele tem filho??! — Jeno e Mark perguntaram em uníssono num tom supreso. Os garotos tinha ouvido uns boatos pela manhã assim que botaram o pé na escola, mas achavam que não passavam de mentiras dos alunos.

— Sim, um garotinho lindo e muito fofinho, Mashiho. — Donghyuck respondeu de forma animada, lembrando-se do dia anterior onde ele e jaemin tinham ido assistir ao treino de Chenle, e acabaram se encantando com o garotinho ao lado que não parava de sorrir sempre que alguém acertava o alvo, e que começava a gritar quando era Renjun quem acertava. — Ele é muito adorável, e também um grande fã do próprio pai. — Terminou de falar logo vendo as expressões supressas dos amigos, com a boca de ambos formando um perfeito "o".

— Nunca imaginei que fosse realmente verdade. Tipo como? E como ele consegue se programar tão bem? Isso não é impossível não? — O Americano perguntou de forma exasperada, para ele era quase que impossível uma pessoa tão ocupada e que trabalha tanto ter tempo para estudar e ainda cuidar de uma criança. — Acho que ele deve se sentir bastante cansado com isso, não é?

A pergunta ficou no ar, ninguém sabia responder aquilo, afinal eles ficavam cansado apenas de estudar pela manhã e treinar 2/3 horas a tarde, quem dirá aquilo. Era realmente muita responsabilidade..

..

Renjun saiu da sala a passos pesados, odiava com todas as forças jogadores de basquete, eles realmente acham que são o centro do mundo? Quem aquele garoto era para falar consigo daquela forma tão desleixada? Não suportava a ideia de ter que dividir o mesmo ambiente com aquele tipo de gente, e odiava mais ainda o fato de que vai ter que dividir a quadra com aquele tipo de gente.

Afim de esfriar a cabeça o Chinês foi em direção a enfermaria, usaria a desculpa de que precisava fazer um novo curativo, por mais que sua mão já estivesse quase completamente cicatrizada. Dessa vez esqueceu de bater na porta antes de entrar, assim que adentrou o local viu a Yoo de costa para a porta, e Nayeon sentada ao seu lado mexendo no celular. Pigarreou para chamar a atenção das duas, e assim que ateve direcionou um sorriso acanhado para as duas, essas que sorriam abertamente para si.

— Sabe que não precisa ficar fingindo que isso ainda incômoda apenas para fugir da sala. — Jeong-yeon disse depois de terminar o curativo na mão do Chinês.

— Não, eu não-

— Relaxa Renjun-ah, sabemos que tem uns alunos aqui que são bem chatos. — Nayeon falou tirando rapidamente a sua atenção do seu celular apenas para fitar o mais novo, sorrindo de forma cúmplice para o garoto.

— Põe chato nisso. — Respondeu dando-se por vencido, revirando os olhos ao lembrar do quando alguns dos alunos ali eram sem noção. — Eles parecem que desconhecem a palavra limite.

E assim ficaram, falando mal dos alunos, dos professores e da escola, até dar a hora do intervalo, que foi quando o Huang finalmente decidiu voltar para a sala, ainda se sentindo bastante cansado pela noite mal dormida, pela tensão dos treinos, e agora pela preocupação com o filho, esse que acordou um pouco mais quente que o normal, mas nada aparentemente grave. Ele só queria passar o dia todo abraçado com o seu pequeno, assistindo filmes e dormindo. Queria ir para casa.