Capítulo 5 - Musa

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Freen Sarocha Point of View: 

"Freen..." Sua voz soava um pouco alta demais, talvez uma consequência de nossa proximidade.

"Sim...?" Minha postura balança e meus olhos buscam os seus, tão castanhos que me fazem esquecer o que eu tentava dizer.

"Por que continua tentando me afastar?" Sua respiração se mescla com a minha e eu me torno incapaz de construir qualquer argumento. "Me deixe ficar."

Eu não podia. Ela sabia que não. Mas seu corpo estava perto demais e seu perfume era intoxicante, como ela conseguia ter todo esse efeito em mim? Precisava de espaço. Precisava colocar meus pensamentos em ordem. Infelizmente, me afastar não era uma ordem que meu corpo obedecia.

"Não sei, talvez você..." Dou um passo para trás, mas tudo que consigo é um novo hematoma em minhas costas. "Talvez eu tenha medo do que pode acontecer."

Estava entre ela e minha mesa, não havia para onde fugir e eu nunca tinha me sentido tão covarde quanto agora. Suas mãos fizeram questão de me deixar ainda mais indefesa, se posicionando a cada lado do meu corpo. Quando tinha ficado tão difícil respirar?

"Isso é uma brincadeira, certo?" Molho meus lábios, sem saber como não me deixar levar pela maneira como ela me olhava.

"C-certo." Tentei me afastar novamente e falhei pela segunda vez.

"Fugir não vale a pena." Seus olhos percorriam meu corpo e sua boca estava a poucos centímetros da minha.

Seus lábios tinham gosto de perigo e me faziam ceder sem sequer lutar, não havia escapatória e eu nem sabia se queria mesmo fugir. Impulsionei o corpo para cima e puxei a cantora para que ela ficasse entre minhas pernas, deixei o desejo guiar meus movimentos sem me arrepender nem mesmo por um instante.

Porém um único movimento é o bastante para que toda fantasia seja quebrada. A sensação da sua pele contra a minha era real demais e quando a cantora se moveu apenas o suficiente e derrubou uma das minhas lentes, também pareceu real. O barulho do vidro se quebrando assim que atingiu o chão foi o que fez meus olhos se abrirem.

O teto branco me encarava de volta, como se soubesse exatamente a culpa que eu carregava. Meu coração ainda batia fora de ritmo, minha respiração estava rasa e meu corpo implorava por algum alívio. Eram quatro da manhã e não havia nada capaz de me fazer voltar a dormir.

Eu não podia ferrar minha carreira. Essa era a minha chance em um milhão, depois de anos lutando seria estúpido só assistir enquanto tudo escapava entre meus dedos. Todas as revistas, os contratos e prêmios não chegavam perto do alcance que ela tinha.

Sempre odiei tudo o que a cantora representava, mas cada vez mais me via questionando o que sentia. Rebecca Armstrong era uma força da natureza, era impossível a esquecer. Um único olhar era o suficiente para se tornar uma vítima de seus encantos.

Aquela era a primeira vez que não me sentia em casa ao encarar as paredes espelhadas da Diversity Studios, era apenas um dia de trabalho onde eu preferia não ter deixado minha cama. Ou a banheira de gelo que me fez companhia até parte dos meus pensamentos terem deixado minha mente. Obviamente seria fácil criar uma desculpa e ficar na minha cama enquanto outro fotógrafo cuidava do ensaio. Minhas olheiras e o estresse seriam o prato cheio para fingir uma doença, mas até onde eu conseguiria fugir? Eu já estava viciada em sua presença.

O problema não tão pequeno assim, é que tudo estava sendo exatamente como os diversos sonhos que me assombram. Cada passo que eu dava, cada frase que escutava, os cenários... tudo. Por mais que eu tentasse modificar as coisas, as mesmas imagens continuavam me roubando a concentração.

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