Thrill Me

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A paisagem ao redor deles era desoladora até onde a vista alcançava. Bem...exceto por algumas árvores ou trechos de grama espalhados irregularmente pelo chão duro e rachado. Não deveria ser mais que meio-dia, mas o calor do sol já provocava gotas de suor nas têmporas de Hongjoong.

Seonghwa tentou iniciar conversa algumas vezes, mas o ignorou. Não queria ser lembrado como o delegado que teve Park Seonghwa em suas mãos apenas para permitir sua fuga, então sabia que precisava manter distância para não ser manipulado.

Percebeu que a manipulação era a única maneira de Seonghwa escapar. Sabia que era relativamente mais baixo, mas também sabia que era fisicamente mais forte e provavelmente mais rápido que Seonghwa caso a situação se transformasse em uma perseguição. O que ele não permitiria.

–  Está quente –  Disse. Foi mais uma observação do que uma queixa, já que ele parecia lidar muito melhor com o calor do que Hongjoong. Na verdade, seus passos até pareciam mais leves.

– Isso te surpreende? – Perguntou sarcasticamente. Era verão no Ocidente; era de se esperar que estivesse quente.

– Não. Estou acostumado – Ele se virou para olhá-lo enquanto caminhava. Hongjoong preferia que não o fizesse. Sabia que Seonghwa era atraente desde o início, mas foi só quando saíram ao sol que percebeu o quão belo o criminoso era. – Já percorri esse caminho antes. Foi assim que cheguei aqui. Sou bastante famoso, você sabe. Pensei que talvez as pessoas de uma cidade tão pequena não me reconhecessem, mas pelo visto estava enganado – Riu. – Baixei minha guarda e tudo mais.

– Olha para frente – Ordenou e Seonghwa obedeceu. Continuaram caminhando em silêncio por um longo tempo, Seonghwa à frente, ligado a Hongjoong por cerca de um metro e meio de corda.

A risada despreocupada do homem ecoava incessantemente em sua mente.

– Você realmente não se importa? – Finalmente deixou escapar. – O fato de termos te capturado?

– O que quer dizer?

– Se você não for executado certamente será preso pelo resto da vida. Isso não te incomoda?

Seonghwa diminuiu o ritmo de seus passos e Hongjoong fez o mesmo.

– Bem, não estou exatamente ansioso por isso, claro, mas vocês me pegaram de forma justa. E de qualquer forma qual é o sentido de se preocupar com o inevitável?

Hongjoong não tinha resposta para aquilo.

Assim que anoiteceu, encontrou o que julgou ser a árvore perfeita para amarrar Seonghwa naquela noite.

– Esse é um nó de especialista – Comentou enquanto o observava trabalhar. – Eles te ensinam isso na escola?

– Sim – Respondeu secamente. Ele puxou a corda. Não se mexeu. Entre isso e as algemas, estava confiante de que uma fuga era impossível.

– Eu não saberia. Meus pais nunca me mandaram para a escola. Mas sei ler e escrever. Eles me ensinaram isso. Principalmente minha mãe...meu pai parou de se importar depois que ela morreu. Voltava para casa quase todas as noites, bebia até desmaiar. Foi por isso que pensei que seria melhor fugir – Seonghwa terminou sua história desconexa com um sorriso melancólico. – E estou fugindo desde então.

Hongjoong não respondeu. Se perguntou o quanto daquilo, se é que havia algo de verdadeiro, era sincero, e sabia que seria melhor não alimentar suas narrativas. Sentou, agradecendo pelo descanso, e comeu algumas comidas que Mingi havia preparado para ele. Seonghwa o observou, podia sentir seus olhos embora ele não pedisse nada para si mesmo.

O céu escureceu completamente, mergulhando o ambiente em uma escuridão profunda, e a temperatura caiu um pouco, embora não fosse comum ficar muito frio naquela região nesta época do ano. Hongjoong sabia que deveria tentar dormir. Precisava estar alerta e vigilante no dia seguinte, mas conciliar o sono era difícil. O fino cobertor não oferecia conforto sobre o solo duro e, toda vez que conseguia pegar no sono, acordava em pânico segundos depois para verificar se Seonghwa ainda estava presente. E, invariavelmente, lá estava ele.

Não conseguia entender como ele conseguia dormir naquela posição, sentado ereto com as costas apoiadas na árvore. Sua respiração era ritmada e tranquila, uma melodia suave na noite silenciosa. O som era reconfortante; Hongjoong se concentrou nela, deixando-o guiar sua mente para longe das preocupações. Contra todas as probabilidades, foi isso que finalmente o levou a adormecer de verdade.

Hongjoong despertou com uma sensação de formigamento em seu rosto. Ainda meio envolto pelo torpor do sono, não identificou imediatamente a causa até começar a se mover. Num instante de pânico, gritou e ergueu-se, sacudindo a aranha do rosto com tanta força que acabou arranhando a bochecha no processo.

O riso de Seonghwa ecoou, fazendo Hongjoong dar um pulo. Por um momento quase esquecera onde estava e com quem estava.

– Não era venenosa – Disse, sua voz carregada de diversão o que só o irritou ainda mais.

Talvez houvesse um toque de constrangimento também.

– Como eu iria saber? – Resmungou. Para se distrair, começou a dobrar o cobertor antes de pegar o cantil de água e tomar um longo gole.

– Deputado Kim – Sua voz soava mais rouca do que Hongjoong lembrava, ainda mais do que há um momento. – Odeio ter que pedir mas...poderia me dar um pouco de água?

Hongjoong balançou o conteúdo do cantil. Não tinha sido muito cuidadoso ao racionar e agora estava quase vazio, mas recordou do mapa que Mingi lhe mostrou que em breve cruzariam um rio. Se ajoelhou ao lado de Seonghwa, que teve que segurar o cantil com as duas mãos amarradas para levá-lo aos lábios. Bebeu avidamente até que o líquido se esgotou.

– Obrigado – Agradeceu, recuperando o fôlego.

Hongjoong observou uma gota de água escorrendo do canto da boca de Seonghwa até o queixo e resistiu ao impulso súbito de limpá-la.

pretty little killer ♡ seongjoongOnde histórias criam vida. Descubra agora