Há 10 anos atrás...
Era um dia importante tão esperando por Sabina, e a sua felicidade podia ser vista de longe. O olhos brilhando, e o sorriso faltando alguns dentes, era contagiante, doce, e inocente. A garotinha do cabelo castanho escuro, e os olhos cor de mel, observava cada coisinha pela janela do carro de sua mãe com muito atenção.
Mesmo que ela odiasse voltar para casa, hoje era seu aniversário e ela achava que nada no mundo poderia estragar a felicidade que ela estava sentindo naquele momento. Era raro os momentos que a pequena conseguia se sentir tão, viva. Suas bochechas coradas a deixava com um semblante mais fofo, o que deixava as pessoas que a viam pela janela encantadas.
Sabina não entendia porque sua mãe não estava feliz como ela, comemorando seu aniversário. Quando elas chegaram em casa, e adentraram a porta velha de madeira, a pequena Hidalgo sentiu um arrepio de medo percorrer todo seu corpo, assim que viu seu pai sentado no sofá da sala com uma garrafa de bebida quase vazia.
Ela pensava que era apenas um refrigerante ruim, que fazia seu pai ficar bravo depois de tomar alguns goles.
Sua mãe não falou uma palavra sequer, em momento algum desde que elas saíram de casa, e agora o silêncio parecia ter ficar mais amedrontador. Sabina observou a mais velha ir até a cozinha, e começar a preparar o jantar, enquanto ela continuava parada no mesmo lugar, perplexa. A pequena esperava que seus pais a dessem ao menos parabéns, mesmo que eles fossem rudes, ela esperava que eles fingissem que se importavam com ela pelo menos no seu aniversário. O coraçãozinho de Sabina parecia ter se despedaçado, destruído pela sensação de rejeição, e por nunca realmente se sentir amada.
Seus olhos lindos caíram para o chão, então em passos largos ela correu para o seu quarto, e fechou a porta delicadamente já que da ultima vez que bateu com um pouco mais de força, levou algumas cintadas, e passou o resto da noite com fome por causa da sua grosseria.
Sabina se sentou na cama, obrigando seu corpo a se encolher e abraçá-lo. Ela estava sozinha, como sempre esteve.
Ela se sentia burra por alguma vez pensar que algum dia seus pais realmente se importariam com elas.
Não demorou muito para que os gritos do andar de baixo fossem ouvidos por ela. Outra vez sua mãe e seu pai estavam brigando, e isso fez com que seu medo aumentasse mais. Ela era a única criança naquela casa, a única pessoa que não fazia ideia de como se defender, a única que eles faziam questão de descontavam todas as suas frustrações. Ela era pequena demais para tudo isso, e não conseguia entender porque ela era a culpada de tudo de ruim que acontecia.
Ela achava que maneira que seu pai passava a mão em seu corpo era em forma de carinho, até aquele carinho doer, até começar a machucá-la. Quando aconteceu a primeira vez, ela ficou tão assustada, com tanto medo que ele fizesse aquilo de novo.
—Fernando: Sua vadia! — Sons de tapas ecoaram por toda casa, fazendo Sabina se assustar.
Quando tudo voltou a ficar em silêncio, ela respirou fundo para não deixar que sua lágrimas caíssem, ela não podia chorar se não seu castigo seria pior.
O barulho de passos no corredor fez o coração de Sabina parar de bater por alguns segundos, ela sabia que era ele. A pequena puxou a coberta grossa até o seu pescoço, e quando a porta foi aberta seus olhos se fecharam. Seu pai entrou, ela sentiu ele perto da cama a observando, mais logo ele se afastou novamente e saiu do quarto batendo a porta, sem se importar.
Ela suspirou aliviada, e ficou na mesma posição a noite inteira com medo de que seu pai voltasse, e visse que ela havia mudado de posição. Sabina pensou em várias coisas durante toda aquela noite, ela se questionou diversas vezes por que as coisas tinham que ser assim, e do porque a culpa sempre era dela. Ela só tinha 7 anos, era apenas uma criança que sentia vontade de se amada de verdade pelos seus pais.
Nada daquilo era culpa dela, agora restava apenas Sabina descobrir sozinha. E ela conseguirá.
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In love with darkness - Sabiany
Fiksi PenggemarEla me salvou. Ela esteve lá por anos, à espreitar,observando minha vida de perto, ela me queria, e adivinha? Agora ela me tem.