Capitulo 6 - Daylight

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Freen Sarocha Point of View; 

Dourado. Essa era a única definição para a imagem à minha frente. O dia tinha começado assim, completamente dourado. O silêncio do parque naquele horário poderia ser assustador em qualquer outro dia, mas naquele instante ele apenas me abrigava como um velho amigo.

A maneira como a luz da manhã refletia no lago deixava o parque todo imerso em um brilho extremamente específico e mágico. Estar ali era como entrar em um conto de fadas e o sorriso em meu rosto deixava a tarefa de voltar ao mundo real ainda mais difícil. Sendo sincera comigo mesma, talvez fosse a primeira vez que eu me sentia genuinamente feliz.

"Onde parou o carro?"

Mudo a direção do meu olhar assim que ouço a voz preocupada da minha irmã, Sam me conhecia melhor que ninguém e sua verdadeira pergunta não era tão difícil de entender.

Você andou até aqui?

Sim. Essa era a resposta correta, mas também era a que ela temia ouvir. O parque ficava a algumas horas da minha casa, estava cedo demais e eu não tinha atendido nenhuma de suas ligações. Responder a verdade geraria uma enxurrada de perguntas que eu não estava pronta para responder, então menti.

"Peguei um táxi." Fui direta, tentando não gerar nenhuma suspeita desnecessária. Caminhar era como a minha droga, não havia dúvidas quanto a isso. Nunca me adaptei ao gosto do cigarro e vinha de uma família complexa demais para tentar algo mais pesado, minha forma de fugir era correr. Literalmente.

"Nós podemos voltar no meu." Ela se aproximou após alguns segundos de silêncio, não parecia tão convencida sobre o que eu disse, mas me respeitava o suficiente para não insistir.

A mais nova se posicionou ao meu lado, se apoiando na ponte para tentar compreender o que chamava tanto a minha atenção.

"Duas vezes na mesma semana, o que aconteceu?" Depois de aceitar me encontrar com ela, havia esquecido o celular em algum lugar no fundo da minha bolsa. Não queria que nada de trabalho me atrapalhasse com a cantora e apenas não me importei de checar nada antes de dormir.

"Preciso de um favor..." Sam sorriu, sem coragem suficiente para me olhar nos olhos. "Que você não vai gostar."

"O que?" Quando ela falava daquele jeito, geralmente era importante. Talvez algo com sua faculdade. Ou pior, algo sobre meus pais ou minha avó. Pelo silêncio que se estendeu, eu colocava minhas fichas na última opção. "Tua lek?"

"Eu quero sua casa emprestada." As palavras foram ditas em um único fôlego, como se apenas cogitar minha ajuda tivesse exigido toda energia da mais nova.

"Aconteceu alguma coisa no..."

"Não!" Me cortou no mesmo instante. "Eu não quero me mudar, não penso em sair de casa."

Meu silêncio foi um pedido para ela começar a fazer um pouco de sentido.

"É para o fim de semana." Novamente os olhos castanhos da minha irmã fugiram dos meus. "Uma amiga está na cidade. Não quero a receber no palácio."

Haviam ao menos mil soluções para aquele problema e nenhuma delas envolvia minha participação. A mais nova era um pequeno gênio quando se tratava de problemas, duvidava que ela não tivesse diversas alternativas melhores do que ficar na minha casa. Era estranho que Sam tivesse escolhido me envolver. 

"Tem o condo, vocês podem usar. São dois quartos e fica no centro, vai ser melhor se quiserem sair." Sugeri ainda sem entender muito bem o que ela queria com aquilo, mas supus que fosse um pouco de privacidade.

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