Capítulo 3 - Delírios

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Freen Sarocha Point of View:

Como chegamos aqui? O que estávamos fazendo? Até onde eu a deixaria chegar? Becky Armstrong era o nome da indústria tailandesa. Eu odiava tudo o que ela representava, então por que eu me sentia tão bem tendo seus lábios em meu pescoço? Merda! Ela não era o tipo de garota que eu poderia me envolver. Seu nome gritava consequências!

"Becky?" Minha voz soava rouca, meus lábios estavam secos e a iluminação no escritório estava longe de ser suficiente. "O que estamos fazendo?"

"Não é óbvio?" Suas mãos tomando posse da minha cintura diziam que sim.

"Isso é errado."

Seus lábios contra os meus tinham gosto de paraíso, mas a chama em seus olhos castanhos era a estrada que me levaria direto ao inferno.

A claridade da lua invadia as persianas mal fechadas e a pele da mulher na minha frente brilhava em um tom prateado, era tão entorpecente que seria simplesmente impossível ignorar a maneira como sua respiração rasa fazia sua clavícula se mover. Já eu... não conseguia mexer nem mesmo um músculo, meus olhos estavam tão presos na cantora que meu corpo entendia estar na presença de alguma entidade divina. Isso era o céu? O inferno?

"Eu não ligo."

Eu também não.

Corpos na horizontal e cacos espalhados pelo chão. Minha cabeça estava em branco, tudo que conseguia raciocinar era a maneira como o corpo dela se movia contra o meu. Seus lábios eram tão quentes, seu toque tão suave. Tomei posse de sua cintura antes que pudesse impedir meus movimentos, a pele clara se transformava em rosa com o mais leve toque. De alguma forma, ela era a cor que faltava em mim.

"Eu preciso de você..." A voz que escapou de meus lábios não era a minha, era de alguém completamente desesperado implorando por misericórdia. "Por favor."

Seu beijo tinha gosto de whisky, mas eu não estava disposta a me incomodar. Nossas respirações se mesclavam, minha blusa estava em suas mãos e o barulho dos meus dedos descendo o zíper de seu vestido ecoou por todo quarto. Os barulhos que escapavam do meu corpo eram humilhantes e eu não conseguia os conter, Becky parecia não se importar nem um pouco com a forma que tinha me rendido.

Respirei fundo e deixei de lado a luta com meu consciente, eu a queria por inteiro. Eu queria me acidentar em suas curvas e assim o fiz, como um labirinto sem fim me perdi em cada detalhe de seu corpo. Se eu a tivesse apenas por uma noite, não seria errado me aproveitar... certo? Se ela quisesse beber do meu corpo, assim como eu queria provar do dela... havia algum problema em me render?

Becky encontrou o caminho entre minhas pernas, suas digitais deixaram marca em cada centímetro e sua boca parecia conhecer o jeito correto de me fazer gritar por mais. Segui seu ritmo, deixando que sua língua guiasse o caminho até o paraíso, o aperto em minhas pernas era firme e as mantinha na posição que a cantora preferia.

Tão perto, mas tão longe. Só mais alguns segundos... Minha respiração falha e eu quase consigo sentir o abismo se aproximar. Porém abri meus olhos para encontrar a fronha cinza do meu travesseiro. Meu corpo estava completamente tensionado, quente e suado. Meu quadril se impulsionava por conta própria contra os lençóis, minha boca pedia pela misericórdia de alguém que não estava ali.

Não! Porra, não!

"Merda!"

Minha voz rouca soou pela casa silenciosa e por alguns segundos cogitei a ideia de apenas virar para o lado e pedir a qualquer ser do universo que me colocasse de volta naquele sonho. Mesmo sabendo que não podia, mesmo compreendendo todas as problemáticas e mesmo com a consciência de um profissional nunca se prestaria a algo tão baixo. Mas o que infernos eu poderia fazer?

Minha hipocrisia em odiar o mundo das celebridades ainda encontrava algumas brechas para me assombrar, principalmente nas noites particularmente silenciosas. Infelizmente, aquela culpa não era o suficiente nem mesmo para aumentar a dose da minha bebida.

Cada fibra do meu corpo tinha raiva de tudo o que aquela indústria representava. Desde os paparazzis até os ensaios super sexualizados de menores. Dos contratos abusivos até as polêmicas falsas até alguém ser completamente esquecido. Absolutamente tudo que envolvia a indústria do entretenimento revirava meu estômago.

Rebecca Armstrong era a personificação de tudo o que eu desprezava. Então por que eu estava completamente viciada nela desde o instante que seus olhos encontraram os meus? Por que ela ainda estava na minha cabeça?

Eu queria poder dizer que aquele foi o único sonho que tive com a cantora, mas a realidade não era tão bonita. Todas as vezes que eu fechava meus olhos ela era a única imagem que vinha em minha mente. Cada mensagem que chegava eu torcia para ser dela. Quando tentava dormir, seus lábios eram o que me guiava até o reino dos sonhos. Meus minutos livres eram gastos em seu instagram. Nem mesmo meu estúdio era um ambiente seguro, porque eu já não sabia se o perfume impregnado naquelas paredes era real ou fruto de um delírio.

Não tinha vergonha alguma em assumir que estava maluca. Era como se a garota me dominasse, mas pior. Mil vezes pior, como se eu só tivesse conhecido uma verdadeira musa quando a fotografei pela primeira vez. Seria impossível ficar sozinha em um estúdio com ela, essa era a única certeza que eu tinha.

Cancelar não era uma opção, não a ver novamente me colocaria em estado de abstinência. Ninguém era estúpido o bastante para deixar isso ocorrer. Eu sabia todas as implicâncias negativas dos meus pensamentos, mas o desespero poderia facilmente me fazer esquecer.

Felizmente o universo parecia estar consciente do perigo iminente que estava se formando, pois a primeira mensagem que recebi na véspera do ensaio com Becky foi um pedido para adiar a data. Um dia no mundo normal não era muito, porém quando se tratava de uma celebridade aquilo poderia significar milhões. No meu mundo um dia extra significava uma chance extra de me preparar.

Ligar para um psicólogo e exigir uma sessão estava um pouco além de até onde minha coragem me permitiria ir, então conversar com alguém teria que ser o suficiente. Eu precisava tirar aquela mulher da minha cabeça.

O toque do meu celular veio em um momento perfeito e serviu como um sinal do além, mesmo que não fosse de quem eu desejava. Li as três palavras com rapidez e um sorriso dominou meu rosto, um café com minha irmã era exatamente o que eu precisava para voltar a ter paz.

[Sis, tá livre?]

[Sim, café amanhã?]


N/A:  Guys, primeiro de tudo desculpa pelo cap meio capenga e a demora, eu estou doenthe. Espero que tenham gostado e estejam gostando da fic. Não esqueçam de votar e fofocar nos coments 

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