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Tw!
Pensamentos suicidas
Abuso infantil (implícito)

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Dazai sentiu o vento ricochetear em seu rosto, balançando seus cachos castanhos e seu casaco. Ele olhou para baixo, a água quase que cristalina o cumprimentando de volta. As buzinas dos carros viraram um ruído de fundo enquanto ele suspirava profundamente. Ele já esteve naquela exata posição várias vezes antes.

Afinal, era um cenário perfeito para cometer suicídio, ele supõe.

O moreno pensou em sua vida até o momento, os cantos dos lábios se erguendo levemente. Apesar de sua infância conturbada, ele chegou em um bom lugar. Atualmente, estava trabalhando na Agência dos Detetives Armados, uma agência que contava com alguns detetives particulares para casos mais violentos, como aqueles que envolviam gangues e a máfia - um assunto delicado para ele, mas cujo qual ele possuía grande conhecimento, embora o tenha à contragosto -. Ele havia feito o curso de Investigação Profissional dos dezoito aos vinte anos e, desde aquele momento, trabalhava na agência como um detetive.

Talvez sua posição em seu trabalho fosse fruto de um pequeno nepotismo. Afinal, sua irmã-postiça, Akiko, trabalhava lá e lhe ofereceu um cargo. Porém, não foi por mal: aos dezoito anos, Dazai não conseguiu sair da casa de Mori imediatamente como sua irmã conseguiu, muito pelo contrário, parecia que o homem insistia ainda mais em mantê-lo por perto. Vendo sua luta, Akiko o chamou para que pudesse morar com ela nos dormitórios da Agência por um tempo até que ele pudesse se consolidar em algum local e o moreno prontamente aceitou o convite. Mesmo assim, ele ainda fez o teste de admissão como qualquer outro membro.

Ele demorou um pouco para se acostumar com seus colegas - e ele não mentiria, sentia falta de Chuuya, pois, apesar de não ter cortado o contato com ele totalmente, eles ainda se falavam pouco nos dias de hoje -, mas, mesmo assim, ele fez o seu melhor para ser amigável com aqueles que ele passaria a ver todos os dias.

Dazai se lembra, com carinho, da primeira vez que jogou xadrez com Ranpo. O homem mais velho era muito inteligente, rivalizando com ele mesmo e, Dazai ousaria dizer, com Mori. Havia sido uma partida intensa, que demorou muito mais tempo do que o normal e o moreno diria que era muito mais divertido que o normal. Se ele ficou um pouco aquecido por dentro quando Ranpo o elogiou, bem, apenas ele mesmo saberia.

Logo em seguida, Dazai se lembra de Kunikida. O ex-professor de matemática era rígido e sistemático, sempre querendo seguir seus ideais e não sair fora da curva, e era exatamente isso o que o tornava único e interessante aos olhos do moreno. Ainda era um pouco irritante quando Kunikida o fazia comer, mas ele supõe que era justo, uma vez que o próprio Dazai o irritava até a morte com suas brincadeiras e piadas - parece que o homem loiro era o único que ainda não era imune às suas travessuras e isso nunca deixava de o divertir.

Também havia Junichirou, que havia entrado não muito depois dele mesmo ter entrado na agência. Embora não seja muito próximo dele, Dazai muitas vezes se pegava conversando com ele sobre gatos. As interações, embora curtas, eram boas.

Ele não podia deixar de se lembrar das crianças. Haviam duas delas: Kenji e Kyoka. Entraram apenas recentemente e trabalhavam apenas dentro da agência, uma vez que, por serem menores de idade, não tinham permissão legal para participar de casos que exigessem mais esforço físico. Dazai também quase não os via, já que eles permaneciam na agência apenas cerca de quatro horas por dia. O moreno não conversava muito com Kenji, mas simpatizava imensamente com Kyoka, já que a garota também veio de um lar que possuía ligações com a máfia e não demorou muito para descobrir que ela fazia alguns trabalhos sujos que mandavam, assim como ele próprio.

Fukuzawa também era alguém que tinha o respeito de Dazai e que até, de vez em quando, agia como um pai para todos eles e era, inegavelmente, o mais próximo de figura masculina positiva que ele teve em sua vida. O moreno também não deixava de achar engraçado o seu costume de acolher cães vadios, afinal de contas, ele mesmo era um. Mas ele só tinha a agradecer o homem.

você está me ouvindo? ; bsd ficOnde histórias criam vida. Descubra agora