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Oda suspirou, já sentindo falta da presença de seu amigo de cabelos cor de azeviche, óculos redondos e comportamento estóico. Não, o homem não havia morrido, mas ele havia sido transferido para acompanhar outra pessoa, uma vez que o ruivo havia se formado, há pouco tempo atrás, em psicologia e, portanto, não precisava mais de supervisão.

O curso que escolheu fazer era intrigante e ele se descobriu se apaixonando cada vez mais pela área a cada matéria que estudava. Com exceção de estatística - sério, quem foi o sociopata que colocou matemática na psicologia? Isso certamente deveria ser um crime -, mas, no geral, ele se sentia cada vez mais certo de que aquela era sua profissão. Porém, ele ainda se sentia da mesma forma quando o assunto era a escrita, então ele não abriu mão dela: começou a escrever o terceiro volume daquele livro cujo final seria horrível originalmente, mas ainda estava no início.

Infelizmente, ele ainda não tinha uma casa com vista para o mar para acompanhar seus sonhos, mas isso era o de menos, honestamente.

Ele também havia, em algum momento dos últimos três anos, adotado cinco órfãos que encontrou nas ruas: seus pais haviam morrido de variadas formas, desde tendo sido pegos no fogo cruzado de brigas de gangue até acidentes fatais. De alguma forma, seu salário era o suficiente para sustentá-los e ele tinha alguns amigos com disponibilidade para ajudar a observá-los, então ele diria que estava contente.

Oda foi repentinamente arrebatado para fora de seus pensamentos quando ouviu o barulho incessante do telefone ecoar pela sala. Ele prontamente atendeu e proferiu a frase de sempre.

— Olá. Você está me ouvindo? – Foi o que foi dito do outro lado da linha. O ruivo não pôde deixar de sentir uma certa familiaridade com a frase, mas não reconheceu a voz, então deixou passar. Parecia um garoto na adolescência.

— Oi. Como você está? Precisa de ajuda? – Oda respondeu com facilidade praticada, quase que roboticamente. Um barulho pôde ser ouvido da pessoa com quem conversava. Por um momento, ele pensou ser de choque, mas rapidamente percebeu que era mais vitorioso do que qualquer coisa.

— Você lembra de mim? – A pessoa falou com um tom quase que monótono, mas uma pitada de animação ainda podia ser ouvida. O homem tentou puxar, das profundezas de sua mente, pessoas com a voz parecida com essa, mas não conseguiu identificar.

Antes que ele pudesse dizer que não se lembrava, o indivíduo com quem conversava soltou uma pequena risada. — Eu te liguei outras duas vezes, na primeira eu estava na beira da ponte e na segunda nós conversamos sobre escola. – É o que foi dito e Oda se lembrou imediatamente da criança que havia ligado não uma, mas duas vezes para a linha de prevenção ao suicídio.

Ele admitiria, a criança nunca havia saído de sua mente de verdade, pensamentos que perguntavam se ela estava bem voltavam de vez em quando, mas ele não focava nisso - afinal, três anos haviam se passado. O ruivo se permitiu um sorriso aliviado, vendo que o garoto estava bem. Mas ainda ligando para aquele número...

— Eu acho que deveríamos trocar nomes. Uma vez é acaso, duas vezes é coincidência, três é padrão. – O garoto disse suavemente, tirando-o de seus pensamentos. — Meu nome é Dazai Osamu.

— Eu sou Sakunosuke Oda. Você não 'tá com medo de que eu vá te procurar? – Oda perguntou calmamente, não tendo visto mal em dizer seu nome para a criança. — Seu quadro anterior é bem preocupante, tenho certeza que você sabe.

Uma risada deixou os lábios do garoto - Dazai. — Eu sei. Mas eu não deixaria você me encontrar de qualquer forma, então não 'tô tão preocupado assim. – O menino suspirou. — E eu posso te chamar de Odasaku? Seu sobrenome é tão complicado de se pronunciar! – Dazai choramingou.

você está me ouvindo? ; bsd ficOnde histórias criam vida. Descubra agora